**Capítulo 01 - "O Dia que Nunca Acaba"**
"Então você diz que já passou mais de 100.000 vezes hoje?"
"Sim! Para ser preciso, são cem mil anos. Hoje é exatamente cem mil anos."
No bar mal iluminado de Tóquio, um homem e uma mulher conversavam e riam em voz baixa.
"Ah, que absurdo!" disse Aiko, com seu cabelo preto liso e maquiagem impecável. Ela balançou a cabeça e sorriu, meio cética. "É esse o seu jeito de conquistar garotas? Inventar uma história maluca como essa? É um truque bem antigo."
"O que eu disse é verdade," respondeu Haruto, enquanto girava sua taça de saquê, seu olhar sério e confiante.
"Sério? Você não tem medo de que eu espalhe por aí que você é um lunático? Acabamos de nos conhecer e você já vem com essa história," brincou Aiko, rindo.
"O que importa? Para mim, tudo será reiniciado amanhã. Para ser mais específico, sou uma pessoa que não tem amanhã. Quando eu acordar de novo, seremos nada mais que estranhos," Haruto disse, encolhendo os ombros.
"Mentiroso! Você nunca tentou ficar acordado até tarde? Não dormir?" Aiko desafiou, cruzando os braços.
"Eu tentei, muitas vezes, mas eventualmente adormeço e não consigo controlar," Haruto explicou, sem se deixar abalar.
"Não dá para acreditar em você," Aiko disse, ignorando Haruto enquanto olhava para o telefone. Ela tinha um encontro com sua melhor amiga, mas já estava há mais de uma hora esperando e sua amiga ainda não aparecera.
Haruto havia se aproximado dela por acaso, e Aiko, entediada de esperar, decidiu conversar com ele. Nunca imaginou que acabaria diante de um sujeito que alegava viver o mesmo dia há cem mil anos.
"Sua amiga não virá," Haruto disse casualmente.
"Huh?" Aiko ergueu a cabeça, estreitando os olhos. "Como você sabe sobre minha amiga?"
"Eu já disse, este dia se repete para mim. Não é a primeira vez que vejo você. Venho a este bar com frequência e conheço todos os clientes aqui hoje," Haruto sorriu, tomando um gole de saquê.
"Então por que minha amiga não veio? Você sabe?" Aiko tentou expor as possíveis mentiras de Haruto.
"O namorado dela voltou de repente e a surpreendeu, então ela não pode vir," Haruto disse, olhando para o relógio. "Em alguns segundos, ela vai ligar para você e dizer que não pode ir."
"Exato ao segundo?" Aiko disse, olhando para a hora no telefone. "É uma da manhã! Ótimo! Vou esperar um minuto. Se ela não me ligar, você vai se ver comigo!"
"Ok!" Haruto inclinou a cabeça e ergueu o copo em direção a Aiko.
Os dois brindaram, e a tensão começou a se dissipar. O ambiente da boate pulsava com música eletrônica, e a energia ao redor era contagiante.
"Huh? Você acabou de dizer que dormiu com todas as belezas desta cidade? É verdade?" Aiko perguntou novamente, agora mais interessada nas histórias dele.
"Sim, eu dormi," Haruto concordou, sem hesitar.
"Mas você só tem um dia para conhecê-los, certo? Como pode ser possível?" Aiko queria desmascarar Haruto.
"Claro que não é só um dia. Para algumas, sim, mas outras eu preciso conhecer primeiro," Haruto explicou. "Por exemplo, passei cinco dias investigando uma garota. Embora cinco dias se repitam, ela não me conheceu no sexto dia, mas eu já conhecia seus interesses, preferências e perspectivas. Esperei."
"Então, quando eu a encontrar novamente, o que eu mostrar a fará sentir que eu sou o verdadeiro dela," ele completou.
"Na verdade, há uma vantagem em repetir. Posso cometer erros infinitos sem me preocupar em deixar uma má impressão. Entre tantas garotas com quem dormi, a mais difícil de conquistar levou 36 dias seguidos. Cometi erros, mas aprendi e finalmente tive sucesso," comentou Haruto, com um brilho nos olhos.
"Você é realmente direto," disse Aiko, admirando a confiança dele. Ele não se importava em falar sobre suas conquistas na frente de uma mulher, como se isso não fizesse diferença.
"Então, com quantas belezas você dormiu?" Aiko perguntou, curiosa.
"Na verdade, não é muito. Eu tenho uma pontuação difícil para beleza feminina. Existem milhões de pessoas em Tóquio, e apenas 10.000 têm uma pontuação acima da média," Haruto respondeu.
"Você dormiu com dez mil garotas? Dez mil?" Aiko arqueou as sobrancelhas, incrédula.
"Sim," Haruto afirmou, sem hesitar.
"Eu realmente não acredito que você seja sério. Você deve estar fazendo isso só para me impressionar," Aiko riu, ainda cética.
Haruto apenas encolheu os ombros, indiferente. Para ele, pouco importava se Aiko acreditava ou não. Ele só queria aproveitar a bebida e a conversa.
Bells.
O telefone de Aiko tremeu de repente. Ela olhou para baixo e viu que era uma notificação sobre um roubo de joias na cidade. Intrigada, entregou o telefone a Haruto e disse: "Olha isso..."
