Capítulo 17
O campo de batalha estava em caos. Gritos ecoavam por toda parte, o som do choque de espadas contra escudos e feitiços rasgando o ar criava uma sinfonia de destruição. O chão estava coberto de corpos e sangue, e os guerreiros da vila, apesar de sua bravura, estavam exaustos.
Ycaro estava em silêncio, de pé na muralha, observando tudo com olhos afiados. Seus discípulos e Eros aguardavam logo atrás, prontos para agir, mas ele levantou a mão, ordenando calma.
"Todos os guerreiros, recuem para a muralha agora!" Sua voz era clara, cortante como uma lâmina. Alguns guerreiros hesitaram, confusos com a ordem, mas sua autoridade era incontestável. Eles começaram a recuar, protegendo uns aos outros enquanto retornavam para dentro das muralhas.
Cael, ofegante e ainda segurando sua lança, aproximou-se, sua voz carregada de indignação:
"Por que você está ordenando um recuo? Isso é loucura! Estamos perdendo terreno!"
Thrin, nervoso, completou:
"Mestre, eles vão aproveitar para nos cercar!"
Ycaro virou-se lentamente, sua expressão impassível, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade assustadora. Ele respondeu com calma:
"Vocês não entendem. Um exército cansado é inútil. Eles já cumpriram seu papel. Agora, chegou a hora de nós resolvermos isso. Vocês ainda têm energia, têm mana e têm o que é mais importante: um propósito. Está na hora de mostrar do que vocês são feitos."
Eros riu, cruzando os braços enquanto observava Ycaro com admiração:
"Você realmente não sabe o significado de recuar, não é? Isso vai ser interessante."
Hika apertou o punho, tentando conter a tensão.
"Se ele está confiante, é porque tem um plano. Só espero que a gente sobreviva a isso."
Ycaro deu um passo à frente, encarando seus discípulos.
"Vocês são meus alunos. Vocês treinaram para isso. Agora, sigam-me e aprendam o que significa lutar de verdade."
Sem esperar resposta, ele pulou da muralha, aterrissando com graça no meio do campo de batalha. Seus discípulos o seguiram logo depois, com Eros caminhando atrás deles, um sorriso satisfeito no rosto.
Cael foi o primeiro a agir, erguendo sua lança. Ele gritou com ferocidade:
"Se vamos abrir caminho, então eu começo!"
Com um movimento rápido, ele lançou um ataque devastador, criando uma explosão de mana que rasgou o exército inimigo ao meio, formando um corredor entre as fileiras.
Thrin estendeu as mãos, seus olhos brilhando com uma aura roxa. Ele sussurrou uma invocação, e uma onda de energia sombria se espalhou pelo campo, atingindo os inimigos mais próximos. Muitos começaram a gritar, arrancando os próprios cabelos, completamente consumidos pela loucura.
"Que os fracos caiam em desespero. Que suas mentes se quebrem sob o peso do caos," murmurou Thrin, enquanto observava os inimigos se destruírem.
Hika estendeu suas mãos para o céu, recitando um feitiço em voz alta:
"Espíritos da luz e do vento, fortaleçam nossos corpos e afiemos nossas lâminas. Concedam-nos poder além do limite humano!"
Uma aura dourada envolveu Ycaro, Eros e os discípulos, aumentando sua velocidade e força.
Ycaro avançou sem hesitar, sua espada movendo-se como uma extensão de seu corpo. Ele parecia dançar no campo de batalha, cada golpe derrubando dezenas de inimigos. Ele girava, saltava e cortava com precisão letal, sua presença esmagadora abalando até os mais corajosos.
"Vocês chamam isso de exército? Não passam de carneiros caminhando para o abate!" Ele gritou, sua voz cheia de desprezo.
O estrategista inimigo observava de longe, seus olhos arregalados enquanto seu plano cuidadosamente montado desmoronava diante do poder bruto de Ycaro e seus discípulos. Ele rangeu os dentes, segurando um anel em sua mão.
"Isso é impossível... esses monstros não deveriam estar aqui."
Ele chamou seus magos de elite, incluindo o lendário Lancelotti, mas sabia que era tarde demais. Ele ativou o anel em sua mão, criando um portal mágico atrás de si.
"Recuem agora! Vamos informar os reinos sobre esse desastre," gritou o estrategista para seus aliados enquanto atravessava o portal.
Ycaro percebeu o movimento, mas não fez nada para impedir. Ele limpou o sangue da espada e murmurou para si mesmo:
"Que corram como ratos. Isso não os salvará do que está por vir."
Quando o portal se fechou, o campo de batalha estava em silêncio. O chão estava coberto de corpos, e os poucos inimigos restantes foram rapidamente derrotados. Os guerreiros da vila soltaram gritos de vitória das muralhas, enquanto Ycaro e seus discípulos permaneciam no campo, triunfantes.
Longe dali, na sala secreta onde os reinos se reuniam, o estrategista se ajoelhou diante de uma mesa cheia de figuras encapuzadas. Ele relatou tudo, sua voz tremendo de raiva e medo.
"O nome dele é Ycaro, e ele é um demônio em forma de homem. Nós subestimamos aquele lugar. Esta guerra não acabou... ela apenas começou."
As figuras encapuzadas trocaram olhares, e uma voz grave respondeu:
"Então prepare-se, Darius Malakar. Pois se esta é apenas a primeira batalha, a guerra será inevitável."