O homem com a lança limpou o suor da testa enquanto guardava a arma, sua expressão ainda carregada de desconfiança. Lucas manteve a postura firme, mas sua mente trabalhava rápido, avaliando cada um dos caçadores. Eles haviam lutado bem, coordenados e disciplinados. Ele sabia que, sozinho, derrotar a criatura teria sido quase impossível.
"Quem são vocês?" Lucas quebrou o silêncio, cruzando os braços.
O homem deu um passo à frente. "Sou Garath, líder deste grupo de caçadores. Estamos rastreando criaturas mágicas anômalas que têm aparecido nas últimas semanas. Algo está perturbando o equilíbrio da região."
Lucas franziu a testa. "E por que acham que eu sou parte disso?"
A mulher com o arco, que até então se mantinha distante, avançou. Seus olhos azuis brilhavam com uma intensidade que contrastava com seu rosto delicado. "Porque sua aura é diferente de qualquer coisa que já vimos. Você não é humano."
Lucas hesitou. Ele não queria revelar muito, mas sabia que a desconfiança deles poderia crescer se não fosse honesto. "Eu sou… algo novo."
"Algo novo?" Garath arqueou uma sobrancelha.
"Sim. Não pertenço a este mundo. E minha existência parece ter desencadeado algo."
Os caçadores trocaram olhares inquietos. O terceiro membro do grupo, o homem robusto com o machado, finalmente falou: "Se você está sendo honesto, isso explica por que essas criaturas estão ficando mais agressivas. Elas sentem algo diferente em você."
Lucas estreitou os olhos. "E o que vocês sabem sobre essas criaturas?"
Garath suspirou, gesticulando para que todos se sentassem na clareira. "Elas começaram a aparecer cerca de um mês atrás. Antes disso, a floresta era perigosa, mas previsível. Criaturas mágicas como o Urso Sombrio que você enfrentou eram raras, mas naturais. Então, algo mudou. Essas abominações começaram a surgir, misturas grotescas de várias espécies, e todas com uma agressividade que não é normal."
A mulher, que Garath chamou de Lyra, acrescentou: "Elas parecem ser atraídas por algo. Uma energia que não conseguimos identificar."
Lucas permaneceu em silêncio, ligando os pontos. Sua chegada neste mundo havia sido há apenas alguns dias, mas ele sabia que isso não podia ser coincidência.
"Então, vocês acham que minha presença está atraindo essas criaturas?"
Garath balançou a cabeça lentamente. "Não podemos afirmar isso, mas sua aura… é como um farol. Pode ser apenas parte do quebra-cabeça."
Lucas fechou os olhos por um momento, sentindo o peso de suas palavras. Ele não queria ser um perigo para os outros, mas se sua existência estava realmente desequilibrando este mundo, ele precisaria descobrir o motivo.
"Certo." Lucas finalmente disse, abrindo os olhos. "Eu ajudei vocês, e vocês me ajudaram. Estamos quites. Mas se quiserem respostas, talvez devêssemos trabalhar juntos. Por enquanto."
Garath olhou para ele com cautela. "Você não está errado. Temos um objetivo em comum, mas preciso que entenda algo: se você for a fonte desse problema, nós vamos lidar com isso."
Lucas não recuou. "Entendido. Mas até lá, vocês precisam de mim tanto quanto eu preciso de vocês."
Lyra parecia querer argumentar, mas acabou assentindo. O terceiro homem, que Garath apresentou como Brok, apenas grunhiu em concordância.
"Ótimo." Lucas disse, olhando ao redor. "Então, o que vem a seguir?"
Garath apontou para o leste. "Há uma torre antiga nas profundezas da floresta. Alguns dizem que é um relicário mágico, outros acreditam que é um ninho para essas abominações. Não sabemos, mas todas as criaturas que enfrentamos parecem estar conectadas àquela região."
"E vocês planejam entrar lá?" Lucas perguntou, franzindo a testa.
"Sim." Lyra respondeu, sua voz firme. "Se queremos respostas, é o único lugar para começar."
Lucas sentiu um arrepio ao ouvir isso. Ele já podia imaginar o tipo de perigo que encontrariam lá. Mas algo no fundo de sua mente, ou talvez em seu instinto vampírico, dizia que aquela torre também continha algo importante para ele.
"Então vamos." Ele disse, levantando-se.
Enquanto o grupo avançava, Lucas aproveitou para observar melhor seus novos aliados. Garath parecia ser o mais experiente, um líder que sabia equilibrar prudência e coragem. Lyra, apesar de jovem, era afiada e determinada, seus olhos atentos a cada movimento na floresta. Brok, por outro lado, era uma força bruta, mas havia uma certa calma em seus gestos, como se ele soubesse exatamente quando atacar.
Eles também o observavam, especialmente Lyra. Lucas podia sentir o peso de seus olhares, mas não se incomodava. Ele sabia que seu segredo os deixava nervosos, mas também os fascinava.
Após algumas horas de caminhada, a vegetação começou a mudar. As árvores ficaram mais altas e densas, e uma névoa fina cobria o chão. O ar parecia mais pesado, carregado com uma energia opressiva.
"Estamos perto." Garath murmurou, apertando a lança em suas mãos.
Lucas sentiu seus instintos gritarem em alerta. Algo naquela área parecia diferente, como se estivesse sendo observado.
"Cuidado." Ele disse, ativando sua **Visão Vampírica**. Imediatamente, tudo ao seu redor ficou mais claro, e ele pôde ver formas vagas se movendo nas sombras.
"Temos companhia."
Antes que os outros pudessem reagir, uma criatura emergiu da névoa, rápida e mortal. Parecia um lobo, mas sua pele era translúcida, mostrando músculos pulsantes e ossos distorcidos.
Lyra foi a primeira a agir, disparando uma flecha mágica que perfurou o flanco da criatura. Ela uivou de dor, mas continuou avançando.
Brok se lançou à frente com o machado, desferindo um golpe poderoso que partiu a criatura ao meio.
"Essas coisas não vêm sozinhas." Garath alertou, apontando para a névoa. Mais formas começaram a aparecer.
Lucas sentiu a adrenalina tomar conta enquanto ativava suas **Lâminas de Sangue** novamente. Ele sabia que precisariam de toda a força para sobreviver.
E, no fundo de sua mente, ele sabia que a Torre das Sombras guardava algo que mudaria tudo.