A humilhante lembrança da noite de núpcias voltou a ela quando Leonica surpreendeu Angelina sentada confortavelmente em sua cama matrimonial como se fosse a verdadeira dona da casa.
"V-Você! Como entrou aqui?" Leonica sibilou, a raiva subindo à superfície de seu semblante enquanto um olhar fulminante se formava em seus olhos.
Angelina não disse nada, em vez disso, apenas encarou Leonica provocativamente. E no segundo seguinte, a porta do banheiro se abriu por trás e Gabriel saiu, com uma toalha de banho enrolada na cintura enquanto seus cabelos molhados grudavam bagunçadamente em seu rosto.
O coração de Leonica se despedaçou naquele momento e seus olhos se encheram de traição, dor e irritação, especialmente quando a expressão facial de Gabriel se transformou em desprezo após avistar sua presença.
"Gabriel, o que ela está fazendo aqui?" Leonica exigiu enquanto fechava as mãos em punhos.
Angelina não perdeu tempo e correu para o lado de Gabriel, enfiando descaradamente o rosto em seu peito nu, agindo como um gato assustado.
Gabriel não fez esforço algum para se afastar do toque dela nem para afastá-la, pelo contrário, ele a abraçou, envolvendo Angelina com o braço.
"Está bem?" Ele perguntou a ela com uma expressão suave.
A cena enfureceu Leonica tanto quanto a machucou. Ela apertou o punho, unhas cavando dolorosamente na palma da mão enquanto tentava impedir sua raiva de transbordar.
"Gabriel..." Ela perguntou novamente, o rosto contorcendo em raiva. "Estou perguntando por que essa mulher está aqui."
"Isso não é da sua conta, Leonica," Gabriel respondeu, sua expressão se tornando gelada assim que tirou os olhos de Angelina.
Não da sua conta? Lá estava de novo. Ele não tinha outras palavras para ela além dessa, tinha? Leonica começou a se sentir como uma piada. Mãe estava certa, por que ela deveria perder tempo com um homem insensível?
"Você está certo." Ela espremeu um sorriso irônico enquanto assentia, "Não tenho interesse no que vocês estavam fazendo juntos."
"Mas essa é a minha casa," Ela acrescentou, tentando ao máximo soar calma e composta. "E eu não quero vê-la aqui. Saia desta casa, imediatamente."
"E se eu recusar?" Gabriel contra-atacou, fazendo Leonica estremecer, seus olhos arregalados. "Se você não pode tratar minha convidada direito, você pode voltar para a casa dos seus pais e passar a noite lá!"
"O-Quê?"
Seu marido estava realmente dizendo para ela deixar A casa deles por outra mulher?
A mesma mulher que havia partido o coração dele e o deixado um caco há três anos?!
Leonica ficou sem palavras.
"Você me ouviu." Ele afirmou, os olhos desafiadores. "O que está esperando?"
"Não," disse Leonica, surpreendendo não só Gabriel, mas também Angelina que levantou o olhar para ela em choque.
"Por que eu deveria ir embora?" Ela objetou, dando um passo ousado à frente e olhando diretamente para Gabriel.
"Esta é a minha casa, não dela. Tenho o direito de pedir para qualquer estranho sair."
A firmeza em seu rosto o surpreendeu; afinal, Leonica sempre foi alguém de obedecer suas palavras e parecia mansa. Ela raramente retrucava ou objetava sobre qualquer coisa que ele dissesse.
"Esta casa não é só sua, Leonica. Eu sou tão dono desta casa quanto você. Tenho o direito de convidar quem eu quiser para cá." Gabriel retrucou, o maxilar tenso.
Leonica sabia que isso era um sinal de sua raiva, mas naquele momento ela não se importou.
"Agora você lembra que é a NOSSA casa." Leonica desdenhou, "Ou devo te lembrar com mais exatidão? Está no meu nome, sozinha."
O olhar dela era tão cortante que ele ficou um pouco desacostumado. Leonica não mentiu, a casa era um presente de casamento da Vovó para eles. Ele não se importou muito quando a Vovó decidiu colocar no nome de Leonica. Mas agora, vendo tal face impositiva dela o deixou ainda mais enfurecido.
Ignorando suas palavras, Gabriel insistiu. "Angelina não vai a lugar nenhum. Não me importo se você quiser o contrário!"
Ouvindo as asneiras dele e vendo como ele aconchegava Angelina em seus braços como se ela fosse sua verdadeira esposa, Leonica não conseguiu mais segurar sua raiva.
"Gabriel Bryce, como você pode ser tão descarado?" Ela perguntou, encarando o marido atroz e sua amante. "Não teme que isso decepcione a Vovó...?"
As palavras de Leonica permaneceram inacabadas quando um enfurecido Gabriel balançou a mão pelo ar, estalando a palma limpa em sua bochecha esquerda.
O som ressoou pelas paredes vazias do quarto deles, surpreendendo tanto Angelina quanto Leonica.
Nunca, nos seus três anos de casamento, Leonica esperava que Gabriel levantasse a mão contra ela.
Com uma bochecha latejando e olhos incrédulos e arregalados, Leonica segurou a bochecha vermelha e encarou o marido que a olhava furiosamente.
"A coragem de você mencionar minha avó. Você não tem direito nenhum!" Ele cuspiu, dando um passo à frente e cravando o dedo indicador dolorosamente em seu ombro, fazendo-a recuar vários passos.
"Lembre-se bem disso, Leonica Romero, se não fosse pelo desejo da minha falecida avó, eu preferiria estar morto do que me associar com alguém como você, quanto menos ter você como minha esposa."
Suas palavras eram tão frias e seus olhos tão odiosos para ela que Leonica sentiu como se um balde de água fria tivesse sido subitamente jogado sobre ela, despertando-a para a realidade que ela vinha negando nos últimos três anos.
Ela amava Gabriel, mas estava claro que ele nunca a amou.
Sem amor, como ele daria a seu bebê uma família quente e amorosa? O que ele realmente queria seria um filho com Angelina, certo?
Leonica sentiu o peito pesado, como se algo de repente tivesse se alojado em sua garganta e estivesse bloqueando sua respiração, e seus olhos arderam.
Ela estava prestes a chorar, podia sentir as lágrimas ameaçando cair.
Mas tinha que se conter.
Já que ele não tinha coração por ela, ela poderia mostrar ainda menos fraqueza, especialmente quando Angelina a destruidora de lares ainda estava aqui, assistindo silenciosamente a toda a briga levantada por ela.
Então, mordendo o lábio inferior e afastando as lágrimas, Leonica ergueu a cabeça. Ela suspirou enquanto se armava com um olhar afiado e feroz.
Não havia necessidade de agir e fingir ser tímida.
Mãe e Pai estavam certos, não havia nada que valesse a pena mantê-la neste casamento. Então, antes de mais nada, por que ela deveria facilitar para eles?
"É melhor não me testar, Gabriel Bryce." Leonica o lembrou, "Eu, Leonica Bryce, ainda sou sua esposa."
A maneira como ela o olhou foi tão calma e desconhecida que pegou Gabriel de surpresa.
E antes que ele falasse, Leonica ameaçou, "Se você realmente quer esse divórcio, então tire essa mulher daqui agora."