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Chapter 20 - O Diabo Nasce

Quando seus testículos explodem, pedaços de sua carne, sua pele, seu sangue, cai ao seu redor. E junto ao som agoniante do membro se distorcendo lentamente, consumida pela espiral, o som do prato, se partindo, após um baque na escadaria e sumindo na escuridão, ecoa.

— Então é assim… A matéria se desfaz em um impasse, não havendo necessidade de medir força ou velocidade… incrível!

Rasen indaga com uma voz agitada, que apesar do fascínio porém carregada de uma intensidade sombria. Seus olhos penetrantes e cruéis se fixam no estado lamentável do velho à sua frente, ainda vivo, mas ofegante e à beira da morte certa.

As suas pernas estão mergulhadas em uma poça de seu próprio sangue, cuja cor é tão profunda e escura como o mais concentrado dos vinhos.

Ele foi castrado pelo seu feitiço expansivo, a selvagem desfragmentadora, que em um movimento penetrante, aniquila a matéria sem pena alguma.

O sangue escorre de seus lábios secos enquanto ele convulsiona, encarando a figura aterrorizante de Rasen com um olhar cheio de medo e dor.

Os papéis foram invertidos!

— Você não entende, seu velho idiota…

E nesse estado, quem poderia? Do maldito, apenas gemidos de dor e clamor por piedade…

— Exorcizar é neutralizar energia negativa com energia neutra, mas dependendo da profundidade e complexidade dessa energia, é necessário compensar com potência e velocidade. Por isso, muitos exorcistas preferem penetrar essa densidade com inúmeros golpes. No entanto, a pele humana, matéria física, sucumbe em um único entoar, como papel diante de um jato de água. Será… — ele explica, enquanto envolve sua mão com sua aura, concentrando-a até que brilhe intensamente. Ele conjura luz e encara o homem quase morto à sua frente, — Não… O que estou fazendo? Você é um lixo, não é? Te deixar viver, mesmo que por um ato cruel, é bondade demais!

Ele estreita seu olhar, apontando-o diretamente para a cabeça do velho.

— Por…

Um sorriso frio se forma em seu rosto em um estalo, a cabeça explode, finalizando a cena com essa violência aterradora.

Miolos caem nos degraus, sangue jorra nas paredes, não resta nada, de sua cabeça para baixo, após o feixe de luz, que dá fim a sua vida. É o primeiro humano morto por suas mãos, a primeira vida que o messias leva. Naquele instante, ele, que sempre contempla o anjo da morte, pode senti-lo cada vez mais próximo, como se estivesse em sua sombra.

E em um instante, tudo chega ao fim no salão. O corpo cai para trás com um baque surdo, e o sangue se espalha pelo chão. O único som que permanece é a respiração ofegante de Rasen, que consuma o fim de sua técnica inata, gastando um terço de sua energia restante.

"Enfim… após tanto tempo com ele meus tormenta, me sinto mais leve!"

Este pensamento surge como uma chama em sua mente e, enquanto ele se vira, dá um adeus, talvez definitivo, ao seu passado — agora transformado em uma poça de sangue e carne.

Não havendo distinção, ele não apenas superou, como fez em pedaços!

E danos passos para fora segue pelo ideal que o trouxe até ali, pela verdade que o move até este instante, e que o moverá até o fim dos três atos que permeiam sua mente.

Quando finalmente sai do recinto, a luz da manhã envolve seu rosto enquanto ele contempla o firmamento, sentindo-se agraciado após um grande e "bondoso" ato.

"A meu senhor, obrigado. Sua luz finalmente surgiu após o mal cair!"

E ao mesmo tempo, que sente cada fissura de sua pele louvar aos céus. Amai também sai, mas do veículo que a leva até seu destino e se depara com seu próximo passo, o grande edifício de registros da ordem.

Ela está ali para oficializar sua parceria com Yamasaki.

A luz, suave e envolvente, preenche a cena, destacando os detalhes à sua frente. Enquanto caminha, percebe o antigo prédio sob um véu cintilante, que aos poucos se dissolve diante de seus olhos para revelar o setor administrativo da ordem em Saisho. Essa estrutura, erguida há mais de cem anos, se impõe com sua majestade e história.

