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Chapter 12 - Sombras do Passado

A escuridão da noite foi substituída pelo brilho pálido do amanhecer quando o grupo finalmente se reuniu em torno de uma pequena mesa na oficina. O cheiro de graxa e metal queimado impregnava o ar, e cada movimento parecia ecoar no ambiente vazio. Os sons da batalha na noite anterior ainda ecoavam nas mentes de todos, especialmente na de Vicente, que não conseguia afastar a imagem de sua mãe agarrando seu braço com desespero.

Ernesto quebrou o silêncio ao deslizar um novo documento da pasta sobre a mesa. A pasta, que parecia tão inofensiva por fora, carregava o peso de décadas de intrigas e traições.

— Este é o último local onde Rodrigo foi visto. Se quisermos ter uma chance contra ele, precisamos ir até lá.

Ramirez olhou para o papel e franziu a testa. Sua expressão endurecida refletia ceticismo.

— Essa é uma operação suicida. Você sabe o tipo de poder que ele tem, Ernesto.

Ernesto bateu com a mão na mesa, a frustração evidente.

— Justamente por isso precisamos agir rápido. Se esperarmos, ele nos encontrará primeiro.

Maria Augusta, que estava encostada em uma pilha de caixas, observava a conversa com atenção. Seus dedos brincavam nervosamente com um colar que ela não usava há anos, mas que agora parecia uma âncora em meio ao caos. Sua expressão era grave, mas ela finalmente se pronunciou.

— Vocês estão esquecendo algo importante. Rodrigo não é apenas uma ameaça por si só. Ele conhece os segredos mais obscuros de Santiago... e os meus.

Vicente, que até então estava em silêncio, não conseguiu conter sua curiosidade. Ele se aproximou, sentindo o calor da tensão que pairava na sala.

— Do que você está falando, mãe? Que segredos?

Maria Augusta hesitou, seu olhar se voltando para Ernesto como se pedisse permissão silenciosa. Ele assentiu com a cabeça, e ela respirou fundo antes de começar.

— Antes de você nascer, Santiago e eu estávamos fugindo de Rodrigo. Ele sempre quis tomar o controle da organização, mas Santiago se recusava a abrir mão. Rodrigo me viu como uma fraqueza, uma forma de atingir seu objetivo.

Ramirez interveio, sua voz carregada de sarcasmo, enquanto mexia em sua pistola como se para aliviar a ansiedade.

— E parece que ele estava certo.

Vicente deu um passo à frente, cerrando os punhos. Seu tom era firme e direto.

— Pare com isso, Ramirez. Estamos todos no mesmo barco aqui.

Ernesto levantou a mão, pedindo calma.

— Isso não importa agora. O que importa é que Rodrigo provavelmente já sabe que estamos atrás dele. Se ele realmente tem os recursos que penso, nossas chances são pequenas, a menos que trabalhemos juntos.

Miguel, que até então havia permanecido em silêncio, aproximou-se do grupo. Ele limpava as mãos em um pano sujo, mas seu tom de voz era sério.

— Trabalhar juntos é ótimo, mas vocês precisam de mais do que determinação. Precisam de aliados... e eu conheço algumas pessoas que podem ajudar.

Todos o encararam com ceticismo. Ramirez foi o primeiro a falar, quase rindo.

— E por que confiaríamos em você?

Miguel deu de ombros, seu olhar fixo em Vicente como se tentasse avaliar seu caráter.

— Porque vocês não têm outra escolha.

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Planejando o Próximo Passo

Enquanto o grupo discutia a próxima movimentação, Vicente sentiu um peso crescente em seus ombros. Ele olhou para a pasta sobre a mesa, cheia de informações que poderiam destruir vidas, e percebeu que sua própria história estava enraizada naquele emaranhado de conspirações.

Maria Augusta se aproximou dele, tocando suavemente seu ombro. Sua voz saiu mais baixa, quase um sussurro.

— Você não precisa carregar isso sozinho, meu filho.

Ele a olhou, a raiva e a confusão em seus olhos eram evidentes.

— Eu só quero entender, mãe. Quem era realmente o meu pai?

Ela hesitou, mas sabia que não podia mais evitar a verdade.

— Santiago era um homem poderoso, Vicente. Mas também era um homem dividido. Ele fez coisas terríveis, mas acreditava que poderia proteger você desse mundo.

Antes que Vicente pudesse responder, Ernesto chamou sua atenção, interrompendo o momento entre mãe e filho.

— Vicente, você precisa decidir agora. Vamos atrás de Rodrigo, ou desistimos e fugimos para sempre?

Vicente apertou os punhos, sentindo o peso de sua decisão. Ele olhou para a pasta e depois para sua mãe, que parecia estar dividida entre preocupação e orgulho.

— Não vou fugir. Se esse homem é a raiz de tudo isso, então vou enfrentá-lo.

Maria Augusta sorriu levemente, mas seus olhos ainda carregavam o brilho da preocupação.

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Um Novo Destino

Poucas horas depois, o grupo estava em movimento novamente. Miguel os conduzia a um antigo galpão nos arredores da cidade, onde, segundo ele, encontrariam seus contatos. A viagem foi silenciosa, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

Vicente olhava pela janela do carro, tentando organizar as emoções que se misturavam em sua mente. Ele sentia raiva, medo e, acima de tudo, um desejo de fazer justiça, mesmo que não soubesse exatamente como.

Quando chegaram, foram recebidos por uma figura inesperada: uma mulher alta, de cabelos loiros e olhar penetrante. Ela cruzou os braços e examinou o grupo como se já os conhecesse.

— Miguel, espero que saiba o que está fazendo.

— Aurora, esses são os aliados que mencionei. Eles precisam de ajuda.

Aurora Bittencourt, uma estrategista com histórico misterioso, observou Vicente com especial interesse. Ela se aproximou, avaliando-o.

— Então você é o filho de Santiago. Dizem que ele era implacável... Será que você tem o mesmo sangue frio?

Vicente manteve o olhar firme, mas sua voz saiu mais calma do que ele esperava.

— Talvez você descubra.

Aurora sorriu de lado, mas o gesto era mais desafiador do que amigável.

— Então vamos ver do que você é feito.