Chereads / Corvos Ravens / Chapter 11 - Capítulo 11

Chapter 11 - Capítulo 11

— Ele não tem noção! – falou Nasor ainda muito irritado.

— Nenhuma – concordou Naomi que ocupava o lugar ao lado do homem.

Após o incidente que rendeu muitos xingamentos e olhares feios a Gabriel, a comitiva seguiu. O terreno que era somente areia, agora brotava pedras, algumas de tamanho grande, maiores que os carroções.

Nasor olhou para o céu e vendo que o dia começava a terminar, com um assobio estridente fez a fila parar. Procurou, por alguns instantes, algo que a jovem não sabia o que era, logo colocou os animais em movimento e começou a circular uma pedra com seus cinco metros de altura.

Naomi olhou para trás vendo que o grupo fazia o mesmo, e logo a última carroça entrou no círculo, ficando à frente deles. Formaram um círculo em volta da pedra, e então todos desceram dos carros e desamarraram os touros cansados pelo dia.

Crianças disparavam para um dos carros, o qual Naomi percebeu haver somente feno e água, comida para os animais. Cada condutor levou os seus animais para o lado contrário do que estava seguido por meninos e meninas com as mãos cheias de alimento.

— Vamos passar a noite aqui – disse Nasor enquanto bebia algo de um frasco. – Melhor me mexer se quiser um lugar decente.

Com um pulo, o homem desceu e desamarrou uma bolsa presa na madeira lateral do veículo. Quando o vento, por fim, fez os cabelos da jovem dançarem um pouco, ela entendeu a escolha.

A pedra impedia boa parte da areia que era arremessada com o vento. Um pouco impressionada com a capacidade do vendedor, a Corva desceu e os viu montando acampamento.

Cinco pessoas eram responsáveis por levantar uma tenda de quatro metros, de uma ponta a outra. Colchonetes começaram a ser colocados um perto do outro. Nem todos pareciam querer dormir juntos aos outros, deixando suas camas em algum lugar mais afastado ou simplesmente usando a própria carroça.

— Naomi! – Livya a chamou enquanto se aproximava. – Gostei do lugar!

— Pois é – respondeu. – Como a pedra é muito íngreme, é impossível subir sem fazer barulho, e o terreno é plano, então seria fácil ver qualquer um se aproximando. O lado ruim é que alguém vai ter que ficar com o gado.

— Tô falando que achei o lugar bonito – disse Livya baixinho.

Naomi sentiu o rosto ficar vermelho, mas manteve a compostura. Estava acostumada com essa vida de caravanas, mas não era trabalho dela cuidar deles e, sim, das duas Corvas. E como já era esperado, viu Nahara e Ana indo falar com Nasor.

Pelo jeito que falavam, haviam gostado do local. Junto de Livya, foi até elas.

— Tudo certo?

— Sim – respondeu Ana, não mais com a cara fechada.

— Estávamos discutindo quem ficaria de cada lado da rocha – disse Nahara.

— Podemos ajudar. – Cortou Naomi.

— Não, esse é nosso trabalho. – Nahara interpôs no mesmo momento.

— Imagina, não acho que Michel vá se importar. Gabriel vai até me agradecer por tentar fazer com que olhem para ele melhor. Livya? – Vendo a novata concordar, continuou. – Feito.

As outras duas se olharam quando Ana deu de ombros. A loira então disse:

— Vou ficar junto aos animais, a Ana já passou boa parte da viagem na parte de trás da comitiva.

— Não me importo de ficar com eles – respondeu a jovem que foi ignorada.

— Então eu e Gabriel ficaremos com você – disse Naomi. – Livya, como te coloquei nessa, tanto você quanto Michel e Ana, ficarão junto às pessoas.

Assim que acertaram tudo, Livya partiu no mesmo momento para falar com Michel, já as duas Corvas da Cova 30 foram ajudar os demais a acender uma fogueira. Naomi viu Gabriel um pouco à frente sentado em uma pedra olhando o movimento.

— Vamos ajudar na patrulha esta noite – disse, assim que seus olhos se encontraram.

— Tá.

Naomi teria ficado surpresa pela falta de reclamações e falação, mas sabia que Gabriel ainda se sentia mal pelo susto e toparia sem nenhum problema. Conhecia-o desde pequena e não foi a primeira vez que o viu dando um tiro no céu para espantar alguém.

O fim do dia se estendeu sem nenhum problema, comeram junto aos comerciantes feijão com pedaços de carne seca e uma bebida muito forte que Nasor disse se chamar hidromel. Os colchonetes começaram a ficar ocupados e somente alguns conversavam à volta da fogueira.

A Corva tentou achar Nahara que não estava em lugar algum. Gabriel continuava sentado na mesma pedra.

— Viu a Nahara?

— Passou agora há pouco por mim – respondeu o rapaz.

— Melhor irmos, então.

Nahara estava sentada na areia, no meio dos animais que se deitavam em duplas. Viu-os chegar e os cumprimentou com a cabeça. Seguindo o exemplo dela, a dupla se acomodou junto a uma pedra baixa.

A lua brilhava intensamente quase ofuscando as estrelas. Os únicos sons eram dos touros e da fogueira. Vez ou outra o vento assoviava.

— Até que um pouco de paz não é algo ruim – disse Naomi.

— Parece – falou Nahara – que estamos no olho da tempestade.

A Corva sentiu um arrepio sinistro em sua coluna, realmente estava tudo calmo. Calmo demais