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A Saga de bary

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A vila3 hours ago
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Chapter 1 - A vila

Saga de Bary

Conto: 1

A vila

Ventava frio e a poeira que se levantava dos cascos dos cavalos me faziam engasgar, arranhando a garganta tentava manter o ritmo atrás do senho Roone. Já estávamos a quase duas horas de distância da vila e o sol estava se pondo, quando de longe, avistamos o estandarte azul com uma corneta dourada no centro. Eu já tinha ouvido falar daquela companhia, mas não esperava ter que encontrá-los. O guarda mestre Roone soltou um suspiro de alívio e gritou:

— Bary, vamos nos apressar!

Meu cavalo já estava quase sem fôlego e pouco reagiu aos gritos e aos açoites do cabresto. Eu disse:

— Eles são a nossa única esperança. Ainda bem que ainda estão por aqui. Nós temos que ser rápidos. A defesa da vila estava critica quando conseguimos fugir para buscar ajuda.

Eu nunca pensei que um dia eu veria uma cena tão terrível. A vila de Rio de Pedras estava cercada por um exército de bandidos, que queriam saquear e destruir tudo o que encontrassem. Eles eram muitos, por mais bravos e aguerridos fossem os guardas eles não poderiam vencer a quantidade de invasores. Eles tinham fome de sangue, chegaram pondo fogo nas casas, não houve outra opção senão nos refugiarmos atrás dos muros. O senhor Roone organizou a defesa com pressa o mestre Trell o senhor Roone rapidamente buscar ajuda do exército mercenário do norte.

Roone gritou:

— A família do lorde, nosso senhor e o nosso protetor, está em perigo. Tomara que eles aceitem o nosso pedido.

Roone, apesar de ser um homem de baixa estatura, sempre foi alguém que impunha muito respeito. Vê-lo com uma expressão tão assustada me deixava mais apavorado com toda aquela situação. Eu estava preocupado com as pessoas da vila, com minha família, eles avançarão para as montanhas?

Fiquei pensando no porquê desse ataque repentino. Rio de Pedras não tinha muito que se pudesse levar e estava longe da rota dos exércitos. Não fazia sentido esse ataque.

Chegamos perto do acampamento e logo fomos abordados. Eu estava muito assustado e apreensivo, mal conseguia respirar direito. Enquanto o guarda-mestre se explicava com os batedores, eu estava perplexo com a grandiosidade do acampamento. Eu não tinha visto nada dessa dimensão e nem tanta gente reunida. Rio de Pedras é uma vila pequena ao pé da montanha Marrom, que vivia da venda de pedras e de um pouco de cobre que se conseguia extrair para os reinos dos Vales.

Rapidamente, fomos levados diante do líder Wolf. Ao entrarmos vimos o Lorde, contra a minha expectativa ele era um homem jovem. Ele tinha cabelos negros e olhos cinza, usava uma túnica lilás com adereços brancos, possuía um anel de lobo na mão esquerda, estava selando algo com um anel na mão direita, sentado na sua cadeira já podia sentir sua imponência. A sua mesa tinha vinho e estava cheia de papéis, muitos com selos. Ele olhou com um olhar de pouco interesse.

— Quem são? — perguntou com grosseria.

O seu criado respondeu:

— São aldeões de Rio de Pedra.

Roone me puxou e me pôs de joelhos e começou a falar:

— Lorde Wolf, viemos suplicar. Estamos sob cerco. Somos de uma vila próxima. A nossa defesa irá perecer e logo o nosso senhor estará em perigo. A vila de Pedra tem pago tributos ao reino do norte mas ainda temos ouro. Podemos pagar pelo seu serviço.

Lorde Wolf, com um olhar indiferente, falou:

— Como se chama mesmo, senhor? Não tenho interesse nesse contrato. Estou retornando de uma campanha em Ziran. Os meus homens estão cansados e alguns feridos.

