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Sob o olhar da nobreza

Thami_5095
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Synopsis
No século XIX, Safira, uma jovem empregada do subúrbio, recebe uma oportunidade que pode mudar seu destino: um teste para trabalhar na imponente mansão do conde Edgar de Vere. Ao cruzar os portões de ferro da propriedade, ela se vê em um mundo de opulência e regras rígidas, onde a diferença entre classes é palpável. À medida que Safira se adapta à nova vida, seu caminho se cruza com o do enigmático conde, um homem sério e calculista que, por trás de sua fachada austera, guarda um desejo profundo e oculto. A atração entre os dois torna-se um jogo perigoso, repleto de olhares furtivos e toques acidentais que desafiam as normas sociais. Em meio a sussurros e olhares discretos, Safira deve enfrentar suas próprias inseguranças enquanto descobre que o verdadeiro amor pode florescer nos lugares mais inesperados. Mas, em um mundo onde a honra e a reputação estão em jogo, até onde eles estarão dispostos a ir para ficar juntos?

Table of contents

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Chapter 1 - Mansão Vere

O subúrbio ficava para trás enquanto Safira passava nervosamente as mãos no vestido, tentando domar o tecido gasto que já não tinha muito a oferecer em termos de dignidade. Seus pés hesitavam a cada passo, como se uma força invisível tentasse impedi-la de seguir adiante. A colega de sua mãe lhe dissera que aquela era uma oportunidade única. "Você tem que fazer isso, Safira. É sua chance de melhorar de vida."

Assim que o último dos telhados simples e estreitos do subúrbio ficou fora de vista, a paisagem à frente transformou-se em algo quase irreconhecível. As ruas largas, as fachadas brilhantes das casas nobres, o ar pesado de regras e riqueza. Tudo ali parecia distante, inalcançável para alguém como ela. Safira sentiu o estômago revirar ao ver, ao longe, os portões de ferro negro da mansão de Edgar de Vere. Eles eram imensos, como se quisessem deixar claro que não eram feitos para se abrir facilmente para qualquer um.

Ela respirou fundo e deu o primeiro passo em direção ao desconhecido, sabendo que, ao cruzar aqueles portões, sua vida poderia mudar para sempre.

...

Após cruzar os imensos portões de ferro, Safira se viu em um grande salão, onde várias garotas aguardavam ansiosamente. O ar estava carregado de expectativa e nervosismo, enquanto elas trocavam olhares, algumas tentando se encorajar, outras simplesmente encolhidas em suas inseguranças.

A governanta, uma mulher de olhar severo e postura imponente, caminhava entre elas, observando cada movimento. Seu vestido era de um tecido luxuoso, em contraste direto com as roupas simples das candidatas. Com um leve sorriso desdenhoso, ela parou diante de um grupo de garotas.

"Vocês estão aqui para serem empregadas nesta casa, não para fazerem amigos," começou, a voz dela firme e ressoante. "As regras são simples, mas essenciais. Aqui, respeito e obediência são primordiais. O que não será tolerado: conversas desnecessárias, risos altos e, principalmente, qualquer tentativa de se aproximar da família de nosso senhor."

Ela fez uma pausa, analisando as reações das garotas, antes de continuar: "A limpeza deve ser impecável, e suas tarefas, executadas sem questionamentos. O tempo livre é um privilégio que se ganha com o esforço, não um direito."

Os corações das garotas batiam em uníssono, e Safira sentiu o peso das palavras da governanta. "Lembrem-se," ela concluiu, "neste lugar, a aparência é tão importante quanto o caráter. Portanto, mantenham seus olhares baixos e seus pensamentos em silêncio. Quem não seguir estas regras, encontrará a porta aberta."

Safira trocou olhares nervosos com as outras, percebendo que cada uma delas compartilhava a mesma mistura de medo e determinação. Ali, naquele ambiente de opressão, ela sabia que teria que lutar não apenas por um lugar na casa, mas por um futuro que parecia cada vez mais distante.

