STELLA andava de um lado para o outro no quarto até que um toque veio na porta, e ela parou. Ela abriu a porta e a única empregada da casa estava ali, com um sorriso educado no rosto.
"Você chamou por mim, jovem senhorita," disse ela.
Stella tentou sorrir, mas o sorriso saiu nervoso. "Um, eu preciso que você faça algo por mim."
"O que é?"
"Isto." Ela abriu a mão, revelando o anel de ouro deformado no centro de sua palma. "Você poderia me ajudar a consertar isso? Eu realmente preciso saber se há uma maneira de consertar."
"Me desculpe, jovem senhorita." A empregada, Maurene, balançou a cabeça negativamente. "Isso não pode ser consertado. Eu acho que não. E mesmo que possa, eu não posso tirá-lo para você, não sem a permissão do mestre."
"O quê?" Stella franziu a testa, confusa. "Por que você precisa da permissão dele?"
Maurene não respondeu àquela pergunta, mas em vez disso, baixou a cabeça educadamente. "Se tem mais alguma coisa que você precise de mim, por favor me avise, eu estarei-"
"Por que você não pode consertar o anel para mim?" Ela disse bruscamente em voz baixa, suas mãos cerrando em punhos. "Isso é importante para mim, e significa muito. Ele a esmagou, e agora eu nem posso consertá-la. Sem a permissão dele?"
"Jovem senhorita, por favor me avise se há mais alguma coisa que você precise de mim. Se não, agora eu vou me retirar." Maurene inclinou-se educadamente e virou-se para sair.
As mãos de Stella ficaram dormentes e caíram ao lado do corpo.
Isso tinha que ser uma piada.
Havia tanto desejo de gritar, de soltar a frustração que ela vinha guardando, mas nem isso ela podia fazer. Ela estava cansada demais para isso.
"Esposa." Uma voz familiar soou de repente, e ela lentamente levantou a cabeça para encontrar o olhar do homem, que a observava de soslaio e sem emoção no rosto.
Seus olhos azuis escureceram, e ela virou-se, entrando no quarto sem dizer uma palavra para ele. Valeric fechou a porta e pôs a mala de lado. "O que foi?"
"O que foi?" As palavras saíram da boca dela antes que pudesse impedir.
Valeric parou e levantou uma sobrancelha perplexa. "O que você quer dizer?"
Stella avançou em direção a ele e estendeu uma mão aberta. "Conserte!"
Os olhos do homem percorreram o anel, e ele encontrou o olhar dela.
"Por que eu deveria?"
"Por que você não deveria?"
Ele tentou oferecer um sorriso. "Você parece menos assustada comigo hoje."
Ela fechou os dedos e a voz tornou-se mais feroz. "Isso é tudo o que você consegue perceber agora. Eu estive tentando encontrar uma maneira de consertar isso, mas eu não consigo! Ninguém quer ajudar, então conserte!"
"E eu perguntei, por que eu deveria?" O frio espalhou-se pelo rosto de Valeric. "Você não precisa disso. Não há razão para você ter algo dado a você pelo seu ex-parceiro. Não mais, e-"
"Eu não sou sua esposa!" Ela soou raivosa de uma maneira que nunca havia sido antes.
"O quê?"
"Você ouviu! Eu. Não. Sou. Sua. Esposa! Nunca mais me chame disso!" Ela o empurrou para trás com toda a força e passou por ele para sair do quarto. No entanto, Valeric agarrou a mão dela e a puxou de volta.
"Eu nunca te machuquei antes, e nunca fiz nada para tal. Por que você me odeia tanto?" As emoções, a profunda confusão e a necessidade de uma explicação eram algo que ela nunca tinha visto arder nos olhos dourados do homem antes.
Mesmo assim, ela arrancou a mão do aperto dele.
Ela cerrou o maxilar e desviou o olhar dele. "Você me pergunta por que eu te odeio?" O amargo cordão de dor e frustração perfurava mais fundo em seu peito, e duas lágrimas caíram pelo seu rosto. "A pergunta deveria ser, que razão existe para não te odiar?"
"Minha vida pode ter sido horrível, e minha família pode ter me odiado e nunca me querido, mas ainda assim estava tudo bem. Eu ainda podia viver com isso, e você sabe por quê?"
O vinco entre as sobrancelhas de Valeric aprofundou-se.
"Eu tinha alguém que eu amava. Alguém que me amava, e que viria me buscar. Ele estaria lá até você chegar. O que ele pensaria se descobrisse que eu fui casada à força?"
"Você arruinou tudo para mim. Me tratou como um objeto e brincou com meus sentimentos. Você me levou mesmo quando eu disse. Você fez o que fez com meu pai, e ninguém, nenhum de vocês, pediu minha permissão ou se eu queria isso!"
"Você prefere ser infeliz em um lugar onde não é desejada?" Valeric avançou, inclinando-se de forma que a confusão que se desenrolava em seus olhos ampliou o total final como um todo.
"Você acha que é melhor aqui?" ela perguntou apaticamente. "Você acha que eu gosto de estar aqui com você? Não! Eu te odeio, e eu odeio aqui. Teria sido menos miserável ficar em casa. Eu tinha esperança, esperando pela única pessoa que se importava comigo. Agora eu não tenho nada! Nada!"
"Você acha que é divertido ser trazida para cá, para esta casa vazia e terrível e ser mantida como se eu fosse uma boneca? Todos os dias são silenciosos, e tudo o que eu faço é pensar como qualquer dia pode ser o dia em que você finalmente decide se livrar de mim e me jogar no buraco como você fez com aqueles outros ômegas?"
"Você estragou cada ômega que foi com você de boa vontade, e agora nenhum pai está disposto a dar suas filhas para você, nem mesmo as que são recessivas. Mas claro, bem ali havia uma garota odiada por sua família, uma que eles venderiam sem pensar duas vezes." Sua voz ficou áspera. "Foi perfeito para você. Eu sou fraca, eu não tenho nada, nem mesmo apoio, então sim, ela não seria capaz de dizer não para você, e ela não seria capaz de resistir mesmo quando você a pegasse e a jogasse sobre seu ombro como se ela não fosse alguém com sentimentos."
"Você sai com ela, e a família dela fica olhando com um sorriso no rosto, pensando que com certeza ela não iria durar muito!!"
"Isso não é verdade." A chama nos olhos de Valeric inflamou, e suas grandes mãos dispararam, agarrando-a rudemente pelos ombros, os dedos cravando no material amassado de sua camisa. "Eu-"
"POR QUE TINHA QUE SER EU?!" Stella gritou, palavras transbordando pela sua garganta. "POR QUÊ?!"
Valeric estremeceu, e sua boca abriu sem palavras.
"O que é que você quer de mim? O quê?" Ela olhou diretamente em seus olhos com olhos lacrimejantes, exigindo uma resposta.
"Responda-me!!"