Antes que Arwen pudesse dizer algo, a ligação foi abruptamente cortada. Era estranho para ela que, para sua mãe, preservar a amizade com Tia Beca fosse mais importante do que a própria vida da filha. Sua mãe preferia que Arwen ficasse em um casamento sem amor por toda a vida a ter que explicar as coisas para a amiga.
Como sua mãe podia ser assim? E com ela – sua própria filha?
Mas com tudo isso, Arwen percebeu uma coisa: não importava o quão determinada ela estivesse, sua mãe nunca permitiria que ela tomasse essa decisão por conta própria. Mesmo que ela decidisse cancelar seu casamento com Ryan hoje, amanhã sua mãe encontraria uma forma de forçá-la a voltar para ele. O ciclo não pararia até que Arwen deixasse sua mãe sem alavancas para usar contra ela.
Enquanto esse pensamento passava por sua mente, os olhos de Arwen percorriam o ambiente. Já que era fim de tarde, perto do final do expediente, não havia muita gente por perto.
Ela não voltaria para casa hoje sem resolver essa questão. Olhou para o relógio, em seguida olhou ao redor novamente, murmurando para si mesma, "Ainda há tempo, Arwen. Você consegue fazer isso." Ela pensou enquanto girava para encontrar alguém.
E foi então que ela avistou alguém. Ela poderia ter escolhido ignorá-lo antes, mas agora, quando estava desesperadamente procurando por alguém adequado, ela não podia mais descartá-lo.
Ela sabia que o que estava planejando fazer não era certo. Mas naquele momento, nada parecia melhor. Ela simplesmente não podia deixar sua mãe ditar sua vida novamente e forçá-la a ficar com Ryan.
Com esse pensamento, ela deu um passo à frente, murmurando para si mesma como se entoasse algum mantra sagrado para construir sua confiança. "Arwen, você não poderá se libertar sem fazer isso. É só colocar sua assinatura ao lado da dele. Já que não há laços emocionais envolvidos, não há com o que se preocupar. Ele trabalha no cartório do juiz de paz; ele deve ser um cara decente. Pedir sua ajuda para forjar uma fachada não vai doer muito."
Enquanto pensava e dava passos para frente, Arwen não percebeu outra pessoa vindo em sua direção. Seu olhar percebeu a direção do olhar dela, e a forma como escureceu foi o suficiente para dizer que ele já havia lido seus pensamentos.
"Ah–" Arwen soltou quando de repente tropeçou. Ela não entendeu como isso aconteceu, mas o aperto firme de alguém em sua mão a impediu de cair.
Talvez fossem suas pernas se recuperando. Na ansiedade de encontrar uma saída, ela temporariamente se esqueceu delas e tropeçou.
"Desculpe-me. Não vi você," ela se desculpou sem nem olhar para quem a havia ajudado. Mas então seu olhar encontrou com os dele, profundos e magnéticos, paralisando tudo ao seu redor. Arwen nunca soube que os olhos castanhos cor de castanha poderiam ter tanta profundidade até hoje. Uma pessoa poderia facilmente passar uma vida inteira explorando-os.
Mas havia algo no olhar dele que parecia familiar para Arwen. Sua expressão se suavizou enquanto perguntava, "Eu te conheço?"
A expressão de Aiden congelou antes de se endurecer lentamente. A maneira como suas mandíbulas se tensaram disse a Arwen que ele estava controlando sua raiva. Mas espera, ela o fez ficar com raiva?
Ela franziu a testa sem entender por um momento, mas então, percebendo a maneira como estava segurando suas mãos, ela pôde adivinhar o porquê.
Ele poderia ter interpretado mal alguma coisa. Arwen rapidamente se firmou sobre os pés antes de soltar suas mãos. "Desculpe, não foi minha intenção. Obrigada por me salvar, embora. Se não fosse por você, eu teria caído com certeza." Ela explicou rapidamente antes de mover seus dedos para ajeitar uma mecha de cabelo solta atrás da orelha.
O olhar de Aiden acompanhou seu movimento. "Tudo bem," ele respondeu, olhando para ela intensamente. Sob seu olhar, Arwen sentiu a mesma familiaridade novamente, mas dessa vez se conteve de perguntar.
Dando-lhe um aceno educado, ela se lembrou do que estava prestes a fazer antes de virar seu olhar em direção ao cartório do juiz de paz. Mas, para seu desânimo, o homem que ela havia visto mais cedo não estava mais lá.
Suas sobrancelhas se contraíram em frustração enquanto ela olhava desesperadamente ao redor procurando por ele. Mas não importava onde olhasse, aquele homem simplesmente havia sumido. Ele foi embora?
"Você está procurando alguém?"
Arwen ouviu Aiden perguntar, e ela se virou para olhar para ele. Havia um tom em sua voz que ela não percebeu. Balançando a cabeça, ela disse, "Não, nada. Quero dizer, ninguém."
Se ela não conseguisse um homem hoje, teria que voltar amanhã para se casar. Seria outro incômodo, mas aquela era a única saída que restava para ela agora.
Enquanto Arwen suspirava interiormente, ela percebeu algo e olhou para o homem à sua frente, e em seguida olhou para trás dele. Não vendo ninguém por perto, seus olhos brilharam, mas ela manteve suas esperanças sob controle. Afinal, ela ainda precisava ter certeza.
"Você também está esperando alguém aqui?" Arwen perguntou, e Aiden a olhou com um interesse que Arwen leu facilmente. Ela rapidamente explicou, "Estou perguntando porque você está parado no Registro Civil sem mulher ao seu lado. Então –"
"Eu preciso de uma mulher ao meu lado quando venho aqui?" ele perguntou de novo, e Arwen deu de ombros despretensiosamente.
"Normalmente sim, porque os casais vêm aqui para pegar suas certidões de casamento."
Aiden sorriu, e aquele pequeno arquear de lábios encantou Arwen por um momento. Mas então ela piscou e pegou suas palavras a tempo.
"Então eu também não vejo seu noivo por aqui. Você também está esperando por alguém?"
Arwen se sentiu um pouco envergonhada. Ele havia facilmente feito ela perceber que estava invadindo seu espaço pessoal. Desajeitadamente, ela coçou o canto da sobrancelha e então disse, "Eu estava esperando antes, mas agora, não estou. Meu noivo me abandonou aqui. Ele não veio."
Ela disse com tanta facilidade que isso divertiu Aiden. Olhando para ela, ele perguntou, "Então, o que você quer agora?"
"A certidão de casamento." Arwen respondeu sem qualquer formalidade.