A governanta observou a sala com um olhar crítico, percebendo que algumas das garotas já haviam deixado o espaço, incapazes de suportar a pressão. Um grupo de três, com expressões de desânimo, levantou-se quase ao mesmo tempo. Uma delas, de cabelos longos e soltos, lançou um último olhar para as outras antes de sair, como se dissesse que a situação era insuportável. Outra, mais nova, cobriu o rosto com as mãos antes de deixar a sala, visivelmente envergonhada.

Com um leve movimento da mão, a governanta indicou que as restantes se organizassem em uma linha.

"Agora que temos apenas as mais determinadas," ela começou, a voz tão firme quanto o seu olhar, "é hora de um teste prático. Cada uma de vocês terá que demonstrar suas habilidades básicas de serviço. O que esperamos aqui é a eficiência e a atenção aos detalhes."

Ela gesticulou para um canto da sala, onde havia um pequeno móvel coberto de pó e algumas tarefas simples a serem realizadas. "Uma de vocês será encarregada de limpar esta mesa, enquanto outra deve arrumar os copos e talheres que estão ali. O tempo será contado, e o método será avaliado. As que não se saírem bem serão dispensadas imediatamente."

Safira sentiu o coração disparar. Ela sabia que era crucial impressionar a governanta, mas a pressão a deixava nervosa. Ao seu redor, algumas garotas trocavam olhares nervosos, enquanto outras já pareciam ter escolhido suas posições, decididas a se destacar.

"Uma última coisa," a governanta acrescentou, com um tom que deixava claro que não havia espaço para dúvidas. "Não esperem ajuda. Aqui, vocês devem aprender a se virar sozinhas. Agora, comecem!"

Safira respirou fundo, tomando seu lugar ao lado da mesa. Suas mãos tremiam ligeiramente enquanto pegava um pano e o mergulhava na água. Enquanto trabalhava, ela não conseguia deixar de sentir a pressão da governanta a observando. O silêncio era pesado, quebrado apenas pelo som dos utensílios sendo rearranjados e o deslizar do pano contra a superfície de madeira.

Ela sabia que estava sendo avaliada não apenas pela rapidez, mas pela maneira como se comportava sob o olhar atento da governanta. E em cada movimento, sentia a expectativa de um futuro incerto, mas possível.

Quando a governanta começou a avaliar as garotas, o clima ficou tenso. Ela observava atentamente cada movimento, anotando suas impressões em um pequeno caderno. Safira se sentiu nervosa enquanto a governanta se aproximava, mas também decidida a fazer o seu melhor.

"Você, ali," a governanta chamou uma das garotas, uma jovem de cabelos cacheados que havia arrumado a mesa. "A maneira como você limpou o móvel foi apressada e desleixada. Lembre-se: a qualidade é mais importante que a velocidade."

A garota ficou pálida, e a governanta continuou a avaliação, seguindo em direção a outra candidata, que estava reorganizando os talheres.

Enquanto esperava sua vez, Safira trocou olhares com uma garota de vestido azul, que parecia tão nervosa quanto ela. "Você acha que conseguimos impressioná-la?" a garota sussurrou, olhando para a governanta.

"Não sei," Safira respondeu, sentindo um aperto no estômago. "Mas precisamos tentar. Isso é tudo que temos."

Antes que pudessem continuar a conversa, a governanta chamou mais uma candidata. Safira observou atentamente como as garotas se comportavam sob pressão, e começou a sentir que todas estavam na mesma situação, lutando por uma chance de um futuro melhor.

Quando chegou a vez de uma das garotas mais confiantes, ela, apressada, derrubou um copo de cristal que se espatifou no chão. O som do vidro quebrando ecoou pela sala, fazendo todos pararem. A governanta virou-se rapidamente, o olhar severo.

"Isso é inaceitável!" ela exclamou, enquanto a garota se abaixava, visivelmente envergonhada. Os olhos da jovem começaram a se encher de lágrimas, e, sem poder conter a emoção, ela deixou que as lágrimas escorressem pelo rosto. "Desculpe, eu... eu não queria," ela balbuciou, com a voz trêmula.