Enquanto Lorde Wolf falava, Roone o interrompeu rispidamente.

— Como pode ser frio e cruel a nossa necessidade? Ouvi falar da fama dos Cornetas de Ouro, quão bravos e virtuosos e como serviam ao reino do norte, vocês têm obrigações com nossa vila, vocês são um bando de covardes. — disse Roone, interrompendo Lorde Wolf.

Wolf se pôs em pé e, de forma furiosa, bateu na mesa, de forma que quase a quebrou. Em pé, o homem era mais intimidador, alto, acredito que teria quase dois metros. Aos berros, gritou:

— Não deixarei passar essa afronta! — e chamou seus guardas.

Eu já estava me considerando morto, deixando de morrer no ataque dos bandidos para sermos mortos por mercenários. Eu estava tão apavorado que não reagi quando os homens de Wolf me agarraram. Já o senhor Roone tentava se desvencilhar, de forma que foram necessários quatro homens para domá-lo. Lorde Wolf cuspiu no chão e deu o sinal para nos levarem.

Achei que o destino seria ir direto para a execução, mas fomos direcionados a uma cela. Era melhor do que morrer de forma violenta. Enquanto eu estava tentando entender aquilo tudo e o senhor Roone xingava e praguejava, ouvi um guarda dizer:

— Lady Pórcia.

Ouvi a mulher passar pelo guarda. Ela tinha cabelos dourados e era incrivelmente bela, possuía uma cicatriz no queixo. Entretanto, usava uma armadura, em vez de um vestido, o que me pareceu bastante estranho. Ela, com uma cara de irritação, perguntou:

— O que está acontecendo aqui? Por que o Lord Leendrw estava gritando? Quem são esses?

— Minha senhora, o Lorde Wolf respondeu ao insulto desse senhor.

Ela se virou para o senhor Roone e perguntou:

— Quem são vocês? O que vieram fazer aqui?

Roone se apressou em explicar a situação, dessa vez com mais detalhes sobre o ataque. Ela se retirou com passos fortes, de alguém visivelmente irritado, e se direcionou em direção à barraca do lorde Wolf. Pouco tempo depois, fomos surpreendidos por uma guarda que nos encaminhou novamente para a cabana do lorde Wolf. Ao adentrarmos novamente, lady Pórcia estava em pé, de cara fechada e com braços cruzados, enquanto o lorde punha a sua armadura de placa. Ela tinha um pingente de lobo no peito e era adornada em azul e dourado. Rapidamente, ele falou:

— Senhor Roone, estou inclinado a reconsiderar o seu pedido, se o senhor se desculpar.

O senhor Roone, primeiramente, ficou com um olhar confuso, olhou de canto de olho para lady, que acenou com a cabeça, logo abaixou a cabeça e concordou. O lorde Wolf, com ar de impaciência, continuou:

— Vamos, homem, não tenho tempo a perder.

O senhor Roone se ajoelhou novamente e, com um olhar esperançoso, disse:

— Meu lorde, peço perdão pelo destempero, não são palavras a serem ditas a alguém de vossa nobreza, porém a situação é crítica. A cidade está sob cerco e não sei quanto tempo as nossas defesas vão suportar.

— Fale-me sobre o ocorrido, e seja direto em suas palavras.

— Fomos surpreendidos por um numeroso bando de bandidos que estão tentando invadir a nossa vila, estamos tentando resistir, mas nossas defesas são poucas e não vão suportar. Precisamos de socorro.

— Quem são esses bandidos? São quantos? Como estão armados? — indagou o lorde.

— Um grande bando de maltrapilhos e bastardos tem uma ou duas dúzias de cavalos. O problema é que são numerosos e a nossa guarnição era apenas de 60 homens. A nossa estimativa é de pelo menos duzentos deles.

Enquanto estendia sua mão em direção ao criado e pedia a sua espada, lorde Wolf perguntou:

— E quanto ao terreno?

