Capítulo: O Despertar do Núcleo Escuro
A floresta estava silenciosa, o único som era o farfalhar das folhas ao vento. Heitor, de pé diante da torre agora imponente e de 30 metros, sentiu uma calma estranha após o caos de sua atualização. A torre, agora amplificada e mais robusta do que jamais imaginara, irradiava uma aura poderosa. Era o culminar de meses de esforço, estudo e aperfeiçoamento. Mas naquele momento, enquanto seus olhos ainda contemplavam sua criação, uma nova sensação começou a se espalhar por seu corpo.
Algo em seu interior, algo profundo e latente, começou a despertar.
Ele sentiu, primeiro, como uma pressão. Seu núcleo de mana, que até então brilhava com um tom de azul suave, agora pulsava com uma força que ele jamais tinha experimentado. O que antes era um núcleo apenas poderoso e controlado, agora começava a tremer sob o peso da energia acumulada. Seu corpo, ainda ajustando-se ao recente aumento de poder, começou a reagir. Seus músculos se contraíram, a respiração se intensificou, e seus olhos brilharam com uma intensidade inédita.
Foi então que Heitor sentiu o calor se concentrar de forma incomum em seu peito, em seu núcleo de mana. O calor era abrasador, e uma dor pungente fez sua visão turvar. Ele tentou resistir, mas o processo parecia inevitável. Seu corpo reagiu como se estivesse sendo queimado por dentro. Era como se as chamas da própria energia estivessem consumindo-o.
"Eu... não posso... ceder", Heitor pensou, forçando-se a manter a compostura. Mas o calor dentro dele era crescente, uma chama escura, fria e densa. Algo primordial e desconhecido que estava se despertando dentro de seu ser.
De repente, a dor atingiu um pico. Seus ossos, seus órgãos, e cada parte de seu corpo pareciam ser dilacerados pela força avassaladora do poder que agora tomava conta dele. Heitor se agarrou ao solo, seus dedos afundando na terra como se ele fosse uma âncora tentando impedir que a tempestade interna o consumisse.
Foi quando a luz escura surgiu.
Ela não era uma luz comum, mas uma luz densa, envolta em sombras, como se o próprio vórtice da escuridão tivesse se materializado ao redor de Heitor. A mana, antes tão controlada, se revoltou em um turbilhão caótico. A energia escura que estava emergindo do núcleo de Heitor formou um redemoinho ao seu redor. Era como se o próprio abismo tivesse sido aberto dentro dele. Seu corpo estava em frangalhos, mas sua mente, estranhamente, estava tranquila. O redemoinho de mana escura o envolveu, consumiu sua essência, e o transformou.
E então, algo irrompeu dentro de seu coração.
O núcleo de Heitor, agora distorcido pela escuridão, pulsou com uma energia avassaladora. Ele sentiu uma conexão direta com a escuridão ao seu redor, e a energia negra se espalhou por suas veias como uma correnteza poderosa. Era uma sensação de poder indescritível, mas ao mesmo tempo aterradora. A luz azul de seu núcleo se misturava com a escuridão de forma caótica, como dois elementos incompatíveis lutando para coexistir.
"Eu... sou... mais forte", Heitor murmurou, seus olhos refletindo uma nova profundidade. A dor não desapareceu, mas agora parecia mais uma necessidade do que uma ameaça. Ele sentiu a força de sua nova essência tomar forma, ainda instável, mas mais poderosa do que tudo que ele havia conhecido.
Com esforço, ele levantou-se, apoiando-se em seus joelhos. A energia ainda circulava dentro dele, mas agora de maneira mais controlada. Seu corpo estava em processo de adaptação, a dor gradualmente cedendo lugar à pura potência. Quando ele olhou para a torre à sua frente, viu que ela refletia o mesmo poder escuro que agora corria em suas veias.
Era o segundo despertar. Não era mais apenas uma questão de poder controlado ou magia refinada. Ele havia despertado o núcleo escuro dentro de si, e com isso, um novo caminho se abriu diante dele.
Heitor se concentrou. Ele não era mais o mago que antes buscava o controle absoluto sobre a mana. Ele havia se tornado algo diferente. Algo mais. A escuridão que se infiltrava em seu ser não era apenas um reflexo da dor ou do caos, mas uma força a ser dominada. Ele sabia que agora possuía um poder que poucos poderiam sequer compreender, e que poderia, a qualquer momento, desestabilizar sua própria existência.
Com um sorriso de compreensão e determinação, Heitor olhou para a floresta ao seu redor. Ele sabia que esse novo poder poderia ser tanto uma bênção quanto uma maldição. O redemoinho de energia escura ao seu redor ainda girava com fúria, mas ele agora sabia como usá-lo.
"Eu sou o mestre desta força", pensou, e a escuridão que o envolvia respondeu, diminuindo a intensidade, tornando-se mais controlável, mais afiada.
A torre à sua frente continuava a brilhar, agora com a aura de poder sombria que emanava dele. Seu segundo despertar estava completo, e Heitor agora possuía não apenas uma torre de mago incomparável, mas também o controle sobre uma energia antiga e perigosa.