NÚBIA
Meu coração batia acelerado, um tambor selvagem ecoando contra as paredes do meu peito. Sentia minha pele arder, uma mistura de excitação e temor que me consumia a cada noite. Eu sabia o porquê dessa sensação, mas desconhecia a profundidade dos danos que aquele olhar ardente poderia causar. Trabalhar em bares à noite é exaustivo, mas havia algo mais, algo perigoso e irresistivelmente atraente que me mantinha presa à aquele mundo de sombras e sedução.
O ambiente era um caldeirão de desejos e segredos. Luzes vermelhas e azuis piscaram, cortando a escuridão como lâminas afiadas, enquanto a fumaça do cigarro se entrelaçava com a música eletrônica que vibrava no ar. O cheiro de álcool e suor se misturava, criando uma fragrância intoxicante que me embriagava a cada respiração. Era um lugar onde os olhares eram armas e os sorrisos, armadilhas.
Eu, com certeza, era a rainha desse reino noturno. Meu vestido preto colado ao corpo delineava cada curva, enquanto meus cabelos escorriam como uma cascata de ébano sobre os ombros. Meus olhos, delineados com kohl preto, varriam o salão, capturando a atenção de todos que ousaram cruzar meu caminho. Meus lábios, pintados de um vermelho sangue, eram um convite e um aviso: perigo à frente.
Cada passo que eu dava era calculado, um jogo de poder e controle. Os homens me desejam, as mulheres me invejavam, mas ninguém realmente me conhecia. Eu era um enigma envolto em mistério, uma chama que atraía as mariposas para a destruição certa. Eles se aproximavam, seduzidos pelo meu charme, mas eu sabia manter a distância necessária. Ninguém tocava em mim sem a minha permissão.
A noite avançava e eu servia bebidas, sorria e dançava, mas meus olhos estavam sempre atentos. Havia perigo em cada canto, em cada olhar que demorava um pouco mais em minha direção. Eu era uma presa e uma predadora, jogando um jogo que só eu sabia as regras. A adrenalina corria em minhas veias, um vício que eu não conseguia, nem queria, largar.
Em um canto escuro, um homem me observava. Seu olhar era intenso, quase palpável, e eu podia sentir o peso dele sobre mim. Ele não era como os outros; havia algo nele que gritava perigo, mas também despertava uma curiosidade voraz em meu ser. Seus olhos eram de um azul profundo, como o oceano em uma noite sem lua, e eu me sentia afundando neles.
Eu me aproximava, atraída por uma força que não conseguia resistir. Ele era como um ímã, e eu, ferro em pó. Seu sorriso era um convite para o desconhecido, e eu, sem hesitar, aceitava. Nossos olhares se encontravam, e uma faísca invisível saltava entre nós. Eu sabia que estava brincando com fogo, mas o calor era demasiadamente delicioso para recuar.
- O que você quer? - Minha voz era um sussurro, um desafio envolto em seda.
- É dessa forma, que vocês atende seus clientes? - Ele respondeu, sua voz grave e cheia de promessas
- Tratamentos especiais só para clientes especiais. - Rebato, firme, pois sentia que qualquer momento poderia desmaiar em seu colo.
Ele por sua vez, deu um sorriso de canto mas sexy. Respirou fundo duas vezes, internamente.
- Você! - Replicou, sério. - Mas não da maneira que você está pensando.
- Eu não estou à venda.
- Por favor, me traga um whisky, sem gelo. - Respondeu. Sem dizer mais nada sai de perto dele.
Um arrepio percorreu minha espinha. Eu não tinha medo, nunca tive, mas havia algo nele que me fazia questionar minha própria audácia. Ele era um enigma que eu queria desvendar, um quebra-cabeça que eu precisava montar. Mas a cada peça que se encaixava, eu sabia que estava me aproximando de um abismo.
A noite se desenrolava como um filme noir, cheio de tensão e desejo. Eu dançava com o perigo, flertava com o abismo, mas mantinha o controle. Eu era Núbia, a dona da noite, a mestra dos jogos sombrios. E enquanto a lua se escondia e o sol ameaçava nascer, eu sabia que tinha sobrevivido a mais uma noite.
Mas a verdade é que, no fundo, eu ansiava por mais. Mais do perigo, mas daquele olhar azul que me desafiava, mais daquela sensação de estar viva no fio da navalha.
☆☆
Fico sozinha atrás do balcão, tentando controlar minha respiração acelerada. O cheiro amadeirado e envolvente de seu perfume ainda pairava no ar, me fazendo estremecer. Não era apenas o perigo que sentia, era algo a mais, algo sensual e excitante.
Enquanto esperava Anadia voltar, observava o ambiente ao redor. O bar estava iluminado apenas por luzes criando uma atmosfera sombria e misteriosa. As sombras dançavam pelas paredes, criando um jogo de luz e escuridão que me deixava inquieta.
Ele estava aqui, podia sentir sua presença como se fosse uma aura ao meu redor. Seus olhos intensos e penetrantes escaneavam o ambiente, até que pousaram em mim.
Um sorriso ousado e cheio de malícia se formou em seus lábios, fazendo meu estômago revirar. Ele se aproximou, caminhando com uma confiança que era ao mesmo tempo atraente e intimidadora. Seu olhar continuava fixo em mim, como se pudesse ler meus pensamentos mais profundos.
Ele se aproximou do balcão, sua presença dominando todo o espaço. Seu toque era como fogo, me consumindo por dentro. A tensão entre nós era palpável, carregada de desejo e perigo.
- Aqui! - Disse, assim que depositou o dinheiro por cima do balcão
- Obrigada! - Tentei manter a compostura, mas era difícil resistir à sua aura sedutora.
Seus olhos encontraram os meus, e por um momento, todo o mundo à nossa volta parecia desaparecer. A luzes dançava em seus cabelos escuros, destacando seus traços marcantes. Eu me sentia hipnotizada por ele, como se estivesse presa em um feitiço irresistível.
Ele sorriu de novo, aquele sorriso que despertava todos os meus instintos mais primitivos. Seus dedos traçaram um caminho suave pelo balcão, deixando um rastro de calor por onde passavam. Eu sabia que não devia ceder à tentação, mas era como se estivesse nas garras de um predador, pronto para me devorar a qualquer momento.
O perigo e a sensualidade se misturavam no ar, criando uma atmosfera eletrizante e proibida. Enquanto ele me encarava com olhos famintos, eu sabia que aquele encontro marcaria o início de algo perigoso e irresistível.
E naquele momento, enquanto o mundo ao nosso redor desaparecia, eu me entreguei à sedução daquele estranho misterioso, sabendo que meu destino estava selado naquele instante de pura luxúria e perigo e eu sabia que ia arrepender-me disso.