— Podemos chegar pelo oeste, senhor. Os empurraremos em direção ao rio. — respondeu o senhor Roone.

Lorde Wolf deu um sorriso de satisfação e olhou para Pórcia.

— Parta para a capital ao amanhecer. Leve os homens. Chegando lá, dê-lhes uma semana de dispensa. — ordenou ele.

Lady Pórcia, com um olhar de espanto, indagou:

— Como? Eu irei também para a vila quebrar o cerco!

Lorde Wolf fechou a cara e respondeu, elevando o tom da voz.

— Sem questionamento, Pórcia! — continuou, baixando o tom. — Siga a ordem e não se meta em assuntos que não são do nosso interesse durante o retorno. Aguarde-me chegar à capital. E chame Hodge. Peça para ele preparar cinquenta cavaleiros da minha guarda, rápido. Já partiremos. — disse ele.

Lady Pórcia, muito contrariada, aceitou a ordem e saiu da barraca, mas deixou claro em seu olhar toda a sua fúria.

Lorde Wolf se virou para nós e falou:

— O preço do resgate são cinco jovens sadios e fortes. Rapaz magrelo? O que ele faz? Sabe ler?

Senho Roone gaguejando respondeu: — " ele é é é meu cavalariço serve.. na vila … ele sabe ler sim…."

O lorde interrompeu a gagueira de Roone e continuou:

— Aceito esse cavalariço como adiantamento. Peguem o que precisam e vamos partir. E você, meu jovem, me espere perto da minha montaria. — disse ele, apontando para mim.

O senhor Roone, horrorizado, tentou esboçar algo, mas rapidamente o lorde Wolf o interrompeu, falando:

— Acabamos por aqui. Vão, antes que eu mude de ideia e não haverá quem suplique por vocês.

Então saímos e eu estava confuso com o que havia ocorrido. Olhei para o senhor Roone, ele me olhou de volta com o olhar triste, e falou:

— Rapaz, você vai ter que acompanhá-lo.

Eu indaguei:

— Mas por quê, senhor? O que ele quer comigo?

— Olhe para o seu lado, rapaz. O que um comandante de exército iria querer com um jovem? — ele respondeu, apontando para os outros cavaleiros que nos acompanhavam.

Nesse momento, eu dei por mim. Um soldado! O senhor Roone continuou:

— Olhe, você terá que servi-lo por cinco anos ou até um ato de glória. Aí então você será liberado com uma indenização. Na minha época de jovem, era algum espólio que conseguíssemos. — ele disse, com nostalgia.

— E o que é um ato de glória, senhor Roone? — perguntei, curioso.

— Um ato de glória é algo que você faz em uma batalha ou em uma missão que chama a atenção do lorde Wolf e dos outros. Pode ser matar um inimigo importante, salvar um companheiro em perigo, capturar uma fortaleza, descobrir um segredo, ou qualquer outra coisa que mostre a sua coragem, a sua habilidade e a sua lealdade. — ele explicou, com orgulho.

— O senhor conseguiu um ato de glória?

— Não, meu jovem, eu servi o senhor Reeng, pai do senhor Trell de Rio de Pedras, por três anos. Por minha perícia, pude ascender até guarda-mestre. Nossa vila é pequena, não há muito espaço para glória, mas para você haverá. Siga os antigos costumes de serviço que o Pai de Todos abençoará.

Fiquei pensando sobre tudo que estava acontecendo, pensei nos meus pais, embora eu já vivesse na vila servindo ao senhor Roone e o Senhor Trell eu costumava viajar para as montanhas para vê-los no domingo, meu serviço era um trabalho, mas não era uma obrigação, porém meus pensamentos só voltavam para a urgência. Se isso é o que é preciso, eu vou fazer para salvar a vila. Cheio de coragem, dirigi-me à montaria do lorde Wolf, que foi fácil de achar, seguindo o servo que estava cuidando dos preparativos do lorde.

