Layla encontrava-se em seu quarto, cercada por papeis e projetos. Organizando seus documentos, tentando colocar tudo em ordem antes de começar o dia. Seu quarto era um reflexo de sua mente criativa, com desenhos, anotações e livros espalhados por todos os cantos.
De repente, uma batida suave na porta interrompeu seus pensamentos.
— Layla, está na hora do café da manhã. Vamos, se agilize! — chamou Michael, seu guardião, com uma voz gentil mas firme.
Layla apressou-se em terminar sua organização, fechou a porta do quarto e desceu as escadas com cuidado, bocejando. Ao chegar na cozinha, deu um bom dia a Michael.
— Bom dia, Michael.
— Que tal um chá para acalmar sua mente, que pelo visto já não se encontra comigo, não é mesmo? — disse Michael, rindo.
Layla soltou um sorriso preguiçoso.
— Sim, Michael, haha, obrigado.
Ela colocou um pouco de chá na xícara que estava sobre a mesa da cozinha e se sentou perto de Michael para dialogar um pouco. A cozinha era um lugar aconchegante, com o aroma de chá fresco e pão recém-torrado preenchendo o ar.
— Como estão indo seus projetos, Layla? — perguntou Michael, enquanto preparava o café da manhã.
— Estão indo bem, mas às vezes sinto que nunca vou conseguir terminar tudo — respondeu Layla, soprando o chá para esfriá-lo.
— Você é muito dedicada, Layla. Tenho certeza de que vai conseguir. Só não se esqueça de tirar um tempo para você mesma — aconselhou Michael, com um sorriso encorajador.
Layla assentiu, apreciando o apoio de Michael. Eles continuaram conversando sobre os planos para o dia e as pequenas coisas que faziam parte de suas rotinas. Layla sabia que, apesar dos desafios, tinha um guardião que se importava com ela e a apoiava em tudo.
Ao olhar para Layla, Michael se lembrou de Luiz, seu antigo amigo de longa data e pai biológico de Layla. Ele suspirou e começou a falar, com um tom de nostalgia e carinho.
— Layla… o silêncio de seu pai é tão… estranho. Antes de tudo ter virado de cabeça para baixo, eu te acolhi em minha casa, te eduquei, te ensinei a se defender e, de suma importância, a entender o quão preciosa é a ciência. Mas… seu pai, Luiz, foi deveras um pai do qual você sempre poderá se orgulhar. Até uns cinco anos atrás, ele conseguia um jeito de mandar cartas para nos atualizar sobre sua vida. O que será que poderia ter acontecido, me pergunto…
Layla ouviu atentamente, sentindo a mistura de tristeza e orgulho nas palavras de Michael. Ele continuou, sorrindo para ela.
— Mas, acredito eu que você tem a capacidade de orgulhá-lo e ir além.
Layla sorriu de volta, sentindo-se reconfortada pelas palavras de Michael. Ela sabia que, apesar das incertezas sobre o paradeiro de seu pai, Michael tinha um imenso carinho por ela.
Quero que você nunca se esqueça: a qualquer momento, você pode estar em perigo, e talvez eu não esteja mais com você. Apesar de todo esse tempo protegidos de certa forma, você precisa entender que é a filha do cientista mais procurado do Brasil, pelo menos… por debaixo dos panos. Não invente de querer se expor onde não foi chamada. Se descobrirem algo sobre você, estaremos em maus lençóis.
⎯⎯⎯⎯⎯ então Michael se levanta, dá um tapinha nas costas de Layla e diz ⎯⎯⎯⎯⎯ Seu pai estaria orgulhoso da garota que você está destinada a ser e, sem dúvida, se tornará
Layla, ao terminar de tomar seu chá, lavou cuidadosamente a xícara e pegou um pano para enxugar as mãos molhadas. Em seguida, foi para o seu quarto terminar de organizar seu projeto. Ela estava empenhada em reproduzir uma flor a partir de uma pétala que seu pai havia enviado por meio de uma carta, dizendo que era a flor favorita de sua mãe. Desde aquele dia, Layla vinha tentando reproduzir essa flor, mas todas as suas tentativas tinham sido em vão.
Após sair de seu quarto, buscando dar uma aliviada na mente, ela vai até o jardim de sua casa e aproveita para irrigar suas plantas, Michael a vê de longe sentado em uma cadeira lendo de seu livro, dando um leve sorriso sem que ela perceba parecendo gratificado com seu gesto.
Layla então olha as flores imaginando se um dia ela poderia conseguir fazer seu projeto enfim dar certo. Ela então se dirige a Michael.
Michael Michael Michael, a gente poderia ir dar um passeio, que tal ⎯⎯⎯⎯⎯ disse Layla animada
Michael então o responde ⎯⎯⎯⎯⎯ mas assim do nada? Você estava agorinha mesmo irrigando as flores, oras bolas?
