O café escolhido por Rodrigo era acolhedor, com luzes amareladas e o aroma de café recém-passado pairando no ar. Fernanda chegou alguns minutos atrasada, e ele já estava à mesa, com uma xícara em mãos. Quando ela entrou, os olhos dele se acenderam, como se ela fosse a única pessoa no lugar.
"Espero que não tenha se entediado enquanto esperava," disse ela, sentando-se à frente dele.
"Na verdade, eu estava tentando imaginar o que você pediria. Deixe-me adivinhar... cappuccino?"
Ela riu, surpresa. "Como você sabe?"
"Intuição," respondeu ele, com um sorriso que parecia desarmar qualquer barreira.
A conversa começou leve, mas rapidamente se aprofundou. Rodrigo queria saber tudo sobre Fernanda, desde como começou a pintar até o que a trouxera para Nova York. Ela, por outro lado, queria entender como alguém tão jovem havia construído um império no setor de tecnologia.
Entre sorrisos e olhares que duravam mais do que o esperado, Fernanda mencionou sua família. Ela contou que cresceu sem um pai presente, com apenas algumas memórias vagas de um homem que nunca soube realmente quem era.
"Minha mãe nunca falou muito dele," confessou. "Só sei que ele era um empresário, alguém que não tinha tempo para nós."
Rodrigo pareceu intrigado. "Qual era o nome dele?"
Fernanda hesitou, sentindo-se um pouco vulnerável. "Carlos Antunes."
O rosto de Rodrigo congelou por um breve momento. Ele rapidamente retomou a compostura, mas algo em seu olhar mudou. O nome ecoou em sua mente como uma lembrança distante, mas impossível de ignorar.
"Carlos Antunes?" ele repetiu, como se precisasse confirmar.
"Sim. Por quê?" Fernanda perguntou, franzindo o cenho.
"Eu... conheço esse nome," disse Rodrigo, cuidadosamente escolhendo as palavras. "Meu pai também se chama Carlos Antunes."
O mundo de ambos pareceu parar naquele instante. Fernanda sentiu o coração apertar, enquanto Rodrigo tentava processar o que aquilo significava. Poderia ser coincidência? Ou o destino havia traçado um caminho cruel demais para os dois?
A tensão na mesa era palpável. Rodrigo quebrou o silêncio, a voz mais baixa agora. "Precisamos falar sobre isso, Fernanda. Porque, se o que estamos pensando for verdade... isso muda tudo."