Lorde Wolf veio empunhando a sua espada longa de lâmina negra. Passos firmes e acenando com a mão esquerda gesticulava dando ordem aos homens. Logo o jovem se aproximou de mim, orgulhoso do seu mestre, e falou:

— Essa é a Quebra-Aço, rasga as espadas e armaduras como se fosse um tecido de algodão.

Perguntei:

— Como ela faz isso? Por causa do tamanho?

O jovem sorriu e respondeu:

— Ela é encantada. Você vai vê-la em ação, o mestre é dotado de muitos talentos, dizem que ele sacrificou vários homens para conseguir ela.

— Você vai na nossa comitiva? — perguntei com curiosidade.

— Não, tenho que deixar tudo pronto para a volta do mestre, você está? Pronto para a batalha? Esse casaco não é muito bom para se defender de espadas. Falou me analisando.

Naquela hora, me veio a realidade. Estava indo para um combate, nunca estive em um antes, apenas em alguns treinamentos de arco e esgrima, porém nem se tratava da minha função como criado do senhor Roone, o que eu geralmente fazia era polir e amolar as espadas, mas principalmente cuidava dos cavalos, mas não era o momento de temer, falei com determinação.

— Não, não tenho nada, mas vou lutar com minhas mãos se preciso.

Ele soltou uma risada e pôs a mão no meu ombro e se despediu, dizendo:

— Me chamo Rugy. Se voltar vivo de lá, podemos ser amigos. Leve esse punhal, caso precise.

O punhal era um pouco longo, com cabo de madeira e com corda de lã.

— Vamos, garoto!

Uma voz firme e grave me fez sair dos meus pensamentos. Era lorde Wolf.

— Vamos, estamos partindo. Monte no seu cavalo. Cadê o guarda que veio com você?

O senhor Roone se apresentou em seu cavalo. Lorde Wolf continuou:

— Vá na frente, mostrando o caminho. Vá o mais rápido que puder.

A lua cheia já havia passado do ponto mais alto e o amanhecer se aproximava, quando começamos a avistar o clarão da vila. Um soldado gritou:

— Está em chamas, senhor!

Lorde Wolf acenou com a cabeça e acelerou a corrida, e seus homens o acompanharam. Tive dificuldade para manter o ritmo, e logo chegamos na vila. Não estava preparado para aquilo. Casas em chamas e corpos nas ruas. O cheiro de sangue e fumaça invadia as minhas narinas, e o som de gritos e metal ecoava nos meus ouvidos. Os cornetas foram avançando para a praça principal, onde encontraram os bandidos saqueando as casas. Logo começou o embate, porém os cornetas estavam em cavalos e de armaduras de placas, enquanto os bandidos tinham espadas e, no máximo, alguma proteção de couro e um elmo. Foram esmagados feito baratas. O lorde Wolf entrou no combate, e avançava para cima dos bandidos. Sua espada despedaçava as dos inimigos, quebrando-as como se fossem gravetos. Ele parecia realmente um Lobo entre as ovelhas, rugindo e rasgando os seus inimigos. Movia sua espada com muita rapidez, Eu via os bandidos tremendo de medo e implorando por misericórdia, mas ele não tinha piedade. Ele cortava as suas gargantas, os seus braços, as suas pernas, todo aquele sangue evaporava ao tocar na espada, certamente ela possui algum tipo de poder magico. Ele prosseguia e estava possuído por uma fúria implacável. Isso fez com que eles se espalhassem e muitos fugissem, de medo por suas vidas.

