Futuro – Ecos de um Passado Perdido
O vento soprava com uma melancolia silenciosa enquanto Matsuno e Magoko observavam o que restava do Planeta Natal. A paisagem era um campo de destruição, com pedaços de edifícios flutuando no espaço vazio e o brilho distante de estrelas agonizantes iluminando o horizonte.
Atrás deles, naves humanas estavam estacionadas, tripulações carregando feridos e começando reparos nas estruturas. Aqueles que antes eram inimigos agora trabalhavam lado a lado, mas o peso da batalha ainda pairava no ar.
Matsuno cruzou os braços, encarando a vastidão com um olhar distante. "E aí, Magoko... você acha que valeu a pena? Tudo isso?"
Ela demorou a responder. Olhou para as naves, para os humanos ajudando os Radiantes sobreviventes, e depois para o irmão. "Se a gente não tivesse feito nada, a história teria sido pior, né?"
"Talvez..." Matsuno desviou o olhar. "Só que às vezes eu acho que a gente trocou um inferno por outro."
"É... Mas pelo menos agora a gente escolheu o lado certo," respondeu Magoko com um meio sorriso.
Matsuno suspirou, e ambos ficaram em silêncio, imersos em pensamentos.
Presente – O Peso de Decisões
A biblioteca do Planeta Natal era uma estrutura imponente, com colunas brilhantes que pareciam feitas de cristal vivo. No entanto, aquele ambiente grandioso não impressionava Matsuno. Ele estava sentado em um canto isolado, cercado por pilhas de livros antigos e hologramas flutuantes, imerso em um estudo que poucos Radiantes sequer se davam ao trabalho de considerar: a Terra.
"Olha só você, todo nerd agora," zombou Magoko, aparecendo atrás dele e espiando os livros.
"Ah, cala a boca," respondeu Matsuno, sem levantar os olhos. "Você devia ler isso aqui. Parece que o lugar é bem mais interessante do que esse buraco onde a gente vive."
"Mais interessante? Tipo, como?"
"Tipo... eles têm céu azul, oceanos infinitos, florestas. E não tem ninguém obrigando a gente a lutar até a morte por um sistema podre."
Magoko se sentou ao lado dele, pegando um dos livros holográficos. "Tá, parece bonito e tal... Mas o que adianta? Você sabe que a gente nunca vai sair daqui. Eles não deixam ninguém escapar."
Matsuno fechou o livro com força, seus olhos queimando de determinação. "Então a gente não pede permissão. A gente faz do nosso jeito."
Antes que Magoko pudesse responder, o som de passos ecoou na biblioteca. Ambos olharam para trás e viram uma figura imponente entrando. A Diamante Branca, a líder cruel do Planeta Natal, caminhava com sua presença intimidadora.
"Vocês dois," ela ordenou, a voz gelada. "Nova missão. Sem desculpas."
Matsuno e Magoko trocaram olhares. Mesmo sendo os mais fortes de sua geração, ambos sabiam que eram tratados como ferramentas descartáveis por ela.
"Claro," respondeu Matsuno, o sarcasmo pingando de sua voz.
A Diamante Branca não reagiu. "Vocês partem amanhã. Melhor estarem vivos quando voltarem."
Assim que ela saiu, Magoko se virou para Matsuno. "E então, Sr. Líder? Qual é o plano agora?"
Ele sorriu de lado, um brilho rebelde nos olhos. "A gente vai embora. Amanhã à noite. Pra Terra."
Time Skip – A Nova Realidade
Dias depois, Matsuno e Magoko estavam na Terra. A queda da nave fora mais violenta do que esperavam, deixando-os feridos e sem suprimentos. Eles se esconderam em um prédio abandonado, sobrevivendo com os poucos restos que conseguiam encontrar.
"Isso aqui tá uma droga," reclamou Matsuno, chutando uma lata vazia para longe.
"Achei que você gostava da Terra," provocou Magoko, enquanto remexia uma pilha de entulho.
"Gostar é uma coisa. Passar fome é outra."
Magoko se levantou, esticando os braços. "Tá, e se a gente pedisse ajuda? Vai que os humanos são legais."
Matsuno bufou. "Tá de sacanagem, né? Ninguém ajuda ninguém de graça."
"Eu aposto que ajudam!"
"Beleza. E eu aposto que não." Ele cruzou os braços. "Se eu ganhar, você lava toda a louça assim que a gente tiver uma pia."
Magoko sorriu. "E se eu ganhar, você vai me chamar de 'Rainha da Terra' até o fim da semana."
Pedindo Ajuda
A aposta começou mal. Porta após porta, as respostas foram negativas. Às vezes, os moradores sequer abriam a porta; outras, mandavam os dois embora com gritos e insultos.
"Viu só?" Matsuno comentou, já cansado. "Eu avisei."
"Você é muito pessimista," respondeu Magoko, com o pouco de esperança que lhe restava.
Foi então que um homem apareceu. Ele estava saindo de um mercado, carregando sacolas de compras, e parou ao notar os dois.
"Vocês estão bem?" perguntou ele, a preocupação evidente na voz.
"Tá vendo? Falei que alguém ia ajudar!" sussurrou Magoko para Matsuno, antes de se virar para o homem com um sorriso. "A gente tá... meio perdido. E com muita fome."
O homem olhou para as sacolas, depois para os dois. "Venham comigo. Tem comida e um lugar pra vocês ficarem. Meu nome é Otávio, e o de vocês?"
Magoko respondeu rapidamente. "Eu sou Magoko, e esse é meu irmão Matsuno."
Otávio sorriu, genuíno. "Prazer em conhecer vocês. Vamos para casa. Acho que vocês vão gostar de lá."
Enquanto seguiam Otávio pelas ruas, Matsuno murmurou para Magoko: "Tá, beleza. Você ganhou. Rainha da Terra."
Ela deu uma risadinha. Pela primeira vez em dias, ambos sentiram algo próximo da esperança.