Após uma madrugada inteira lendo sua novel favorita, Mateus finalmente se deu conta de que precisava dormir. Seu corpo pesado e os olhos cansados mal obedeciam sua vontade de se levantar. "Droga… daqui a pouco o despertador toca," murmurou, deixando-se afundar no colchão.
Quando os olhos se fecharam, o que parecia apenas o início de um sono profundo logo se transformou em algo mais. De repente, ele acordou, mas ao invés de sentir a cama, sentiu grama fresca e um leve calor de sol tocando seu rosto. Confuso, piscou algumas vezes. Ele estava cercado por uma floresta verdejante. O cheiro da terra e o som dos pássaros eram tão reais que, por um momento, acreditou que ainda estivesse sonhando.
Ainda tentando se convencer de que estava em um sonho, lembrou-se das histórias de fantasia que tanto lia. "Não... isso é impossível. Teletransporte só acontece em livros." Pensou em voz alta, ainda negando a situação. Mas, antes que pudesse raciocinar mais, uma voz profunda ecoou, fazendo seu corpo inteiro gelar.
"Saudações, jovem," a voz retumbou ao redor, como se estivesse em toda parte. Ele olhou em volta, mas não havia ninguém. Somente após alguns segundos percebeu que a voz vinha de um colar, um estranho amuleto que flutuava bem diante de seus olhos. O colar brilhava com uma energia antiga e majestosa, e a voz parecia emanar dele com poder e autoridade.
"Antes que você faça perguntas demais, saiba que meu tempo aqui é curto. Sou o senhor de um domínio no décimo céu, e preciso de pessoas confiáveis para carregar fragmentos do meu poder," disse a voz. "Você foi escolhido por esta relíquia, que carrega o Dao da Invocação, um caminho que trilhei há milhões de anos. Se aceitar este fardo, você poderá seguir o mesmo caminho."
Ele mal sabia o que responder. Cada palavra soava estranha e poderosa, com uma complexidade que mal conseguia processar. Então a voz continuou, explicando algo sobre o conceito de karma: a partir do momento em que aceitasse a relíquia, tudo de bom que conquistasse por meio dela teria um custo. Esse custo precisaria ser pago ao senhor no futuro. O destino havia o colocado diante de uma escolha, mas as consequências dessa escolha não lhe eram claras.
Ainda assim, olhando para o colar flutuante, sentiu uma pressão esmagadora, como se estivesse diante de algo muito além do entendimento humano. Após um momento de hesitação, sentiu que não havia volta e, sem saber exatamente o que esperar, estendeu a mão, pegando a relíquia. Ao colocá-la no pescoço, sua visão escureceu completamente.
De repente, uma voz robótica e impessoal reverberou em sua mente: "Processando memórias... Analisando dados para otimizar desenvolvimento…". Não podia enxergar nada ao redor, apenas ouvia a voz que repetia palavras sobre processamento, como se um sistema estivesse sendo ativado dentro dele. Após alguns segundos, a escuridão se dissipou e uma tela azul flutuante surgiu diante de seus olhos — um painel com detalhes, como nos jogos que tanto adorava.
Seu nome estava escrito no topo, seguido por outras informações básicas: como, idade: 25 anos, nível de cultivo: Primeira Estrela da Fundação Corporal — e, logo abaixo, um título que dizia Dao da Invocação. Ao lado, viu poucas opções que apareciam: Inventário, Mapa, tinha outras funções, mas ele não conseguia ver pois estavam com sinal de cadeado. No canto superior direito, um número destacava-se em vermelho: Dívida cármica 0
Enquanto tentava entender a interface, uma nova mensagem surgiu: "Deseja aceitar formalmente o contrato de karma com o senhor do décimo céu?"
Ele hesitou, lembrando-se das palavras sobre as consequências do contrato, mas, movido pela curiosidade e pela sensação de que não havia retorno, pois provavelmente se apertasse em não o seu precioso sistema desapareceria... Então sem muitas escolhas clicou em Sim.
Assim que aceitou, a tela desapareceu, e ele sentiu uma onda de energia se espalhar pelo corpo.
Após isso, tentou se comunicar com a voz do senhor, mas percebeu que ela já havia desaparecido. Agora estava completamente só.
Com o calor do sol tocando sua pele e o canto dos pássaros ecoando pela floresta, ele respirou fundo e murmurou para si mesmo: "Que p**** é essa...? Tô num anime, mangá, ou livro?" As ideias giravam rápido, criando uma confusão de sentimentos. Em parte, ele sentia uma felicidade e uma expectativa quase infantis; por outro lado, uma descrença gigantesca ainda ecoava em sua mente. "Se alguém me contasse essa história, eu juraria que a pessoa tinha batido a cabeça em uma quina! Eu seria o primeiro a ligar pro hospício."
Apesar de tudo, ele decidiu deixar as dúvidas de lado. O que importava agora era aproveitar essa chance que parecia um sonho — ou um delírio muito convincente. Olhou para a tela azul flutuante à sua frente, percebendo que havia várias opções para explorar. Curioso, decidiu abrir a aba escrita Inventário.
Assim que tocou na opção, a tela reorganizou-se e exibiu uma lista detalhada das técnicas e habilidades de cultivo que ele possuía. O primeiro item chamava sua atenção: Técnica de Cultivo de Invocação para Estabelecimento da Fundação. Ao lado, estava marcado como Aberto. Ele entendeu que essa técnica era o ponto de partida, a base para iniciar seu caminho de cultivo e, provavelmente, uma espécie de manual para começar a acessar o poder daquela relíquia.
Logo abaixo, encontrou outras técnicas e reinos marcados como Trancado ou, em alguns casos, até mesmo ilegíveis, com caracteres embaralhados como "##@@". Ele tentou abrir uma dessas opções, mas a tela apenas exibiu uma mensagem fria: "Nível insuficiente para visualizar esta técnica."
Voltou sua atenção à única técnica desbloqueada, Técnica de Cultivo de Invocação para Estabelecimento da Fundação, e a selecionou. Uma nova janela surgiu, descrevendo o passo inicial de seu cultivo e fornecendo uma série de instruções detalhadas sobre como canalizar e absorver a energia ao seu redor. Cada linha do texto parecia quase viva, como se estivesse aguardando que ele colocasse tudo em prática.
Ele fechou a tela e respirou fundo. Abaixando a cabeça e depois olha do para cima após alguns segundos olhando para o céu como se fosse chorar a qualquer momento... Do nada " AEEEE Caral@###@##@#!!!". Com suas mãos pra cima em comemoração, só havia sons de bater de assas pois sua gritaria acabou assustando alguns pássaros das árvores ao redor.