Felipe ainda está dentro do hospital, o hospital tem paredes brancas bem claras e pessoas andando por tudo que é canto, o cheiro do hospital é aquele típico cheiro de remédios e álcool, mas também com um leve cheiro de sangue.
Felipe estava parado, olhando para seus amigos através de uma janela, seus amigos estavam inteiramente enfaixados e o rosto de Felipe não demonstrava nada além do ódio, do ódio que ele sentia de si mesmo, do ódio que ele sentia disso tudo, e do ódio que ele sentia de Ravok.
De repente Felipe escuta uma voz famíliar, ao olhar para o lado ele vê a mãe de Caio, correndo até ele. Quando ela chega na frente de Felipe ela pergunta por Caio, e Felipe não diz nada, apenas abaixa a cabeça. A mãe de Caio olha para o lado, para a direção da janela onde os garotos estavam, ela vê seu filho e seus amigos totalmente enfaixados e desacordados, sobrevivendo a base de máquinas respiratórias. A mãe de Caio não aguenta e desaba totalmente. Ela coloca suas mãos no vidro como se tentasse tocar em seu filho através dele, ela chorava, chorava tanto que mal conseguia respirar. "Meu filho— Meu filho. O que fizeram com você?" Murmurava a mãe de Caio, enquanto se ajoelhava no chão. O som de seu choro dominava o local, sendo a única coisa que Felipe conseguia ouvir.
Felipe não consegue aguentar isso, ele fecha seus olhos e cerra seus punhos. "Eu falhei com eles." Sussurrava Felipe. A imagem de seus amigos sendo esmagados na sua frente ainda era fresca em sua mente e com certeza não iria desaparecer tão cedo. Mas então a tristeza que ele sentia é consumida por outro sentimento, raiva, ódio e culpa. Felipe queria descontar essa raiva, ele queria afundar a cabeça de Ravok no chão e desfigurar todo seu rosto junto com seu corpo, ele estava decidido, ele iria se fortificar, iria ficar mais forte, para que da próxima que Ravok aparecer Ravok sofra uma dor incompreensível.
Não importa que talvez ele não consiga, não importa que talvez Ravok mate ele também, ele já está decidido e nada vai fazer ele mudar de ideia.
Felipe abre os olhos e olha para a mãe de Caio, coloca a mão em seus ombros. "Eu sinto muito, eu não consegui proteger o Caio, eu não consegui proteger nenhum deles. Eles que me protegeram." Diz Felipe, sua voz está trêmula, suas mãos estão tremendo, mas não por medo de morrer, ou por medo de que aconteça com ele o mesmo que aconteceu com seus amigos, e sim de ódio. Ele coloca a mão na janela, olha para seus amigos e ali ele faz um trato consigo mesmo, ele vai treinar até não aguentar mais, até seus ossos quebrarem, até ele ser mais poderoso que Ravok.
Felipe sai às pressas do hospital e volta correndo para a Pedreira, ao chegar lá ele vê muitas pessoas tirando fotos perto do sangue e do local onde seus amigos estavam, para eles aquilo era divertido, Felipe encara aquelas manchas de sangue e começa a ter pequenas lembranças sobre aquela noite, lembranças que soam como facas cortando todo seu sistema nervoso. Felipe corre para fora da pedreira com as mãos na cabeça sentindo fortes dores, ele tenta encontrar um local mais vazio para poder treinar.
Depois de um tempo procurando Felipe encontra um local não tão longe da pedreira, um campo aberto que é rodeado por uma grande floresta, tudo que ele consegue pensar olhando para aquela paisagem é o bioma de planícies do Minecraft.
Felipe se senta no chão e tenta pensar no que ele poderia fazer, ele sabe que, se treinar apenas o Ki, jamais chegará ao nível de Ravok. Ravok é um guerreiro treinado, enquanto Felipe é só um garoto. Sabendo disso, ele decide treinar seu corpo para se fortificar.
Felipe começa fazendo treinos longos e intensivos usando o próprio peso para isso, fazendo flexões, abdominais e agachamentos. No momento é só isso que ele consegue pensar em fazer.
Ele empurrava o chão para fazer uma flexão, seus músculos imploravam por descanso, mas Felipe se recusava a parar, seus ossos faziam barulhos estranhos, mas mesmo assim ele não parava, ele sentia como se seu corpo inteiro estivesse queimando no fogo.
Depois de um longo tempo treinando ele está ofegante, ele não nasceu pra ser forte fisicamente mas sabia que tinha que ficar, ele é o mais fraco em questão de força física e isso não podia continuar assim. Ele descansa por um momento e volta pro treino, sem parar, sem fraquejar.
2 horas se passam, ele está esgotado, não consegue nem mover os braços direito, ele sente o sol extremamente quente acima dele, a luz do sol só piorava o cansaço que ele sentia, o suor escorria pelo seu rosto, um suor frio.
Felipe fecha os olhos e começa a meditar, ele sente o ki de tudo ao redor dele, da grama, das folhas, o ki é a energia da vida, ele sente principalmente o seu ki, ele tenta canalizar todo esse ki dentro dele mesmo, dentro de cada músculo. Felipe sentia todo seu corpo formigar e esquentar ainda mais, ele se levanta do chão ainda dolorido e com os olhos fechados e foca todo o seu ki em seus braços, tentando canalizar seu ki de uma forma mais eficiente. Ele sabe que Ravok não era apenas forte fisicamente, mas ele estava usando o ki em seus braços para causar mais dano, Felipe tem que aprender a fazer o mesmo.
Ele cerra seus punhos focando todo seu ki em seu braço direito e desfere um golpe no ar. O golpe foi muito mais rápido do que Felipe esperava, como se seu braço por 1 minuto tivesse virado um míssel. Ele abre os olhos e olha para sua mão, ele sorri percebendo que pode ficar mais forte. "Eu não estou fazendo isso por mim, é por eles, somente por eles." Sussurra Felipe, com determinação em seu olhar.
Fim do capítulo 4.