Na entrada, uma estátua imponente de Akiko Shirasaki, bisavô de Amai, líder supremo do conselho e de toda a ordem espiritual em uma era passada, há mais de duas gerações, recebe aqueles que chegam. Acima da grande porta, esculpida em resistente madeira de teca originária das terras férteis de Aija, com quase dez metros de altura, ergue-se uma base octogonal que dá suporte a uma imensa cúpula. Colunas antigas, homenageando as primeiras grandes construções humanas, sustentam a estrutura, conferindo-lhe um ar de atemporalidade e reverência.

O local exala uma atmosfera de contemplação, servindo como o centro onde os exorcistas resolvem suas pendências legais de maneira pacífica. Ao redor, murmúrios sussurrados enchem o ar enquanto exorcistas e servidores do local entram e saem, imersos na troca de informações e novidades.

"Não é a filha do líder do conselho?"

Pergunta um rapaz ruivo, dirigindo-se a uma jovem de cabelos castanhos e olhar sério.

"Sim, é ela. Dizem que é a melhor exorcista de sua geração… você acredita?"

Responde a jovem, evitando encará-los diretamente.

"Talvez seja sorte… ou uma habilidade herdada que facilita as coisas… Esses nobres…"

Mas Amai evita os olhares e não se abala com as fofocas, exibindo um sorriso confiante enquanto sobe os degraus.

— Idiotas… — murmura para si.

Ao dar um passo adiante, ela coloca suas mãos sobre a porta ornamentada com as faces dos mais importantes exorcistas da história. Com um suspiro, ela a empurra com força, revelando lentamente o interior do local que tanto conhece.

A visão do ambiente desperta memórias vívidas de sua infância, quando acompanhava seu pai, que era o diretor administrativo do local e agora, um dos nove que lideram o conselho. Ela se lembra dos momentos rotineiros de trabalho ao lado dele, uma conexão entre o passado e o presente que ressoa em sua mente.

O cheiro de cappuccino alcança seu nariz e cada móvel é exatamente como ela se lembrava, preenchendo seu coração de saudades.

— Amai Shirasaki… Não esperava te ver aqui. Será que a gata arisca finalmente encontrou seu par? Como disseram os boatos? — provoca um rapaz que bebe água perto de um filtro, à esquerda de Amai, e, ao vê-la, deixa o copo descartável pela metade sobre uma superfície.

— Quanto tempo, Myasaki Watanabe… — ela responde, percebendo as quatro cruzes nas mangas de seu sobretudo, — Você já é grau quatro? Parece que não é tão fraco quanto pensei — ela diz, desafiando-o com um olhar felino e um sorriso de lado.

— Não? Maldita… — ele murmura, ajeitando suas vestes e encarando-a com um toque de emburramento, — Bem, e quem teve o azar de cair com você? Soube que mesmo os mais queridos da ordem e do velho Kyotaka passaram por uma seleção de afinidade! Foi isso?

— Yamasaki Yami, conhece?

Eles recuam da entrada. Amai tenta sair, mas ele a impede, não saindo de sua frente.

— Ah, não podia ser outro… Loucos devem ficar com outros loucos…

Ela até ri, mas debochada.

— Enfim, preciso me retirar. Ao contrário de você, tenho minhas responsabilidades! — ela diz, quase o empurrando para passar.

Enquanto ele, persistente em sua provocação, ri de sua pressa. Tentando sair por cima, ele odiava, estar por baixo de alguém, ainda mais, uma mulher que representa o clã rival.

— Uau… qual é, Shirasaki? Você deve passar o dia sem fazer nada! O que é tão importante assim, oh, exorcista de grau cinco? — ele provoca com cinismo. Myasaki adora provocar.

— Melhore e descubra! — mas ela responde afiada, cansada de suas provocações.

E com pressa, caminha até o balcão de recepção e avista duas mulheres: uma jovem por volta de vinte anos e uma senhora de cabelos brancos.

— Com licença, gostaria de oficializar e legalizar meu registro e o do meu parceiro… — ela diz à senhora mais velha.

Que imediatamente, procura alguém com os olhos, mas não o acha.

— Bem… — ela a encara novamente, sem paciência, — Pegue este bilhete e vá até a sala de oficialização no segundo andar. Comprove o motivo da ausência dele e tudo estará em ordem, mocinha… mais alguma coisa? — a senhora responde, digitando com firmeza em seu computador e em seguida entregando um pequeno bilhete.

— Ehr, não… Obrigada — Amai agradece antes de seguir seu caminho.

Ela dá passos tímidos até sair do escopo do balcão, e encara a escadaria à sua frente, que a levará ao próximo passo.