E que eu fiquei com vontade de dar uma saída assim, do nada sabe ⎯⎯⎯⎯⎯ disse Layla rindo
Bem, eu acho que não vejo necessidade de te acompanhar, a não ser que você queira obviamente, desde que tome os devidos cuidados ao sair de casa. Como de costume ao ir pra escola! Você poderá ir sozinha ao seu passeio ⎯⎯⎯⎯⎯ disse Michael falando firmemente, mas com um ar gentil de suas palavras
Bem, acho que eu consigo ir sozinha, está tudo bem, se eu ir a esse passeio a sós? Michael ⎯⎯⎯⎯⎯ disse Layla
Sem problemas, senhorita Layla, lembre-se de ter cautela pelas ruas do rio, muito atenção! ⎯⎯⎯⎯⎯ disse Michael
Layla foi até seu quarto para se arrumar para a saída. Escolheu suas roupas e preparou uma bolsa com alguns itens essenciais. Após estar devidamente pronta, deu um abraço em Michael, prometendo voltar o mais breve possível.
Ao fechar o portão de sua casa, Layla prosseguiu andando em direção ao museu de biologia. Além de buscar conhecimento, ela queria relaxar um pouco a mente. Após chegar e descer do Uber, ela admirou o museu em todo o seu esplendor. Ao se aproximar, pagou a entrada e, ao entrar no museu, milhares de informações passaram pela sua cabeça ao ver o tamanho do lugar e a variedade de conteúdo, cada um mais lindo e belo que o outro.
Em sua mochila, pegou um sketchbook e começou a desenhar as flores que achava mais lindas. Enquanto desenhava distraída, esbarrou em outro adolescente.
— Perdão, me desculpe — disse Layla.
— Sem problemas — respondeu o rapaz, que ao ver o sketchbook de Layla, não hesitou em elogiar. — Esse desenho está absurdamente lindo.
— Ah, rsrs, obrigada — disse Layla. — a gente se conhece? Você me parece tão familiar…
Muita gente me fala isso… — disse o rapaz. — A propósito, me chamo Bruce — disse ele, levantando um sorriso simpático. — Bora andar?
— ah sim… vamos… — concordou Layla.
Enquanto isso…
— Você tá com a informação, irmão?
— Eu não sei de nada, mano. Eu juro pra você, eu não sei de absolutamente nada. — A voz tremia de medo. — Me deixa ir embora, por favor.
— Ei, menor, não quero nem saber. Tu se envolveu nessa merda porque quis seu arrombado, e eu não sou teu amiguinho, não. Agora tu vai me dar a porra da informação que eu quero. Quando e onde que o arrombado do Th vai brotar com a parada, moro?
— Mano, eu… eu… eu… — Seu corpo tremia, sua boca paralisava, enquanto suava frio. O único sentimento era de que ele iria morrer a qualquer momento.
— Mano, se eu falar alguma merda pra você, eu vou morrer, mano. Cê não tá entendendo, irmão.
— E eu perguntei? — Retrucou ele. — Agora, se você não quiser morrer agora, é bom botar a matraca pra falar. Ah, quer saber? Já cansei dessa merda. Márcio, bota a Grocada na cara dele.
— Pra já, patrão! — Enquanto colocava a Glock na cabeça do interrogado.
— Calma lá porra, pra que isso, mano?
— Ou tu fala o caralho da minha informação, ou tu vai conhecer teus "manos". Escolhe.
Perante a morte, talvez os valores sejam alterados por conta das circunstâncias, ou será que, na verdade, é nesse momento que eles são verdadeiramente revelados? Traição nunca foi algo tolerado entre as gangues das favelas, mas naquele momento, ele reviu seus valores… talvez não fosse assim tão legal manter segredo…
— Mano, vai ser daqui uns dias. Os caras vão brotar com a carga da tal substância, vai brotar neguin com força naquela estação de trem perto da fronteira pela noite, só maluco com grana e com arma. Se eu fosse vocês, eu não me metia nessas paradas não, é doideira, irmão.
— Eu perguntei alguma coisa? — retrucou ele.
— Na hora que eu te perguntar alguma coisa, você me responde — enquanto dava um tapa no elemento.
— Aí, patrão — disse Márcio — já tamo com a informação, deixa essa bosta aí. Jajá ele já tá com o caixão encomendado.
— Claro, Márcio — disse, enquanto dava um chute no rapaz que se encontrava ajoelhado. Após resolver esse B.O., entraram na viatura.
— Não, não, não, me leve preso — disse o rapaz —, cês nem são doidos de me deixar livre.
— Oxi, carai! — disse Borges — tá ficando maluco? Você que se lasque, irmão. Acelera aí, Márcio!
— Beleza, patrão! — disse Márcio.
Deixando o rapaz para trás.
Patrão, sinceramente eu concordo com o rapaz. Se essa tal substância for algo verdadeiramente real, qual a chance de baixas nossas, porque eles já não estariam prontamente armados contra nossas forças? Nossa armas vão funcionar? ⎯⎯⎯⎯⎯ questionava, mais e mais Márcio enquanto dirigia a viatura
negociação, tem o batalhão que vai brotar lá também… mas e isso, se eu botar a mão numa carga desse negócio, ha ha ha, rio de janeiro vai estar em maus lençois.