Com o avanço dos homens de Wolf eu fiquei perdido no meio de todo aquele caos, quando esculto um som nas minhas costas fui surpreendido por um golpe de um bandido, no instinto me defendi com a punhal, porém a força do golpe me derrubou, enquanto tentava recupera o fôlego da queda, vi uma lâmina brilhando, veio para cima de mim. Acertei ele no braço, fazendo-o soltar a espada. No instinto enfiei a adaga no pescoço. Vi o seu sangue jorrar, e ouvi o um gemido abafado de dor. Senti o corpo cair sobre mim, e o empurrei para o lado. Fiquei paralisado, olhando para para aquele homem morto. Não acreditava no que tinha feito. Eu tinha matado alguém. Senti um nó na garganta, e uma ânsia de vômito. Comecei a tremer as mãos, e a suar frio. Fiquei desnorteado, sem saber o que fazer. Olhei em volta, e vi os outros cornetas lutando e matando os bandidos. O soldados de do lorde, massacravam e avançavam, com o recuo rapidamente chegamos a casa do senhor Trell. Os homens logo puseram a porta abaixo, e entraram no salão principal. Onde encontramos o senhor Trell caído no chão, aos pés de um homem grande, robusto, de cabelos marrons e barba esfarrapada. Ele tinha uma grande cicatriz na bochecha direita. Era o Chacal, o líder do bando. Lorde Wolf falou:

— Chacal, claro. Só podia ser um verme como você por trás de um ataque desses. Por que você veio matar um senhor de uma pequena vila?

— Lorde lobo de merda, para mim parece mais um cachorro vira-lata, ora ouro como sempre. Ele me devia. Mas se eu soubesse que teria a chance de matar você, teria vindo de graça. respondeu o Chacal, com desdém.

— Como lhe falta gratidão. Você deveria ser agradecido pela última vez que te deixei vivo. Você deveria suplicar por sua vida, em vez de falar besteiras. Retrucou o lorde Wolf, com desprezo.

— Você só me venceu por conta dessa sua espada. Você é um covarde de não lutar como homem. provocou o Chacal, jogando o seu machado no chão e erguendo os punhos em desafio.

— Não preciso de nada além das mãos para matar vermes. respondeu o lorde Wolf, entregando a sua espada a um dos seus homens e retirando a parte superior da armadura.

O Chacal avançou ferozmente para cima do lorde Wolf, mas ele desviou rapidamente e lhe deu um golpe pelas costas, fazendo o Chacal cair. O Chacal se levantou mais furioso, e sacou uma adaga que estava nas costas. Rapidamente, o lorde Wolf se esquivou dos golpes furiosos, até que, com um giro, pegou no braço do Chacal e pôs a adaga no seu coração. O Chacal soltou um suspiro e caiu. Lorde Wolf passou a mão no rosto, e sentiu o corte que o Chacal tinha feito.

— Maldito, ainda conseguiu me acertar. murmurou o lorde, enquanto o senhor Roone entrava no salão com os outros membros da guarda que sobreviveram ao ataque.

— Meu senhor! exclamou o senhor Roone, enquanto se jogava ao corpo do senhor Trell.

— A família do senhor? Onde estão? Perguntou o lorde Wolf.

O senhor Roone avançou rapidamente pelos quartos, procurando o restante da família. Nós fomos segui-lo com urgência, lorde Wolf na frente. No corredor estreito, ele ocupava quase todo o espaço e impedia a visão. Quando ouvimos um barulho vindo de um dos quartos, entramos e vimos o senhor Roone atravessar a espada em um bandido que tinha ficado para trás. Seus olhos estavam cheios de fúria. Lorde Wolf olhou ao redor e pôs a mão sobre os ombros de Roone, tentando acalmá-lo. Avancei e olhei ao redor também. Vi a lady Flores caída no chão, ensanguentada, e o jovem Tryel ao seu lado, como se a tivesse tentado a protegê-la. Fiquei em choque com aquilo. Quanta crueldade! O senhor Roone estava desnorteado com o massacre, quando ouvimos um barulho vindo de um armário. Lorde Wolf se aproximou e abriu. Um pequeno menino de olhos verdes cor de esmeralda, com cabelos dourados, estava encolhido lá dentro. Ele tinha um olhar vazio, como se não pudesse acreditar no que estava vendo: sua mãe e irmão mortos. Ele parecia paralisado. Lorde Wolf então falou:

— Esse menino é filho do senhor de Rio de Pedras? Roone respondeu:

— Sim, lorde. Ele é o pequeno Nyfri, o herdeiro do castelo.