Era uma notícia sobre um roubo na famosa joalheria "Tóquio Gemas". O texto falava sobre como, às 9h30 daquela manhã, a loja foi assaltada e joias no valor de milhões foram levadas. O caso rapidamente ganhou atenção nacional, e a polícia estava em busca dos criminosos.
"Bem, o que há de errado..." Haruto olhou para a notícia.
"Olha a última parte," Aiko disse, apontando.
Na última parte da matéria, havia uma foto de Akira Tanaka, o proprietário da joalheria, agradecendo à polícia. Ao lado dele estava uma mulher deslumbrante, com cabelos cacheados e um sorriso encantador.
"Essa é a filha dele, Mei Tanaka, vice-presidente da joalheria. Ela é uma das mulheres mais influentes do Japão, conheceu a elite e é altamente educada," Aiko explicou.
"Eu sei, e qual é o problema?" Haruto indagou, já percebendo a conexão.
"Você disse que dormiu com todas as belezas desta cidade. Mei Tanaka é uma das melhores garotas de Tóquio. Ela é inteligente, bonita e tem um padrão extremamente alto. Você acha que conseguiria dormir com ela em um dia? Não faz sentido!" Aiko exclamou, rindo.
"Claro," Haruto respondeu, com um sorriso provocador.
"Você está mentindo! A joalheria teve um grande roubo hoje e Mei estava cercada pela polícia e repórteres o dia todo. Como ela teria tempo para conhecer você?" Aiko disse, incrédula.
"Deixe-me responder à sua segunda pergunta primeiro," Haruto disse, ainda sorrindo. "Sim, Mei é realmente impressionante, mas ela tem uma fraqueza fatal que eu consigo explorar."
"Que fraqueza?" Aiko perguntou, intrigada.
"Adivinha, é engraçado," Haruto respondeu, piscando.
"Corta! Isso é um mistério. Ela é perfeita, como pode ter uma fraqueza?" Aiko desafiou.
"Então, quanto ao roubo, Mei estava ocupada e definitivamente não teve tempo para me conhecer. Mesmo que ela quisesse, o que a faria se encontrar comigo?" Haruto disse, provocador.
"Exatamente! O que você tem a dizer em defesa disso?" Aiko perguntou, levantando uma sobrancelha em desafio.
"Mas," Haruto se inclinou sobre a mesa, seu olhar intenso. "E se eu impedir o roubo?"
Aiko ficou sem palavras, olhando para ele com a boca aberta.
"Hoje, para mim, é uma reencarnação constante. Já experimentei mais de cem mil vezes. Eu sabia que o roubo ia acontecer e passei cem mil anos me preparando. Você acha que é difícil para mim impedir o roubo?" Haruto continuou, com um sorriso confiante.
Aiko estava impressionada, mas ainda não acreditava totalmente. "Isso é um pouco demais, Haruto."
"Minha lógica é sólida," ele disse, levantando a taça de saquê e dando um gole.
"Tudo bem! Mesmo que sua lógica esteja bem, ainda tenho um problema!" Aiko não estava convencida, e estava prestes a fazer um movimento ousado.
"Qual é o problema? Por favor, me diga."
"Você já dormiu comigo? Você disse que me conhecia há muito tempo, então você dormiu comigo?" Aiko perguntou, com um brilho provocador nos olhos.
"Não," Haruto balançou a cabeça.
"Haha, você tem medo de admitir? Você está evitando que eu pergunte sobre as minhas características, e você não consegue responder?" Aiko riu, desafiadora.
"Não, você não é meu tipo, e não estou interessado em você," Haruto disse com um tom casual.
O sorriso de Aiko congelou instantaneamente.
"Você—" Aiko bateu na mesa e se levantou, os dentes cerrados. "Você ousa me chamar de feia?"
"Não, você não é feia, mas a maquiagem é muito pesada. Você usa muito blush, e isso pode lhe dar um ar diferente. Posso lhe dar uma nota sete," Haruto disse, com uma expressão neutra.
"Você—" Aiko estava prestes a explodir.
Nesse momento, o telefone de Aiko tocou. Ela olhou para ver quem era e viu que era sua melhor amiga. Rapidamente, atendeu.
"Oi, Aiko! Sinto muito, o Kenji voltou de repente e me surpreendeu. Não posso ir ao bar te encontrar. Vamos nos encontrar amanhã, tá? Desculpe, tchau!" A ligação foi encerrada rapidamente.
Aiko olhou para Haruto, um misto de frustração e alívio. "Parece que minha amiga não vai vir mesmo. Espero que você não esteja me contando histórias apenas para me impressionar."
Haruto apenas sorriu, mantendo a calma. "Eu disse que estava falando a verdade, e você ainda tem a chance de descobrir se é verdade ou não. Que tal me dar uma chance?"
Aiko hesitou, seu coração acelerando. Havia algo nele que a atraía, mesmo que ela quisesse resistir. "Certo, talvez eu devesse lhe dar uma chance. Mas você vai ter que me provar que não é apenas um lunático."
"Eu estou dentro," Haruto respondeu, seu sorriso se alargando. E assim, sob as luzes brilhantes da boate, uma nova aventura estava prestes a começar, uma que poderia desafiá-los a ambos a ver o mundo de uma maneira completamente nova.