Luka então se calou e fez levantar seu braço com sua mão aberta dando um toque de mão, apenas disse ⎯⎯⎯⎯⎯ tamo junto sempre moreno…
Ali mais longe…
Que pena, o dia já tá acabando… ⎯⎯⎯⎯⎯ disse Layla.
⎯ Que isso, Layla? Rio de Janeiro é mais daora à noite. Que tal um rolezinho rápido num parque aqui perto, o que acha? ⎯ respondeu Bruce.
Layla então lembra que talvez não fosse tão legal sair com um rapaz que acabou de conhecer para um lugar que talvez ela não saiba onde fica, ou simplesmente, não ter avisado previamente a Michael. Mas Bruce consegue fazê-la aceitar seu convite de um breve rolê até um parque ao lado. Já ao anoitecer, a lua preenchia o céu que antes era azul reluzente, agora se encontrava numa imensidão de tons escuros, enquanto as estrelas roubavam a atenção.
Cada passo pela calçada iluminada apenas pela luz das estrelas e as luzes da cidade… Layla sabia que não estava tão confortável ao lado de Bruce, como se tivesse um sentimento ruim de que algo ia dar errado a qualquer momento. Bruce insistia que eles já estavam chegando no lugar combinado. Quando, de repente, Bruce a arrasta para um beco e começa a enforcá-la com suas mãos. O que já era desesperador, Bruce revela algo sombrio: suas mãos estavam rodeadas por uma nuvem negra misteriosa, que a afetava de uma maneira que a sufocava, e aos poucos ela sentia que estava perdendo a consciência de si.
⎯ Não é sua PUTINHA? Lembra do passado? Quando você tirou de mim o sonho do qual eu tinha a mais pura ambição, mas relaxa, baby… ⎯ disse Bruce, enquanto passava seu dedo pelo rosto dela. ⎯ Agora meus sonhos têm gosto de medo e pesadelo, digo isso no literal. Que poder magnífico, não acha? Ah, sim, perdão, acho que você já nem está mais aqui para poder dizer algo… hahaha ⎯ dizia Bruce, enquanto já perdia de si mesmo naquele momento em puro êxtase do prazer de um antigo remorso.
Porém, o destino consegue ter tanta coincidência em certos momentos da vida que talvez seja alguém trabalhando protegendo certas almas, ou talvez só seja a sorte de estar no momento certo, na hora certa…
"Nossa, que foda", dizia Jonathan enquanto olhava a mensagem em seu celular e carregava suas compras do mercado, voltando a caminho de casa. Quando exatamente no meio daquele beco, cai no chão uma caixa… Ao olhar para o lado naquele beco escuro, ele não pensa nem duas vezes ao sentir a energia que emanava daquele lugar.
Então ele joga ambas as sacolas no chão, ativa sua habilidade e chega voando, emanando partículas elétricas no rapaz com um soco que o acerta em cheio.
Ao olhar para o lado, um rosto familiar, que agora estava coberto por uma nuvem negra estranha… Jonathan, então olha assustado para ela, se perguntando o que caralhos está acontecendo ali. ⎯⎯ Bruce então diz ⎯⎯ Interessante que você se dá ao luxo de poder se distrair ⎯⎯ enquanto se recompunha do último ataque sofrido de Jonathan.
⎯⎯ Jonathan então pergunta quem era ele, o que ele queria com Layla e por que ele estava fazendo isso. Porém… ⎯⎯ Eu que pergunto, quem você acha que é? Seu merdinha.
⎯⎯ Aaah, sim ⎯⎯ enquanto Jonathan soltava uma leve risada, andando levemente à frente e alongando seu ombro direito. ⎯⎯ Prazer, sou Jonathan, um caçador de anomalias feito você. Em seguida, ele dá um impulso elétrico que o faz ir para cima dele, porém Bruce prevê e consegue desviar, acertando Jonathan pelas costas com um ataque forte, um tanto quanto misterioso…
Jonathan estranha e pergunta ⎯⎯ Acho que meu poder não seria algo tão misterioso, já o seu… O que você é? ⎯⎯ perguntava a Bruce.
⎯⎯ Então, eu consigo materializar seu medo e pesadelos, claro que… ⎯⎯ em seus pensamentos "precisa estar à noite e para que o ataque seja verdadeiramente forte, precisa estar escuro para que o ataque seja o mais potencializado possível"… ⎯⎯ Mas você teria medo do seu próprio medo, Jonathan? ⎯⎯ perguntava Bruce.
⎯⎯ Medo? … Medo é uma palavra um pouco interessante ⎯⎯ dizia Jonathan rindo enquanto se preparava para seu próximo ataque. ⎯⎯ VENHA PRA CIMA, SEU ARROMBADO! HAHAHAH!