— "Eu irei levá-lo! Ele já vale bem mais que cinco jovens. Quando estiver maior, o devolvo à sua terra."

Com um olhar de fúria e reprovação, o senhor Roone se pôs à frente do pequeno Nyfri.

— Não, meu senhor, não irei permitir isso! O mestre já fez o que combinamos. Você terá seus cinco jovens, mas o pequeno senhor ficará comigo. É meu dever como guarda mestre, meu dever para com a família do lorde. Lorde Wolf olhou com um olhar penetrante nos olhos do senhor Roone, respirou fundo e acenou, chamando-o para conversar em particular. Eu estava tentando entender toda aquela situação, o horror daquela noite. Quando, de repente, lorde Wolf voltou e pegou na mão do pequeno Nyfri.

— Garoto, você tem uma dívida comigo!, disse ele, colocando um colar com uma pedra vermelha no pescoço da criança.

— Na hora certa, você virá até mim para pagar. Você, cavalariço, você já é meu! falou olhando para mim, depois voltou de volta para o pequeno Nyfri. Falou palavras mágicas que não pude compreender, e fez uma marca na mão do menino, que brilhou por um instante. Levantou-se e foi em direção ao senhor Roone, deu-lhe uma sacola de moedas e os mandou partir.

— Siga para o oeste, próximo às terras selvagens. Hospede-se em Melion, a cidade dos mercadores. Um dos meus homens irá encontrá-lo lá.

disse lorde Wolf. Senhor Roone assentiu com a cabeça, segurou Nyfri pela mão e montou em seu cavalo.

Ao sair da casa, Lorde Wolf deu ordens para seus homens vasculharem os escombros. Ainda teríamos uma semana de trabalho duro para restaurar a ordem na vila de Rio de Pedras, depois do ataque brutal que sofremos. O lorde mandou que os seus homens juntassem os cadáveres dos inimigos e dos nossos e os cremassem em uma grande pira. Ele também cuidou para que os feridos recebessem os primeiros socorros. Felizmente, os invasores não conseguiram matar muitos dos nossos, pois o seu objetivo era roubar o tesouro do senhor Trell. Lorde Wolf passou uma semana e consegui me despedir dos meus pais, que viviam em uma cabana um pouco distante da vila e próximo à montanha onde meu pai retirava pedras para a vila

Epílogo

Nunca me imaginei encontrando um rei. Rest disse que tínhamos direito de receber o restante, mesmo com a morte do Chacal no ataque em Rio de Pedras.

— O trabalho está feito, a ordem era matar a família do senhor da vila. O que foi pedido foi feito, ele tem que pagar o restante que foi prometido. disse Rest, confiante.

— Não sei não, Rest. Ele tinha dado a ordem para tomarmos o controle da vila. Fora que, com o chefe morto, acho que ele não vai querer pagar a gente. questionei, desconfiado.

— Sim, ele vai pagar. Afirmou Rest, sem hesitar.

Éramos quase ciquenta homens que conseguiram fugir e se reagrupar. Elegemos Rest como o novo líder do bando. Chacal tinha conseguido reunir mais de trezentos homens, reunindo-se com outros pequenos grupos. Rest veio de um desses. Fomos ao palácio com quarenta homens. Rest disse que era importante mostrar que ainda tínhamos força. As portas se abriram e fomos recebidos por um homem esguio e pálido, que nos convidou a entrar, falando de uma forma muito refinada.

— Senhores, venham. Mas Sua Majestade só receberá três pessoas. disse ele, com um leve sorriso.

