Na infância, Gtx sentia-se um espectador em um mundo vibrante, onde as crianças angelicais dançavam sob os raios de luz que filtravam através das nuvens. Enquanto elas riam e brincavam, ele permanecia à margem, suas asas de sombra balançando suavemente ao vento, como se fossem cortinas que o isolavam da alegria que o cercava.
– Por que sou diferente, pai? – A pergunta escapou de seus lábios, sua voz infantil carregada de uma curiosidade ansiosa e uma tristeza profunda, como se a resposta carregasse o peso do universo.
Celarion, com um semblante sereno e sábio, sorriu com compaixão. Ele pousou a mão firme no ombro do filho, como se quisesse transmitir uma fração de sua força. – Porque você é feito da verdade que o céu e o abismo negam. E isso, meu filho, te torna mais forte do que imagina. – As palavras reverberaram na mente de Gtx, mas ele ainda lutava para entender o que significava ser uma exceção em um mundo de conformidade.
As noites eram especialmente cruéis. No silêncio da escuridão, as vozes sussurravam promessas tentadoras de poder e advertências sombrias de ruína. Elas se entrelaçavam como serpentes, envolvendo sua mente em uma rede de desespero e desejo. Em um desses momentos de angústia, Lilith, sua mãe, o encontrou, seus olhos refletindo uma luz escura e intensa que pareciam pulsar com a força de mil tempestades.
– Gtx, escute minha voz e apenas a minha, – disse ela, sua voz firme e carregada de determinação, enquanto segurava o rosto do filho com mãos que eram ao mesmo tempo suaves e resolutas. "Você é meu filho, e nenhum espírito, seja de luz ou trevas, poderá dominá-lo. Você me entende?"
– Sim, mãe – ele respondeu, sentindo o ar ao seu redor se acalmar à medida que as vozes começavam a se dissipar, como fumaça ao vento. A firmeza de sua mãe era um ancla em meio à tempestade que se agitou dentro dele. Pela primeira vez, Gtx sentiu que a tempestade não era apenas uma força a ser temida, mas uma parte de si que poderia aprender a controlar. Ele não estava sozinho; havia um caminho para a paz em meio ao caos que habitava seu ser.