A noite cobria a cidade como um manto escuro, as luzes dos edifícios piscando como estrelas distantes. As ruas, normalmente movimentadas, estavam inquietas, quase como se a cidade estivesse contendo a respiração. Em um dos cantos mais sombrios, um homem se movia com a graça de um artista, seu olhar concentrado e determinado. Ele era conhecido apenas como "O Artista" – um nome que reverberava tanto temor quanto fascínio.
O Artista não era um criminoso comum. Para ele, cada assassinato era uma expressão de sua visão, uma obra-prima que transcendia a simples brutalidade do ato. Ele acreditava que a vida de cada pessoa continha uma história, e ele se via como o pintor que a finalizava. Ao longo dos anos, sua técnica se aperfeiçoara, e agora ele estava prestes a criar sua maior obra.
A primeira vítima estava em sua lista, um homem que simbolizava tudo o que O Artista desprezava: um político corrupto, envolvido em escândalos e desvio de verbas. Seu nome era Victor Almeida, e enquanto ele saía de um elegante jantar, O Artista o observava da sombra de uma árvore. Sabia que aquela noite seria perfeita; o clima, a escuridão e a solidão que envolviam a cena criariam o ambiente ideal para sua criação.
As luzes da cidade piscavam ao fundo, refletindo a decadência moral que permeava a vida de Victor. Ele ria alto, inconsciente do destino que o aguardava. O Artista sorriu para si mesmo, sentindo uma onda de excitação. O momento estava próximo.
Quando Victor se afastou do grupo de amigos, O Artista se moveu, silencioso como uma sombra. Ele o seguiu até um beco escuro, onde a luz pública falhava em alcançar. Ali, isolado, ele teve a sua chance. Com um golpe preciso, O Artista usou sua faca, uma extensão de sua própria vontade. O ato foi rápido, quase poético, e Victor caiu ao chão, a vida esvaindo-se dele.
Mas O Artista não se apressou em sair. Ele precisava de sua assinatura. Com um pincel e uma pequena paleta que sempre carregava, começou a trabalhar. Usando o sangue da vítima como tinta, ele criou uma pintura impressionante na parede do beco. Era uma representação grotesca de Victor, cercado por sombras e correntes, simbolizando os pecados que o prenderam.
Quando terminou, O Artista deu um passo para trás, admirando sua obra. Era mais do que um simples assassinato; era uma declaração, uma crítica à corrupção que infestava a cidade. Ele sabia que a polícia o procuraria, mas para ele, isso fazia parte do jogo. Cada movimento, cada pincelada, era uma parte de sua história, uma dança macabra entre criador e criatura.
Com um último olhar para sua criação, O Artista desapareceu na escuridão da noite, deixando para trás não apenas um corpo, mas uma mensagem que ecoaria pela cidade. O primeiro crime havia sido cometido, e a cidade agora conheceria o terror e a beleza de O Artista.
A manhã seguinte traria a notícia do assassinato, e com ela, o início de uma caçada que mudaria a vida de muitos, incluindo a do detetive que se tornaria seu adversário. Mas isso ainda era apenas o começo. O Artista já tinha outras vítimas em mente, e a paleta ainda estava cheia de cores.