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Chapter 3 - a maldição

Celdric despertou com o som monótono e regular dos equipamentos ao seu redor. Seus olhos abriram devagar, ajustando-se à luz fria da sala de hospital. Sentia o corpo pesado e uma dor leve pulsava na cabeça. Em um instante de surpresa, lembrou-se da batalha. Com um fio de voz, ele murmurou:

— Nós conseguimos?

Sua voz soava fraca, mas a esperança por trás dela era inconfundível. Sentando-se lentamente, ele murmurou mais alto:

— Nós conseguimos... Caramba, nós conseguimos!

Um sorriso escapou enquanto sentia uma onda de alívio. No entanto, esse momento foi interrompido pela chegada de uma médica de cabelos curtos e olhos azuis, que o observava com uma expressão mista de tristeza e apreensão. Ela se aproximou com passos firmes, mas cautelosos.

— Bom ver você acordado, príncipe Celdric. Houve uma vitória, sim... mas o rei está muito ferido. Ele permanece em coma.

O sorriso de Celdric desfez-se no ato, substituído por uma expressão de preocupação intensa. Ele buscou respostas no olhar da médica, mas ela desviou o olhar, talvez para esconder o peso da verdade. Celdric engoliu em seco, tentando controlar o turbilhão de emoções que o inundava.

Levantando-se com alguma dificuldade, ele passou pela médica e começou a andar pelos corredores do hospital, seus passos ecoando no ambiente silencioso. A cada porta que passava, sentia a dor da incerteza aumentar, até que encontrou o quarto de seu pai. Hesitou antes de abrir a porta, mas finalmente entrou.

O rei estava deitado, sem sua coroa, o manto cuidadosamente dobrado ao lado. A imagem que sempre tivera do pai – um homem forte e invencível – parecia desvanecer-se ali, diante de seus olhos. Agora, o que via era apenas um homem ruivo, de barba grande, vulnerável e imóvel. Celdric se aproximou, segurando a mão do pai com força e sentindo-se subitamente pequeno.

— Eu... eu falhei de novo, pai — murmurou. — Por mais que eu tente, nada parece mudar. Lembro-me de quando você tentava me treinar... Eu tentava te acompanhar, mas nunca fui forte o suficiente. Foi assim que perdi a mãe. Naquela invasão, eu tentei ajudar, e ela... ela morreu me protegendo. E a Lyra viu tudo... — A voz falhou. — Por favor, pai... por favor, não morra.

As lágrimas ameaçavam brotar, mas ele as conteve. Depois de alguns minutos, respirou fundo e se levantou, decidido a descobrir o que acontecera durante a batalha. Caminhou lentamente para fora do quarto, o coração apertado, os pensamentos desordenados. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, até que uma dor lancinante atravessou seu peito. A dor o fez cair de joelhos, uma mão ao peito, enquanto tentava inutilmente recuperar o fôlego.

— Alguém... socorro... — sussurrou, mas o mundo ao seu redor se turvou, e tudo se apagou.

Quando abriu os olhos, viu a mesma médica ao seu lado, mas dessa vez Lyra estava lá, observando-o com uma expressão rara de preocupação. A médica trocava olhares inquietos com ela, até que Lyra saiu do quarto sem dizer nada. Com o ar hesitante, a médica se aproximou de Celdric.

— Nós fizemos exames, príncipe, mas... não encontramos nada. Nenhum ferimento no peito, nada anormal no coração. Só conseguimos pensar em uma possibilidade...

— Qual? — perguntou ele, sentindo o peso da resposta que viria.

A médica respirou fundo.

— Pode ser uma... maldição.

Antes que Celdric pudesse processar a informação, um ruído seco ecoou na sala. Ele viu, horrorizado, a cabeça da médica explodir brutalmente diante dele, espalhando sangue e pedaços pela sala. O choque foi tão intenso que ele mal conseguiu reagir.

— Mas... que merda é essa?! — balbuciou, recuando, o rosto manchado de sangue.

Logo em seguida, um dos médicos entrou correndo, atraído pelo barulho. Ao ver Celdric coberto de sangue ao lado do corpo da médica caída, o olhar do médico encheu-se de pânico.