Volume 1 Capítulo 7
6:00
Após derrotarem a garota misteriosa, Mike e Beatrice a levaram para a pousada de Mike. Lá, amarraram-na com cordas, prendendo-a firmemente em uma cadeira. Beatrice, sentada à frente, a encarava com uma expressão desconfiada, os braços cruzados enquanto seus olhos analisavam cada detalhe da prisioneira.
— Hmm... — murmurou Beatrice, inquieta, movendo-se na cadeira como se algo a incomodasse profundamente.
Do outro lado da sala, Mike reunia seus pertences, colocando itens em uma pequena bolsa de viagem.
— Onde você vai? — Beatrice finalmente perguntou, desviando o olhar para a bolsa.
Mike olhou rapidamente para ela antes de continuar sua tarefa.
— Vou voltar para ver minha irmã e meu irmão.
— Hm... — respondeu Beatrice, visivelmente incomodada, mas sem insistir.
Alguns segundos depois, um gemido suave ecoou na sala. A garota prisioneira começava a despertar, movendo-se levemente nas cordas.
— Onde estou? — disse ela com a voz fraca, mas carregada de irritação.
Beatrice agarrou o cajado instintivamente, erguendo-o em prontidão. Mike se aproximou com passos firmes, inclinando-se levemente para encará-la.
— Ei, garota. É melhor cooperar. Tive pena de você por ser uma criança, então não me force a mudar de ideia.
A garota, ainda amarrada, estreitou os olhos com raiva.
— Eu não sou uma criança!
Mike arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços enquanto a olhava de cima a baixo.
— Claro que é. Olha só para você.
A garota começou a se debater nas cordas, frustrada.
— Eu sou mais velha que você, pirralho!
Mike não pôde conter um riso irônico. Colocando as mãos na cintura, inclinou a cabeça com um ar desafiador.
— Ah, é? E quantos anos você tem, hein?
A garota ergueu a cabeça com orgulho, mesmo amarrada.
— Eu tenho quatrocentos anos!
A sala foi preenchida com as risadas altas de Mike e Beatrice.
— Tá bom, tá bom... — disse Mike, limpando uma lágrima de tanto rir. — Vou fingir que acredito.
7:00 da manhã
Mike pegou sua bolsa e começou a se preparar para sair.
— Bem, vou levar a pirralha comigo. — Ele ajustou as alças no ombro.
Beatrice hesitou por um momento antes de responder:
— Hm... Tá bom. Se cuida, então.
Mike acenou para ela enquanto partia pela trilha da floresta, com a garota ainda amarrada nas costas.
No meio do caminho, ele quebrou o silêncio:
— Ei, garota. Qual é o seu nome?
A garota resmungou, tentando manter seu ar de superioridade.
— Você não é digno de saber o nome da Emma.
Mike soltou um riso breve, balançando a cabeça.
— Emma, hein? Tá bom, vou lembrar disso.
A caminhada prosseguiu até que, por volta de 12:30, Mike finalmente chegou à casa da bruxa. No entanto, algo estava errado.
Os campos ao redor estavam destruídos. Plantas arrancadas, telhados quebrados, e a porta da casa arrombada. Ele entrou às pressas e, no canto da sala, encontrou seu irmão Makoto, encolhido e tremendo.
— Makoto! O que aconteceu aqui?
Makoto ergueu os olhos arregalados para Mike, sua voz vacilante:
— Eles a levaram, Mike... Eles levaram a Nina.
O coração de Mike afundou. Ele olhou ao redor, notando o caos.
— E a bruxa? Onde ela está?
Makoto balançou a cabeça.
— Ela saiu, Mike...
Mike rangeu os dentes, a irritação aumentando.
— E o gato?
Makoto o encarou com uma expressão confusa.
— Que gato, Mike?
Mike ficou imóvel por um momento, os olhos estreitados em desconfiança.
— O gato que fica voando por aqui. Onde ele está?
Makoto piscou, confuso.
— Não existe gato nenhum, Mike.
O aperto no punho de Mike ficou mais firme. Ele apontou para o rastro de sangue próximo à porta.
— Onde eles a levaram, Makoto?
Makoto apontou tremendo para fora.
— Por ali...
Mike suspirou profundamente, colocando a garota Emma no ombro.
— Fique aqui com as empregadas e não saia! — ordenou antes de sair correndo, seguindo o rastro pela floresta.
14:20
Após horas de corrida pela floresta, Mike chegou a um penhasco. Lá de cima, ele avistou um enorme campo que se estendia até uma capital ao longe. As pegadas desapareciam na borda do penhasco.
— Eles devem ter pulado... Mas como? — Ele olhou para a altura assustadora.
Mike virou-se para Emma, com um brilho de determinação no olhar.
— Ei, garota. É melhor cooperar agora.
Sem dar tempo para ela protestar, ele desamarrou suas cordas e a segurou nos braços.
— O quê?! O que você está fazendo?! — gritou Emma, furiosa.
— Vamos pular! Usa sua magia ou vamos morrer!
— Garoto idiota!
Emma estendeu as mãos em formato de triângulo, e um forte vento começou a desacelerar a queda deles. Quando estavam perto do chão, ela cancelou o feitiço, e ambos rolaram pelo chão.
Mike se levantou, limpando o rosto.
— É disso que eu estava falando.
Sem dar chance de descanso, ele pegou Emma novamente e começou a correr em direção à capital.
A capital estava movimentada, com ruas cheias de barracas e pessoas. Mike segurava firme a mão de Emma, que resmungava o tempo todo.
— Precisamos de informações — disse Mike, mostrando a foto de Nina para um homem.
— Sim, eu a vi. — O homem apontou. — Eles seguiram para as montanhas.
Mike, com novo vigor, correu pela planície em direção às montanhas, o sol refletindo na grama alta.
De repente, o som de cascos ecoou. Quando ele olhou para trás, viu-se cercado por cavaleiros.
— Mas que droga é essa?!
Um cavaleiro avançou, mas Mike desviou com agilidade, golpeando a perna do cavalo e derrubando-o. Enquanto corria para finalizar o oponente, um chute o derrubou no chão.
Quando levantou os olhos, viu um cavaleiro de cabelos longos e brancos, olhos roxos penetrantes e uma aura ameaçadora.
Mike sentiu um calafrio percorrer sua espinha enquanto encarava o cavaleiro à sua frente. A aura que emanava dele era opressiva, como se o próprio ar ao redor tivesse se tornado pesado e sufocante. O brilho sombrio nos olhos do cavaleiro refletia uma ameaça silenciosa, mas letal.
O instinto de sobrevivência de Mike o fez dar um passo para trás, mas, ao virar-se, ele se deparou com algo ainda mais aterrorizante. Um homem enorme, de ombros largos e musculatura imponente, bloqueava sua rota de fuga. Ele segurava um machado descomunal, cuja lâmina parecia grande o suficiente para partir qualquer coisa ao meio. Cada movimento do homem parecia carregado de uma raiva primitiva, quase animalesca, e sua aura exalava brutalidade pura, como se sua presença sozinha pudesse esmagar qualquer resistência.
"Ah!" O grito de Mike escapou involuntariamente, sua voz embargada pelo terror crescente que tomava conta dele. Ele estava cercado, sem saída, entre duas forças que pareciam personificar o próprio caos e a destruição.