Rest chamou seu braço direito, Regis, e a mim, pois eu era o tesoureiro do bando do Chacal. Conhecia o acordo feito, embora o negócio do ataque à vila tivesse sido feito diretamente com Chacal. Foi pago uma boa quantia de entrada, o que permitiu montar um bando numeroso. Me questionei sobre o que um rei iria querer com uma pequena vila no meio das terras livres.

Eu admirei o tamanho do palácio enquanto andava. Tudo muito bonito e grandioso. Nunca tinha imaginado como seria um lugar desses.

Quando nos aproximamos do trono, estava lá o rei Almeron, imponente, mesmo tendo uma idade avançada. Cabelos marrons e olhos cor de mel. Vestia uma túnica verde, com detalhes dourados. Uma roupa digna de rei.

Ao seu lado, havia uma mulher de cabelos vermelhos, que usava um vestido azul. Sua beleza chamava atenção, mas eu não me arriscava a olhá-la nos olhos.

Chegamos e, após nos curvarmos, Rest tomou logo a palavra.

— Vossa Alteza, viemos receber o restante do pagamento. A família de Rio de Pedra está morta. disse ele, sem rodeios.

O rei nos olhou com um olhar firme, mas quem tomou a palavra foi a mulher ao seu lado.

— Quem seria você? Não foi a você que contratamos. perguntou ela, com um tom de desprezo.

— Eu me chamo Rest. Eu assumi o bando depois da morte de Chacal. A dívida com o bando continua. respondeu Rest, sem se intimidar.

— Não concluíram a missão. Rio de Pedra não está sob controle. Além disso, nossos relatores mostram que vocês foram derrotados. Embora enfraquecida, ela continua livre. E as outras cidades livres estão mais atentas agora. disse ela, com um ar de superioridade.

Rest retrucou.

— Não estava no acordo enfrentarmos as coroas. Isso não fazia parte do acordo. disse ele, com firmeza.

A mulher continuou.

— Imprevistos fazem parte. Não há seguro nesse negócio. Vocês sabem bem disso. — disse ela, com sarcasmo.

Rest insistiu.

— Vossa Alteza, apenas queremos o restante do pagamento. E estaremos disponíveis para novos serviços disse ele, com diplomacia.

Quando a mulher ia falar, o rei ergueu a mão e falou.

— Tem certeza de que eram homens do Wolf? perguntou ele, com curiosidade.

— Sim, ele estava lá em pessoa. respondeu Rest, com certeza.

O rei pôs a mão no queixo por um instante e falou.

— Vocês merecem o pagamento. Não irei deixar que ninguém diga por aí que o rei de Eron é um mal pagador. Aparentemente, o rei do norte não está cumprindo sua parte. disse ele, com um tom de mistério.

— Quanto é que falta? perguntou ele, com indiferença. Eu rapidamente respondi.

— Duzentas moedas de ouro, Majestade. disse eu, sem perder a oportunidade de falar com o rei. Ele acenou para um servo, que rapidamente trouxe uma sacola cheia.

— Peguem, senhores. Façam bom proveito do seu merecido ouro. disse ele, com um sorriso . Olhamos uns para os outros, sem acreditar. Eu imaginava que sairíamos de mãos vazias. Rest ficou com um olhar confiante, mostrando que estava certo. O servo magrelo nos guiou para fora do salão. Mal podia me conter de alegria. Com esse dinheiro, poderíamos reerguer o bando. Afinal, Rest mostrou que podia ser um bom líder…

— O que está acontecendo?

Gritou Rest, com espanto.

Olhei rapidamente ao redor e vi o nosso bando todo morto na frente do palácio. Virei para o lado e vi Rest com uma espada sendo passada no pescoço. Tentei reagir, mas só senti o frio da lâmina atravessando minhas costas e saindo no peito. Só senti o frio.