Ji-Hyun estava sentada sozinha no fundo da sala, observando os colegas rirem em grupo. Era como se ela fosse invisível naquele ambiente repleto de risos e olhares compartilhados. Sua mente estava perdida, relembrando os acontecimentos dolorosos da semana passada. O coração dela ainda doía, e o silêncio em sua volta só intensificava aquela sensação de solidão.
De repente, um sorriso familiar capturou sua atenção. Tae-Oh, o garoto popular da turma, estava do outro lado da sala. Seus olhos cor de mel brilhavam de um jeito intenso enquanto ele a observava, e seu cabelo liso e levemente bagunçado dava um toque despretensioso à sua imagem. Ji-Hyun, ao perceber o olhar fixo dele, desviou o rosto rapidamente, sentindo o rosto esquentar. Ela tentou parecer indiferente, mas seu coração batia acelerado.
Para sua surpresa, Tae-Oh caminhou em sua direção, parando ao seu lado com um sorriso que parecia gentil.
— Oi, Ji-Hyun. Está tudo bem? — Sua voz suave era quase um sussurro, e seus lábios rosados pareciam chamar a atenção dela para cada palavra.
Ji-Hyun piscou algumas vezes, sem saber o que responder. Tae-Oh nunca havia se dirigido a ela dessa maneira antes. Um arrepio percorreu sua espinha, e ela sentiu suas mãos tremerem levemente. Tentando se recompor, ela respondeu:
— Sim, estou... estou bem — disse, tentando manter a voz firme.
Tae-Oh sorriu, mas algo em seu olhar era difícil de decifrar. Ele se sentou ao lado dela, inclinando-se um pouco.
— Você parece distante — comentou ele, com um tom curioso. — Aconteceu alguma coisa?
Ji-Hyun hesitou. Não sabia se deveria compartilhar o que sentia, especialmente com alguém como Tae-Oh, que mal conhecia sua realidade. Mas o olhar dele parecia genuíno, e ela, por um momento, deixou-se levar pela sensação de ser notada.
— Não... não é nada — respondeu, baixando o olhar, tentando desviar a conversa.
Tae-Oh ergueu uma sobrancelha, mas apenas assentiu.
— Certo. Mas se precisar, estou por aqui.
Ele se levantou e, com um último sorriso, voltou para seu grupo de amigos. No entanto, Ji-Hyun sentia que algo havia mudado. Uma parte de si estava intrigada com aquele encontro.
Mais tarde, enquanto caminhava para o banheiro, foi surpreendida por Soo-Jin, uma colega de classe. Soo-Jin se aproximou com um sorriso frio, o tipo de sorriso que Ji-Hyun já aprendera a desconfiar.
— Ei, Ji-Hyun... — Soo-Jin começou, rodando em torno dela. — Achei que garotas como você não chamassem atenção.
Ji-Hyun olhou para ela, confusa.
— Nunca foi minha intenção chamar atenção de ninguém.
Soo-Jin soltou uma risada curta e tocou nos cabelos de Ji-Hyun.
— Nossa, o que você passa no cabelo? Água do esgoto? Está parecendo palha seca.
As palavras de Soo-Jin ecoaram nos ouvidos de Ji-Hyun, e ela sentiu a raiva misturada com tristeza invadir seu peito. Queria responder, mas se manteve em silêncio, segurando as lágrimas. Um sentimento de indignação a invadiu, e, por fim, ela não conseguiu se conter.
— Você é uma verdadeira lixo, Soo-Jin. Deveria se olhar no espelho antes de sair criticando os outros!
Soo-Jin a encarou, surpresa, mas logo revidou com um sorriso desdenhoso e se afastou.
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No dia seguinte, Tae-Oh aproximou-se novamente, lembrando-a do trabalho em grupo que fariam juntos. Durante a atividade, ele provocava Ji-Hyun, chegando a pisar em seu pé sob a mesa, enquanto exibia um sorriso desafiador. Ji-Hyun desviava o olhar, tentando ignorar as provocações e focar no trabalho, mas sentia-se desconfortável e confusa.
No final do dia, ele a encontrou no corredor.
— Oi — murmurou Tae-Oh, encostando-se ao armário ao lado dela. Com o rosto próximo ao dela, ele sorriu, e Ji-Hyun sentiu o coração disparar.
— Que tal a gente se encontrar na minha casa para terminar o trabalho? — Ele propôs, com um brilho enigmático nos olhos.
— O que eu vou fazer na sua casa? — respondeu Ji-Hyun, desconfiada.
Tae-Oh colocou a mão sob o queixo dela, encarando-a.
— Você vai descobrir.
Naquele momento, um grupo de colegas observava de longe, rindo e trocando olhares maliciosos. Ji-Hyun não sabia o que esperar, mas acabou aceitando. Ela decidiu aparecer na casa dele mais tarde, levando uma caixa de songpyeon, bolinhos de arroz recheados com pasta de feijão doce, que havia preparado.
— Tae-Oh... eu trouxe esses pra você. Meu irmão quase comeu todos, mas consegui salvar esses — disse ela, entregando a caixa.
— Obrigado — disse ele, sorrindo. Ele a observava intensamente e, enquanto comiam, confessou.
— Eu gosto de você, Ji-Hyun. Não consigo parar de pensar em você — confessou Tae-Oh, segurando a mão dela. Ele se aproximou, beijando-a suavemente.
No entanto, ao tentar avançar, Ji-Hyun recuou, saindo apressada da casa dele, sem saber como processar tudo.
No dia seguinte, na escola, os rumores já se espalhavam. Tae-Oh estava com os amigos, fazendo piadas de mau gosto, enquanto as meninas olhavam com desdém para Ji-Hyun.
No entanto, Jae-Min, o melhor amigo de Ji-Hyun, não suportou ver o sofrimento dela e enfrentou Tae-Oh, segurando-o pela camisa.
— Escuta, Tae-Oh. A Ji-Hyun não é qualquer uma, entendeu? Acha que pode usá-la e depois jogá-la fora? Isso diz muito sobre você.
Por que você fez isso com a Ji-Hyun seu idiota você pensa que ela é qualquer uma sabe qual a diferença de você para lixo é que lixo pelo menos já foi o útil um dia, eu não quero ver você tirando gracinhas com ela eu vou quebrar todos os seus dentes.
Tae-Oh riu, debochado.
— E você virou o defensor dela agora? Relaxa, cara. Você não vai me dizer o que fazer.
Jae-Min lançou-lhe um olhar firme.
— Vou te dizer uma coisa: gente como você não vale nada. Se encostar um dedo nela de novo, eu vou quebrar sua cara.
O olhar de Jae-Min queimava de raiva, e Tae-Oh, por um instante, pareceu hesitar. Mas logo retomou a pose arrogante, afastando-se. Ji-Hyun observava de longe, sentindo-se humilhada, mas ao mesmo tempo grata pela defesa de Jae-Min.
Depois, Jae-Min se aproximou dela.
— Ei, Ji-Hyun... você precisa se cuidar. Tem muita gente por aí que só quer usar os outros.
Ji-Hyun assentiu, com os olhos marejados. Abraçou Jae-Min, sentindo-se protegida e esperançosa, ao menos por aquele momento.