"Gale…" Cisne repetiu o nome. Então, ela se atrapalhou de repente e se desculpou, "P-perdão, Vossa Majestade. Não deveria ter me dirigido a você sem um título. Eu-Eu vou lhe chamar de Mestre Gale de agora em diante."
"Apenas Gale. Eu não sou seu mestre, e você não é uma serva para mim," disse Gale. Mas isso ainda não impediu Cisne de se preocupar.
Ela havia sido condicionada a duvidar de tudo que as pessoas lhe diziam. Sempre que recebia instruções, especialmente de Aria ou da Rainha Mãe, elas propositalmente tornavam as coisas complicadas ou confusas, para que ela errasse e lhes desse uma chance de puni-la sob os olhos vigilantes do rei falecido.
Ela duvidava que a fera seria tão gentil com ela.
"Perdão, Mestre Gale. Eu-Eu não acho que eu possa—"
"Não me faça repetir. Me chame de Gale."
"M-mestre—"
"Gale! Você está surda?!"
Cisne teve um mini ataque cardíaco quando Gale a repreendeu. Ela ficou pálida instantaneamente, e seus olhos estavam à beira das lágrimas.
Ela rapidamente abaixou a cabeça novamente e se desculpou, "P-perdão, Gale."
O rei das feras zombou, "Levará duas horas para entrar em meu território, então se acomode. Não quero ouvir uma princesa delicada reclamando de estar entediada."
"Eu-Eu não vou..." Cisne respondeu. Ela ouviu do cozinheiro que o Santo Achate e o reino dos homens-bestas não eram tão distantes, o que também era uma das razões pelas quais seu falecido pai, o Rei Tyrion, invadiu o território dos homens-bestas.
Gale virou a cabeça e a ignorou completamente depois disso.
O ambiente ficou tenso após isso. Cisne não ousava levantar a cabeça, muito menos começar uma conversa para quebrar o gelo entre eles. Ela estava aterrorizada de irritá-lo ainda mais.
Enquanto isso, Gale nem mesmo lhe lançava um olhar. Ele simplesmente cruzou os braços e depois se tornou irresponsivo após isso.
Cisne supôs que Gale estava dormindo, mas ele ainda parecia forte e consciente apesar de parecer irresponsivo. Isso a fez lembrar dos guardas que frequentemente dormiam em serviço, mas acordavam assim que ouviam um passo se aproximando.
Cisne não queria perturbar o sono dele, então simplesmente voltou sua atenção para o prado no lado esquerdo da estrada.
Esta era a primeira vez que ela via um prado tão belo com uma vista da montanha no final dele. Ela tinha visto em pinturas dentro do palácio, mas nunca tinha visto um na vida real.
Ela se perguntou se o prado cheirava exatamente como ela imaginava que seria, fresco como linho que acabara de ser lavado e secado. Era a coisa mais fresca que ela podia imaginar enquanto estava presa no palácio.
Assim, Cisne tentou abrir a janela apenas para sentir o cheiro do prado. Ela virou o trinco da janela e a empurrou para abrir, fazendo um barulho de ranger que rapidamente acordou Gale.
Ele levantou a cabeça levemente, mas não disse nada enquanto observava Cisne, que colocou a cabeça para fora, inspirando profundamente enquanto a carruagem continuava avançando pela estrada pavimentada.
Ela não conseguia descrever o cheiro, mas era ainda melhor que o jardim do palácio porque não havia um intenso cheiro de flores por toda parte. No geral, ela preferia este.
Cisne não tinha suas muletas, então usou seus joelhos para apoiar seu corpo. Ela esticou metade do corpo para fora para inalar mais daquele aroma que nunca havia sentido antes.
Ela fechou os olhos e pensou, 'Se eu pudesse acordar com esse cheiro todos os dias. Não quero ficar presa pelo resto da minha vida.'
Cisne estava imersa no aroma do prado quando de repente ouviu uma voz a chamando, "O que você está fazendo."
"Ah!" Cisne se assustou. Ela perdeu a pegada e quase caiu da carruagem quando Gale rapidamente a agarrou pela cintura e a puxou de volta.
Levou um momento para ela perceber que estava sentada no colo da fera. Ela tentou se levantar, mas Gale manteve a mão em sua cintura, garantindo que ela permanecesse no lugar.
"Eu perguntei a você. O que está fazendo?"
"Ah-uhm... Eu-Eu só queria sentir o cheiro de um prado..." Cisne respondeu envergonhada. Ela tentou sair do colo dele mais uma vez, mas estava presa nessa posição desconfortável. "Minhas desculpas, Ma—Gale. Eu-Eu estava apenas curiosa... Não farei isso novamente."
Gale observou como a pequena dama se contorcia em seu abraço. Cisne usava um vestido de casamento que estava um pouco folgado para seu corpo, além de ter alguns buracos que pareciam ter sido remendados às pressas. Alguns desses remendos começaram a se rasgar enquanto ela continuava se mexendo.
Isso deu a Gale muitas pistas do que esperar quando eles consumassem seu casamento.
Sua respiração começou a se intensificar, mas ele não era estranho aos truques femininos. Então ele se inclinou mais perto e sussurrou em seu ouvido, "Sua mãe te ensinou esses truques?"
"T-truques?" Cisne estava sem entender o que seu novo marido estava pensando. "Me desculpe. Mas eu não entendo..."
Cisne estava encarando Gale com seus belos olhos que lembravam o oceano. Esta era a primeira vez que Gale prestava atenção em seus olhos porque ela era muito tímida. Ela havia baixado a cabeça, desviado o olhar e fechado os olhos apenas para evitar ele.
No entanto, ela parecia tão inocente dessa vez, com um par de olhos semblantes a de um cervo que a faziam parecer tão indefesa e confusa.
"Colocando metade do seu corpo para fora da carruagem, usando um vestido de casamento solto, fazendo essa expressão. Eles certamente te ensinaram bem," comentou Gale com um toque de zombaria. "Admito, sua atuação é muito boa. Muito melhor que muitas que tentaram métodos similares comigo."
Cisne ainda não tinha ideia do que Gale estava falando. Mas ela estava assustada de irritá-lo, então ela se esforçou novamente e disse, "P-por favor, me deixe ir. Eu posso me sentar sozinha."
Em vez de deixá-la ir, Gale envolveu ambos os braços ao redor de sua cintura e coxas, e ela deu um gritinho quando sentiu cócegas enquanto a mão calejada dele traçava sua coxa.
"Fique quieta. Você não precisa fazer esses truques para mim. Você já é minha esposa."