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Chapter 3 - [3] MOTIVOS

Théo se viu em meio à escuridão, procurando algo ao seu redor. Ao se virar, avistou uma escritura um pouco acima de si:

[Você morreu pelas mãos de uma das assassinas das Torres.]

Nome: ???

Idade: ???

Habilidade: ???

Número de mortes: 02

[Obs.:]

Antes que Théo pudesse ler o restante, uma dor intensa invadiu sua cabeça, derrubando-o de joelhos. A escuridão ao seu redor parecia intensificar a dor, que se espalhava como se lâminas afiadas girassem em seu cérebro. Ondas de calor e frio percorriam seu corpo, e cada segundo se tornava insuportável. Gritos agudos ecoavam em seus ouvidos, distantes e indistintos, enquanto ele tentava, em vão, entender aquele sofrimento.

Seu coração martelava forte no peito, e sua respiração estava ofegante e irregular, como se ele lutasse para simplesmente respirar. O suor frio escorria por sua testa enquanto seus olhos, avermelhados e cheios de lágrimas, mal conseguiam permanecer abertos. "Por que isso está acontecendo comigo?", ele se perguntou, tentando em vão compreender aquela dor interminável.

Então, pouco a pouco, ele começou a sentir um alívio sutil percorrer seu corpo. A pressão em sua cabeça diminuía, e sua respiração, antes descontrolada, se acalmava gradativamente. A dor, que parecia eterna, começou a se dissipar, e seus pensamentos, antes confusos, voltaram a fazer sentido. Théo piscou algumas vezes, limpando as lágrimas, mas, antes que pudesse se sentir aliviado, uma voz sombria ecoou na escuridão:

"Restauração concluída. A Maldição do Tempo será ativada novamente."

Ainda deitado no chão, Théo rangia os dentes, amaldiçoando qualquer deus que o condenara a tamanha agonia. Forçando-se a levantar, ele ainda sentia uma tontura e um enjoo persistentes. Olhou ao redor, procurando novamente a janela com as inscrições sobre sua morte.

— Aqui está...

Ele focou na janela de cor azul-escura e leu mais uma vez:

[Você morreu pelas mãos de uma das assassinas das Torres.]

Nome: ???

Idade: ???

Habilidade: ???

Número de mortes: 02

[Obs.: A lua assistiu à morte do pequeno rapaz com tristeza em seus olhos.]

Théo franziu o cenho, irritado.

— Por que todos insistem em me chamar de "pequeno"? E desde quando a lua vê alguma coisa?

Ainda tentando entender o significado das palavras, Théo percebeu uma contagem regressiva logo abaixo da janela:

[Ativação da Maldição: 01:22. Assim que a contagem terminar, o portador da maldição retornará ao ponto inicial da sua morte.]

Um arrepio subiu pela espinha de Théo ao entender que a dor, a morte, e tudo mais se repetiria. Ele pressionou a mão contra o peito, sentindo a angústia tomar conta de si.

— Preciso pensar em alguma coisa... — murmurou, desesperado.

Ele sabia que morreria novamente, mas a ideia de sentir aquela dor de novo o aterrorizava. Era apenas um humano; quanto tempo ele poderia suportar aquele ciclo?

[00:60]

O tempo estava acabando, e Théo percebeu que quando a lua alcançava uma certa posição, as mortes ocorriam. Talvez pudesse usar esse padrão a seu favor. Ele também se lembrou do soldado covarde que o apunhalara no ombro. A raiva crescia ao recordar o rosto do homem, e Théo desejava vingança. Mas como passaria pelas assassinas das Torres e pelos soldados?

Ele também se lembrou de Derik, um homem alto, com cerca de trinta anos e cabelos curtos, que estava na mesma carroça que ele. Derik havia sido gentil, mas não parecia muito melhor que ele. Talvez não fosse seguro confiar nele ou nos outros recrutas; o exército de Saphia recrutava qualquer um.

[00:20]

— Droga, o tempo está acabando, e eu não consegui pensar em nada. Quantas vezes vou ter que passar por isso?

Théo respirou fundo, a contagem diminuindo.

[00:03]… [00:02]… [00:01]… [00:00]

"MALDIÇÃO ATIVA."

A mente de Théo se apagou por alguns segundos, e, lentamente, ele abriu os olhos. Estava ali novamente, sentado em frente ao fogo. De alguma forma, Théo se sentia um pouco mais calmo, olhando ao redor e tentando pensar em como sairia dali.

"Ratos como você não duram uma semana nos campos de guerra," comentou um deles, com o rosto torcido de nojo.

O soldado repetiu aquilo, mas Théo apenas olhou e desviou o olhar.

Ele então voltou o olhar para o soldado que havia apagado o fogo com o pé e falou com a voz rouca:

"Você perguntou se sou das favelas, então também posso fazer uma pergunta, não é?"

"Qual seu nome"

O soldado olhou com surpresa ao ouvir a voz do rapaz, que já estava há quase uma semana sem falar nada. O soldado esboçou um leve sorriso.

"Claro. Agora que vamos ser companheiros, devemos saber o nome um do outro," disse ele, ainda com um leve sorriso.

Théo observou o soldado: tinha cabelos castanhos e olhos azuis como a água, o oposto de Théo, que era magro e de pele tão clara que parecia cinzenta, como se não tivesse vida.

O soldado o olhou e disse:

"Mas, antes de você saber o meu nome, não seria justo eu saber o seu?"

"Théo," respondeu ele.

"Prazer, Théo. Meu nome é Caster Master."

Outro soldado, razinza, deu de ombros e se afastou da fogueira.

"Por que eu deveria dizer meu nome para um rato das favelas?" murmurou ele enquanto se afastava.

Théo sabia que, não importava o que fizesse, ele morreria de novo. Quando olhou ao redor, percebeu que aquele grupo estava numa situação complicada, com apenas quatro soldados e cinco recrutas, fracos e sem treinamento. A única coisa que ele podia fazer era encontrar o máximo de informações possível. Afinal, aqueles que o matariam não eram bestas; eram pessoas, e cada uma devia ter um motivo para mata eles.