Depois de um bom tempo chorando, perdi a noção de quanto tempo fazia desde que tinha começado a berrar e acabei adormecendo. Acordei com barulhos de galhos queimando em uma fogueira, mesmo não conseguindo fazer movimentos complexos como andar ainda conseguia mover certas partes do meu corpo de acordo com a minha vontade.
Virei a cabeça para o meu lado esquerdo, percebendo duas coisas, a primeira: eu estava numa caverna escura e a segunda: havia uma forma estranha, mas bela. Uma mulher com cabelos carmesim, olhos vermelhos sangue, fora seu vestido e luvas pretas - se assemelhavam a roupas estilo anos 1930, mas era um tanto quanto mais luxuoso.
Além disso havia algo diferente nela - acharia até que é cosplay na minha anterior - um par de chifres negros arqueados cresciam em direção às suas costas, fiquei hipnotizado. "Whuaa". Apontei minhas mãozinhas para a mulher, num corpo de um bebê, essa foi a melhor forma para me expressar naquela hora.
Ela riu, "Gostou dos meus chifres criança? A propósito meu nome é Aurora." Por incrível que pareça ela estava realmente se apresentando para uma criança a qual nem sabia falar.
"Vamos, vou te levar pra minha casa." Disse o ser com chifres vindo em minha direção, ela me pegou no colo e estalando um dedos, apagou a fogueira. Hã? Jesus amado, essa porra é um demônio? Talvez uma sucumbus?
Depois de dez minutos de caminhada vejo literalmente a luz no fim do túnel, ou melhor, caverna. Saindo daquele lugar asqueroso, me deparo com uma paisagem incrível. A baixo de nós havia uma floresta enorme, com dezenas ou até centenas de quilômetros de extensão, um rio cristalino cortava a vista ao meio.
Me dei conta de que estávamos em uma montanha de uns 300 metros de altura, acima de nós haviam três luas, todas azul celeste. "Lindo, né?" Comentou Aurora, vendo minha cara de espanto.
Ela começou a andar, achei que iríamos descer pelas escadas do nosso lado direito. Porém ao invés disso estávamos cada vez mais mais perto do fim do penhasco, quando percebi tarde de mais que ela ia pular. Além de demônio, agora é louca.
Sentiando vento batendo no meu rosto, enquanto despencávamos do precipício, vi o chão se aproximando cada vez mais. Quando de repente, estávamos subindo. Foi aí que notei as presença de um par de asas vinho, do tamanho de um humano nas costas da Aurora.
Tínhamos começado voo.
As asas gigantes nos permitiam voar à 200 quilômetros por hora, após duas horas de viagem consegui avistar um castelo enorme tingido de preto, uma estrutura luxuosa e sombria ao mesmo tempo. "Chegamos."
Aproximando-nos cada vez mais, finalmente pousamos. Fomos recebidos por dois cavalheiros de armadura e chifres, guardando o portão de entrada do castelo. "Olá, Lady Aurora. Como foi a missão?"
"Bem sucedida!"
"Como sempre, parabéns Lady Aurora!"
"Muito obrigada."
"Se me permite a pergunta, quem é esta criança em seu colo?"
"Meu mais novo filho"
"O-o que!? Lady Auro-"
No momento em que o guarda questiobou a 'Lady Aurora', uma intenção assassina quase palpável encheu a ambiente, mesmo sabendo que a mulher estava me protegendo, me sentia sufocado. "Está duvidando da minha capacidade de criar um simples bebê?"
"Ja-jamais Lady Aurora!"
"Então abram passagem, agora se quiser que sua cabeça permaneça em seu pescoço!"
Assim que adentramos o castelo consegui voltar a respirar normalmente, por causa que a intenção assassina tinha sido retirada.
Ao observar meus arredores vi um longo corredor com um tapete vermelho e lustres exuberantes. Passamos por várias ramificações do caminho original, aquele castelo era um labirinto, até que, finalmente, entramos em um quarto com uma decoração inesperado.
O quarto era totalmente rosa. Cheguei a confundir com um cenário de filme, a cama era rosa, a escrivaninha era rosa, o guarda-roupa era rosa, tudo era rosa. Fiquei abismado a ver um ser tão poderoso quanto a demônio com poderes mágicos ter um bichinho de pelúcia na cama.
Minha suposta mãe se virou para mim. "Gostou do seu quarto, querido. Bom, achei que você era uma menina quando te enconterei, mas por enquanto vai servir. Irei arrumá-lo para você depois. Agora, como parte da minha família te darei um nome. Estava pensando Kiko..."
Por favor, não! Pensei, tentando fazer a melhor cara de desespero que conseguia.
"Tão ruim assim...? Que tal Matteo? Não é tão bonito quanto Kiko, mas dá pro gasto." Fiquei aliviado e alegre por ela ter entendido minha expressão, graças a isso me salvei de um eterno bullying. Notando minha troca de emoções, continuou. "Ótimo! Então será Matteo, Matteo Silverback!"
Estáva com muito sono, então na primeira superfície macia em que me encontrei, cai no sono.
Acordei sentindo o calor do sol no meu rosto. No fundo eu tinha a esperança de tudo ter sido um sonho. Estou só dormindo na aula do professor Alaric, vou acordar ir pra casa e perceber que nada disso é real.
Saindo de minha ilusão, me vi cercado por... Preto? O choque foi tanto que nem tive tempo pra pensar ou ficar triste. Antes casa da Barbie, agora quarto de um emo do ensino médio. Bom... Pelo menos está melhor que antes.
Já havia amanhecido tentei me sentar, mas só consegui ficar me remexendo, depois de muitas e muitas tentativas, desisti.
"Bom dia Matteo. Ficou com saudades da mamãe?"
Minha mãe adotiva estava do meu lado. "Whoa?"
"Estou vendo que não se lembra de mim, estou decepcionada. Um dia você ainda reconhecerá o rosto de sua mãe, meu filho."
Virei-me pra porta ao ouvir abrir. "Bom dia, querida. Bom dia, Teo." Anunciando sua chegada havia um homem alto, tinha olhos e chifres negros como a noite, cabelos brancos como a neve e aproximadamente 1,90m de altura.
Junto a sua chegada vi algo, uma coisa que não consegui ver ontem. Havia centenas, se não milhares, de pontos bracos, um pouco menor comparado a bolas de gude, sendo atraídos por ele, também havia notado isso em minha mãe quando despertei. No entanto com a chegada, do que eu presumi ser meu pai, ficou muito mais nítido.
Onde foi que eu me meti? No culto dos chifres?