"Vamos terminar o nosso noivado imediatamente". Disse Maximiliano enquanto olhava para janela.
O dia estava deslumbrante. O último dia da primavera.
Raios de sol entravam pela grande janela do palácio real e era possível ouvir o som dos pássaros ecoando pela sala.
A brisa estava aconchegante.
"Que assim seja". Respondi olhando firmemente para sua face.
Seus cabelos dourados, sedosos e macios, caiam desleixadamente sobre seu rosto. Até nos piores dias, ele era deslumbrante.
Aguardei ansiosamente uma resposta, mas ela não veio.
"Irei me retirar, imperador. Obrigada por sua atenção".
Ele não respondeu. O silêncio era ensurdecedor.
O homem que outrora amei não era o mesmo. Já havia outra em seu coração e eu sabia disso muito bem.
Me curvei e rapidamente saí da sala.
Uma sensação estranha invadiu meu corpo. Era uma mistura de alívio e dor.
De uma certa forma, já estava preparada para esse evento. Uma hora ou outra iria acontecer. Uma hora ou outra minha história com Maximiliano, o imperador de Mansur, iria terminar. No entanto, foi mais cedo do que eu imaginava.
Foi a primeira guerra que perdi.
Quando saí do escritório real, me deparei com a Imperatriz viúva, a qual estava parada em frente a porta com uma expressão de dor.
"Saudações, imperatriz". Falei enquanto me curvava.
"Sinto muito, Marina. Não pude impedi-lo". Respondeu-me com olhos cheios de lágrimas.
"Entendo... sogra, perdão, imperatriz". Virei o rosto com vergonha.
Fiquei em silêncio por um breve momento.
"Posso fazer um último pedido?". Falei olhando em seus olhos.
"Sim, querida, vá em frente". Respondeu docemente.
"Posso te dar um abraço?".
"Claro, Marina".
"Obrigada por tudo". Respondi enquanto cravava meu rosto em seu pescoço.
"Não sei o que te dizer, Marina. Estou tão envergonhada".
"Está tudo bem. Devemos seguir nossos caminhos separadamente a partir de agora". Respondi firmemente enquanto segurava minhas lágrimas.
Segurei a barra de meu vestido e andei apressadamente.
Hoje o corredor do palácio parecia estranhamente longo.
Quando cheguei na saída, senti-me sem folego.
Foi o último dia como princesa herdeira de Mansur.
Olhei ao redor e vi o belo jardim de rosas vermelhas. Jardim esse que eu Maximiliano plantamos quando éramos crianças.
Maximiliano havia perdido uma aposta e deveria plantar um jardim de rosas como castigo. No entanto, eu não era capaz de suportá-lo fazendo beicinho. Então, o que era para ser o trabalho dele, se tornou nosso. Foi um momento caloroso e adorável.
Várias recordações nossas me vieram a memória e me peguei sorrindo.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto.
Hoje eu deveria dar adeus a esse lugar... prontamente limpei-me e virei para outra direção.
Assim que me virei, notei uma mulher me observando silenciosamente pela janela do terceiro andar.
Era Irene, a amante de Maximiliano.
Por ela, Maximiliano foi capaz de enterrar tudo o que vivemos.
Esperava que ela sorrisse de prazer, mas seu rosto não mostrava nenhuma expressão.
Fingi não a ver e entrei na carruagem.
Estava na hora de voltar para o ducado de Western, minha casa, onde meus pais e meu irmão me aguardavam.