Quando Arwen viu Gianna resmungando, perguntou, "Aconteceu alguma coisa?"
Mas Gianna apenas balançou a cabeça. "Não aconteceu nada. Não vou te contar, então não pergunte," ela retrucou, fazendo Arwen se encolher instintivamente um pouco com o tom áspero dela. Era claro que Gianna estava brava com algo, mas não diria o quê.
"Tá bem, não estou perguntando sobre isso. Me diz, o que o médico disse? Vou ter alta?"
Gianna assentiu, ainda resmungando baixinho. "Eles disseram que você pode ter alta amanhã, mas vou pedir para que seja hoje ao invés disso. Você tem o número do Dr. Clark?"
Arwen franziu a testa. "Não, não tenho. Por que você quer o número dele, afinal?"
"Claro, para ligar para ele. Por que mais?" Gianna falou irritada antes de acrescentar, "Você esteve sob observação dele, então precisamos da aprovação dele antes de te dar alta, ao que parece. Pensei em ligar para ele e verificar."
"Tudo bem, Anna. É só uma questão de um dia. Eu posso sair amanhã. O Dr. Clark virá mais tarde de qualquer maneira. Quando ele estiver aqui, podemos perguntar a ele sobre isso," Arwen disse, não vendo problema nisso. Mas Gianna parecia inquieta e determinada.
"Não. Você não pode ficar aqui por mais tempo. Vai ter alta com ou sem a permissão do Dr. Clark." Dizendo isso, Gianna não deu tempo para ela responder e saiu do quarto novamente.
Logo após ela sair, uma enfermeira entrou no quarto. Seu olhar encontrou o de Arwen, e Arwen sentiu que viu algo nos olhos da enfermeira. Ela não mencionou, mas a enfermeira se aproximou para falar por conta própria.
"Não é de se admirar que você tenha ficado constrangida quando o namorado foi mencionado outro dia. Ele não merece você. Você é uma garota tão doce e bonita; com certeza vai encontrar alguém melhor," a enfermeira disse, e Arwen arqueou as sobrancelhas confusa.
Nos últimos dias, ela se aproximou das enfermeiras e dos médicos aqui, mas nunca havia discutido nada sobre Ryan. "Desculpe, Irmã Ambrosina, mas o que aconteceu? Por que você está de repente mencionando meu namorado?"
"Oh, eu apenas o vi lá embaixo. Embora ele parecesse bonito, você não pode confiar nos homens só pela aparência. Seu namorado deve ser devotado a você. Se ele tem outra mulher ao lado dele, então ele não presta." As palavras da enfermeira fizeram o olhar de Arwen correr para a porta por onde Gianna havia saído mais cedo.
Sua raiva fazia sentido agora. Sem ninguém contar, Arwen podia adivinhar o que poderia ter acontecido. Conhecendo a personalidade de Gianna, não era difícil descobrir.
"Irmã, Gianna — minha amiga saiu às pressas. Pode me levar até ela?" Arwen perguntou, e a enfermeira concordou após alguma hesitação.
"Ok, vou pegar a cadeira de rodas." Irmã Ambrosina disse, e do canto do quarto, ela trouxe a cadeira até Arwen antes de ajudá-la a entrar nela.
Elas desceram mas não conseguiram encontrar Gianna. Elas verificaram o consultório do médico, mas nem o médico nem Gianna estavam lá.
"Parece que Anna saiu para resolver alguma coisa. Desculpe pelo incômodo, Irmã," Arwen disse, com um sorriso educado mas a enfermeira balançou a cabeça.
"Está tudo bem. Eu vou te levar de volta." Dizendo isso, ela estava prestes a levar Arwen de volta para o elevador quando alguém chamou a enfermeira.
Quando Arwen se virou para olhar, ela viu um funcionário do hospital correndo em direção a elas. "Irmã Ambrosina, o paciente pelo qual você está cuidando entrou em estado crítico de repente. O médico está chamando você."
"Como assim? Ele estava bem mais cedo." A voz da Irmã Ambrosina estava cheia de preocupação, e Arwen olhou por cima do ombro para olhar para ela.
Tocando as mãos da enfermeira, Arwen falou, "Você pode ir primeiro. Eu volto sozinha."
Como a situação parecia séria, a enfermeira assentiu antes de correr de volta com o funcionário. Arwen ficou observando ela partir e depois virou-se para levar a si mesma ao elevador. Mas então, ela ouviu uma voz familiar chamar.
"Arwen, você está aqui também?"
Era Delyth, que tinha acabado de sair e notou Arwen ali.
Arwen reconheceu a voz dela e se virou para vê-la. "Delyth!" Ela olhou ao redor, não vendo Ryan, perguntou, "Gianna disse que você não estava bem e tinha vindo ao hospital para um exame. Como você está se sentindo agora?"
Delyth sorriu e falou de forma melosa, "Oh, você está preocupada comigo. Arwen, você sabe como é o Ryan. Até se eu espirrar, ele vira o mundo de cabeça para baixo por mim. Foi algo assim. Uns dias atrás, eu torci o tornozelo em um acidente, e Ryan correu até aqui para me ajudar, deixando uma de suas reuniões muito importantes. Eu não sabia antes, mas depois, me senti culpada."
Arwen olhou para ela. Uma torção de tornozelo? Claro, ela parecia totalmente ilesa do acidente.
"Mas você sabe que o Ryan sempre foi assim. Se ele se importa com alguém, ele abandonaria tudo por eles." Para um estranho, as palavras de Delyth poderiam não parecer fora do lugar, mas Arwen sabia que ela estava apenas jogando sal em sua ferida aberta. "Arwen, você não me culpa, né?"
Arwen sorriu e balançou a cabeça. Sua atitude era tão despretensiosa que fez Delyth cerrar os dentes. "Você é amiga do Ryan. Claro que ele se importaria com você. Como eu poderia me incomodar com isso?"
Não conseguindo esconder seus verdadeiros sentimentos por muito tempo, a expressão real de Delyth logo surgiu. Debochando arrogantemente, ela disse, "Arwen, você sabe melhor do que ninguém quem eu sou para o Ryan. Não esfregue seu noivado na minha cara porque não vale a pena; é vergonhoso."
Arwen permaneceu calma. "Mesmo que seja vergonhoso, é algo que você não pode mudar, Delyth. E você sabe disso melhor do que ninguém." Ela se virou novamente e apertou o botão do elevador.
Os dedos de Delyth se apertaram fortemente, incapazes de suportar a atitude composta de Arwen. Se ao menos o acidente tivesse sido bem-sucedido, Arwen não estaria viva hoje para fazer essa cara. Foi um erro dela; ela deveria ter ordenado sua morte, não apenas tentado assustá-la.
Mas não era tarde. Um brilho cruel cruzou o olhar de Delyth, e antes que Arwen pudesse entender ou registrar qualquer coisa, ela sentiu sua cadeira de rodas sendo empurrada, enviando-a ao chão.