Um grande grupo de homens a cavalo chegou à fronteira de Eldoria, onde um contingente de soldados armadurados estava de guarda, suas espadas prontas para qualquer ameaça.
"De onde vocês vêm?" um dos cavaleiros de plantão exigiu, observando suas vestimentas distintas.
"Selvaria," Lucian respondeu, apresentando o selo que o rei havia confiado a ele. "O rei de Selvaria instruiu-me a mostrar este selo aos guardas da fronteira."
"Muito bem. Abram os portões."
Embora o rei tivesse prevenido os cavaleiros sobre a chegada dos Selvarianos, a aparição deles ocorreu mais cedo do que o esperado. Apenas um mês havia passado desde o anúncio do casamento entre os dois reinos, e muitos ainda lutavam para aceitar tal decisão inesperada.
O grande portão se abriu, revelando um suave brilho violeta. Era um portal de teletransporte usado pelos cavaleiros magos na fronteira para facilitar a jornada dos convidados estrangeiros e tornar mais fácil o alcance aos seus destinos.
Lucian não tinha permissão para usar tal luxuosa magia; o rei havia lhe proibido de usar magia desde que ele tinha doze anos.
Inalando profundamente, o jovem de cabelos escuros atravessou a luz violeta, seguido de perto por seus homens.
Num instante, Lucian se viu diante de um imenso castelo pintado de branco. Embora não fosse tão grande quanto o castelo do rei, não era menos grandioso.
O pátio era dividido em duas seções, com uma estrada de asfalto passando entre elas. Inúmeras flores coloridas floresciam de ambos os lados do gramado, adicionando um toque vibrante à cena.
Lucian não pode deixar de sorrir suavemente diante da beleza de tudo aquilo.
"O que é engraçado, Vossa Alteza?" Dylan perguntou, confuso.
Era raro ver seu comandante sorrir. Ele mal podia se lembrar de tal momento.
"Não é nada."
Lucian recuperou sua compostura. Ele estava em território inimigo e não podia se dar ao luxo de apreciar tais trivialidades.
Uma vez que chegaram à entrada do castelo, Lucian e seus cavaleiros foram interrogados pelos guardas.
Após confirmar a sua identidade, ele e seus homens foram solicitados a deixarem suas armas.
"Que absurdo!" Adrian exclamou, perdendo a compostura.
"Mesmo que estivéssemos em guerra, nos gaseando uns aos outros, não planejamos fazer nada!" Dylan retrucou, claramente enfurecido.
Os outros cavaleiros trocaram olhares surpresos diante do pedido inesperado.
Lucian levantou a mão, gesticulando para seus subordinados manterem a calma.
O Grande Duque sacou sua espada e entregou-a ao guarda.
Sem dizer uma palavra, seus soldados fizeram o mesmo. Eles confiavam em seu comandante e acreditavam que ele jamais tomaria uma decisão errada. Eles haviam visto desde o início da guerra; ele sabia quando atacar e quando recuar.
Enquanto um guarda recolhia as espadas, outro apressou-se em notificar a princesa sobre a chegada da delegação de Selvaria.
"Para onde você vai?" Duque Ramsel, que acabara de entrar no corredor, perguntou.
O guarda se curvou antes de falar. "A delegação de Selvaria está aqui. Eu estava a caminho para notificar Sua Alteza, a Princesa."
"Vá em frente. Eu cuidarei disso," Duque Ramsel instruiu, gesticulando para o homem partir.
Uma vez que o guarda havia retornado ao seu posto, o duque começou a caminhar de um lado para o outro, mergulhado em pensamentos.
"O que eu faço...?" ele murmurou para si mesmo. Enquanto ponderava, uma ideia de repente surgiu em sua mente.
A expressão carrancuda em seu rosto gradualmente desapareceu conforme ele caminhava em direção à entrada.
"Bem-vindo, Vossa Alteza," Duque Ramsel cumprimentou o príncipe com uma reverência.
Lucian assentiu. Ele não estava interessado nas cortesias Eldorianas; ele esperava um tratamento mais duro, pior do que havia experimentado no palácio.
