### O Despertar de Kaelon
No limiar da existência, muito além das galáxias conhecidas, havia um ser chamado Kaelon. Ele não era um deus, nem uma entidade definida pelas leis comuns da física; Kaelon era um fragmento consciente do próprio tecido cósmico. Ele nasceu do primeiro instante do tempo, um eco do Big Bang, carregando em si memórias de tudo que já foi e vislumbres do que poderia ser.
Por eras incontáveis, Kaelon existiu em silêncio, observando. Ele era o guardião do equilíbrio cósmico, garantindo que as forças de criação e destruição dançassem em harmonia. Cada supernova que explodia e cada buraco negro que devorava estrelas eram para ele como notas em uma sinfonia infinita.
Mas algo mudou. Kaelon sentiu uma dissonância. Em uma galáxia distante, uma civilização jovem e ambiciosa, os Zoryth, descobriram uma forma de manipular a energia do vácuo quântico. Com isso, eles começaram a criar buracos de bolso, pequenas dimensões artificiais para explorar e colonizar. No entanto, sua ambição trouxe consequências: a estrutura do espaço-tempo começou a se desgastar, rachaduras se formaram entre as dimensões, ameaçando o equilíbrio universal.
Kaelon, que até então era apenas um observador, decidiu intervir. Ele se manifestou em uma forma que os Zoryth poderiam compreender: uma figura brilhante, composta de luz estelar e nebulosas em constante movimento. Ao surgir diante do conselho dos líderes Zoryth, sua voz ressoou em suas mentes como uma melodia incompreensível, traduzida pelo próprio universo:
— Vocês brincam com forças além da sua compreensão. Suas ações colocam em risco a harmonia de tudo o que existe. Parem enquanto há tempo.
Os Zoryth, contudo, estavam cegos pela sua própria genialidade. Eles viram em Kaelon não um aviso, mas uma oportunidade. Se pudessem conter um ser tão poderoso, seriam capazes de dominar o próprio universo. Eles construíram armas capazes de distorcer as energias cósmicas e lançaram um ataque contra Kaelon.
Mas Kaelon não era um inimigo que poderia ser derrotado. Ele não lutava com armas, mas com a essência do próprio cosmos. Cada disparo lançado contra ele era absorvido e transformado em uma chuva de cometas brilhantes que caíam em planetas estéreis, trazendo vida. Quando os Zoryth tentaram aprisioná-lo em uma dimensão artificial, Kaelon simplesmente se desfez em partículas de luz, permeando todas as suas criações.
Por fim, Kaelon não destruiu os Zoryth. Em vez disso, ele os mostrou as consequências de seus atos. Ele os levou para um plano onde podiam ver o futuro: um universo fragmentado, onde as estrelas morriam mais rápido do que podiam nascer, e a própria vida se tornava impossível. Os Zoryth, diante dessa visão aterradora, entenderam sua falha.
Arrependidos, desmontaram suas máquinas e começaram a reparar os danos causados. Kaelon