Chapter 2 - O Eco do Predador

O sol começava a tingir de dourado as montanhas distantes, enquanto os campos abertos e florestas densas se iluminavam com a luz da manhã. Lukas Rhoan, ainda um filhote, corria de forma desajeitada com suas patas grandes demais para seu corpo. Ele já era visivelmente maior que os outros filhotes, mas sua mente ainda estava imersa nas brincadeiras típicas da juventude.

Cercado por três lobos da espécie Canis dirus (Aenocyon), Lukas rolava pelo chão, gargalhando mentalmente enquanto os outros filhotes tentavam derrubá-lo. Era uma disputa amigável, mas ele sabia que tinha uma vantagem. Seus músculos, mesmo sem estar totalmente desenvolvidos, já mostravam uma força que os outros não podiam igualar.

Lukas: "Você nunca vai me pegar!" - Lukas grunhiu, desviando agilmente de um salto.

Os outros filhotes riram de volta, pulando sobre ele, mas Lukas apenas balançou o corpo e os lançou para os lados com um giro surpreendentemente forte para sua idade. Ainda assim, não havia maldade na brincadeira, apenas a pura alegria da juventude.

Do alto de uma rocha próxima, o velho ancião da alcateia, um Canis dirus (Aenocyon) de pelagem cinzenta e olhos profundos, observava com paciência. Seus dias estavam contados, e ele sabia disso. A energia dos filhotes, que uma vez o enchera de esperança, agora parecia um lembrete de como seu rugido, antes capaz de calar qualquer tumulto, estava enfraquecendo.

O tumulto aumentava conforme os filhotes se encorajavam mutuamente, pulando e gritando enquanto corriam em círculos ao redor do ancião. Ele decidiu intervir. Erguendo a cabeça, soltou um rugido grave que ecoou pelo vale.

Lobo Ancião: "RAAAARRRR!"

Por um momento, o som fez com que os filhotes parassem, mas apenas para olharem entre si e voltarem a brincar, como se nada tivesse acontecido. Lukas notou isso. Ele virou o olhar para o ancião e viu, pela primeira vez, a fragilidade nas costas curvadas, no tremor sutil das patas. O rugido do velho não tinha mais a força de antes.

Um misto de tristeza e algo mais — algo primitivo e feroz — cresceu dentro de Lukas. Ele parou de brincar, ergueu a cabeça e respirou fundo. O silêncio caiu sobre o grupo de filhotes quando perceberam que Lukas estava prestes a fazer algo.

Com um impulso instintivo, ele soltou seu próprio rugido.

- Lukas: "RAAAAAARRRRRGH!"

O som reverberou pelo vale, uma onda de força crua e vibrante que fez os pássaros nas árvores próximas alçarem voo em desespero. O rugido ecoou entre as montanhas, atravessando as planícies, como se o próprio espírito do vale estivesse respondendo àquela nova voz.

Os filhotes ficaram imóveis, surpresos. Até o ancião, que nunca vira um som tão poderoso vindo de um filhote, observou Lukas com respeito e talvez uma pitada de medo.

Mas o rugido não parou ali. O eco viajou para além das terras da alcateia, alcançando ouvidos muito mais perigosos.

Nas sombras de uma floresta distante, um par de olhos amarelados abriu-se. Um enorme Arctotherium angustidens, um dos maiores ursos que já caminhou sobre a Terra, ergueu a cabeça. O som do rugido despertara algo em sua fome primitiva. Lento, mas decidido, ele começou a caminhar em direção à origem daquele chamado.

Lukas, ainda sem saber o que despertara, olhou ao redor. Os filhotes pareciam impressionados, e o ancião apenas balançou a cabeça, como se reconhecesse algo que o próprio Lukas ainda não entendia.

Lobo Ancião: "Você não é como os outros." - Pensou o ancião, sem "grunhir uma palavra".

Ao longe, nas sombras, o predador avançava. O eco do rugido de Lukas havia marcado o início de algo muito maior do que ele imaginava.