Parece que até o inimigo te trata bem quando isso lhes convém.
"Quem o senhor seria?" Lucian perguntou, erguendo uma sobrancelha.
O homem à sua frente não parecia ser um servo do palácio; sua vestimenta era muito elegante para um mordomo.
"Peço desculpas por minha apresentação tardia. Eu sou o Duque Ramsel Jihan, irmão da falecida Rainha Irina e tio da Princesa Cynthia. Permita-me guiá-lo aos seus aposentos por enquanto," o Duque ofereceu, liderando o caminho pelo corredor.
Com um aceno, Lucian e seu grupo seguiram o homem de meia-idade.
Enquanto caminhavam, Lucian notou as paredes pintadas de azul-pastel, sua curiosidade aguçada.
"De quem seria este palácio?" Lucian imaginou.
Era incomum o interior de palácios ser pintado em algo diferente de branco ou bege. Ele nunca havia visto um palácio como este antes.
Duque Ramsel, notando a expressão de Lucian, riu.
"Este é o palácio da Princesa Cynthia, o Palácio de Jade."
Lucian estremeceu com a resposta, surpreso por encontrar a informação que procurava.
"Chegamos," o Duque anunciou antes de Lucian poder falar.
A grande porta de madeira, esculpida com uma ilustração de um leão, rangeu ao ser aberta.
O salão era vasto, grande o suficiente para acomodar toda a delegação, que consistia em quinze pessoas.
"Por favor, sentem-se," Duque Ramsel gesticulou em direção aos vários sofás.
Lucian sentou-se, e seus subordinados, impressionados pelo magnífico salão, fizeram o mesmo.
O Duque sentou-se na frente de Lucian e começou a fazer perguntas irrelevantes.
Por mais que Lucian quisesse pegar sua espada e tratar o homem à sua frente como trataria uma besta, ele não podia. Ele não tinha uma espada consigo, e isso poderia colocar seus companheiros em perigo e comprometer a aliança pela qual ele fora enviado a esse reino.
Por um momento, ele havia esquecido o ódio que sentia pelos Eldorianos. Ele clicou a língua, desapontado consigo mesmo.
Um mero castelo era o bastante para distraí-lo?
Absurdo!
"Ouvi dizer que você não tem um palácio próprio, Vossa Alteza," as palavras do Duque feriram a dignidade de Lucian como príncipe.
Ele não podia negar, mas admitir isso machucava seu orgulho.
Que orgulho? Eu sequer tenho algum?
Encarando o homem à sua frente, Lucian falou.
"Acredito que não estamos aqui para discutir minha vida. Quando Sua Majestade, o Rei, vai chegar?"
Duque Ramsel escarneceu.
"Peço desculpas, mas o rei tem assuntos mais importantes a tratar."
"O senhor está dizendo que não é importante para ele ao menos ter uma audiência com Vossa Alteza?" Dylan interveio, erguendo uma sobrancelha. Ele estava irritado com as observações mordazes do Duque e não entendia por que Lucian não havia respondido a elas.
"Mantenha-se quieto," Lucian ordenou. "Está bem. Podemos ao menos descansar em algum lugar? Estivemos na estrada por bastante tempo e estamos esgotados."
A mandíbula de Lucian se apertou, envergonhada por suas próprias palavras. Ele estava pedindo um favor ao seu inimigo. Que ridículo!
"Claro," Duque Ramsel levantou-se do sofá e gesticulou para os homens no salão seguirem-no.
Inalando profundamente para acalmar sua raiva, Lucian seguiu o homem mais uma vez. Parecia que o homem estava brincando com eles, mas Lucian não podia se dar ao luxo de reagir. Um pequeno erro poderia colocar tudo em risco – o casamento e o título que havia obtido por causa dele.
Enquanto se moviam pelo verde, o olhar de Lucian caiu sobre uma mulher parada à distância. Seus longos cabelos prateados fluíam ao vento, e seu leve vestido roxo esvoaçava suavemente na brisa.
Sem pensar duas vezes, ele se aproximou dela.
"Já nos encontramos antes?"