A governanta cruzou os braços, seu olhar não abrindo mão da rigidez. "Desça imediatamente. Você não está pronta para trabalhar aqui!" A garota, entre soluços, levantou-se e correu para fora da sala, deixando um rastro de murmúrios entre as restantes.

Safira sentiu um aperto no coração pela garota. "O que eu faria se estivesse no lugar dela?" pensou. Mas ao mesmo tempo, esse momento a fez sentir uma nova determinação. "Se eu conseguir me manter calma, posso ter uma chance," ela decidiu, enquanto preparava-se mentalmente para sua avaliação.

Nesse momento, a porta se abriu com um rangido suave, e Edgar de Vere entrou, sua presença imponente imediatamente atraindo a atenção de todos. Ele observou a cena com uma expressão neutra, mas os olhos de Safira se iluminaram ao vê-lo pela primeira vez. Ele era tudo o que ela imaginava - sério, elegante e com uma aura que exalava poder.

A governanta se endireitou rapidamente, reconhecendo a presença de seu patrão. "Senhor, estamos quase terminando a seleção."

Edgar deu um leve aceno de cabeça, seus olhos avaliando as candidatas sem perder o foco. Ele caminhou pela sala em um silêncio que pesava sobre cada uma das garotas, observando seus comportamentos. Quando seus olhos cruzaram com os de Safira por um breve momento, ela sentiu um calafrio subir pela espinha.

"Continue com o que está fazendo," Edgar disse calmamente para a governanta, com uma voz firme e autoritária. "Estarei no escritório aguardando o resultado." Ele então se virou, não esperando uma resposta, e saiu da sala com a mesma serenidade imponente com que entrou.

O ar parecia voltar à sala depois que ele se retirou, deixando as garotas ainda mais conscientes da importância daquele teste.

Safira respirou fundo, tentando ignorar a pressão que a envolvia. Cada movimento que fazia ao limpar a mesa parecia mais um desafio do que uma tarefa simples. O silêncio na sala se tornava cada vez mais opressivo, e a tensão no ar era palpável.

Quando a governanta anunciou que o tempo havia se esgotado, um misto de alívio e ansiedade percorreu seu corpo. O resultado daquela avaliação poderia mudar sua vida, e agora tudo dependia do olhar da governanta. As outras garotas estavam igualmente tensas, algumas já se entreolhando com expressões de desespero. A situação era quase insuportável.

A governanta começou a circular pela sala, sua presença imponente fazendo o coração de Safira disparar. Cada olhar que a mulher lançava parecia um peso extra sobre seus ombros. Finalmente, ela parou em frente a Safira, avaliando seu trabalho com um olhar crítico, e uma sensação de frio percorreu sua espinha. O tempo parecia parar, e as palavras da governanta se tornaram um eco distante.

"Uma de vocês já saiu da sala," ela declarou, olhando para as outras garotas. "E mais podem seguir o mesmo caminho se não atenderem às expectativas."

Safira sentiu seu estômago se revirar. O que ela havia feito? Será que seu esforço fora suficiente? Um medo profundo a envolveu, quase paralisando-a. A pressão era intensa, e o ambiente parecia se fechar ao redor dela.

"Este é um momento crucial," a governanta continuou, "e não aceito menos do que a perfeição."

As palavras dela ecoavam na mente de Safira, misturando-se a um turbilhão de incertezas. As outras garotas começaram a se entreolhar, algumas com lágrimas nos olhos, incapazes de suportar a pressão. Safira desviou o olhar, não querendo se distrair com a agonia ao seu redor. Em seu íntimo, ela sabia que precisava permanecer forte.

Assim que a governanta começou a chamar as garotas uma a uma, a sala se encheu de um silêncio carregado de tensão. Safira aguardou, o coração acelerado, lutando contra o medo do fracasso. O destino de sua vida estava em jogo, e a incerteza do que estava por vir a consumia.

Com cada nome que a governanta chamava, Safira sentia como se o tempo estivesse se arrastando. Sabia que precisava se manter firme, mas a dúvida a assombrava. Seria ela escolhida? O que a aguardava?