Momentos atrás
Nimbus estava ajoelhado no chão, vasculhando a Bolsa Mágica com um olhar concentrado, retirando frascos e ferramentas esquisitas enquanto murmurava para si mesmo. Solaris, que o observava de perto, cruzou os braços, desconfiado, enquanto uma leve brisa agitava seus cabelos.
— O que exatamente você está fazendo, Nimbus? — Solaris perguntou, erguendo uma sobrancelha. — Como isso vai nos ajudar a sermos encontrados?
Nimbus levantou o olhar por um instante, um sorriso travesso iluminando seu rosto. Ele segurou um pequeno recipiente transparente cheio de um líquido azul brilhante.
— Um balão. — Nimbus declarou com toda a confiança do mundo.
Solaris piscou, sem acreditar no que acabara de ouvir. Seu rosto passou por uma rápida sequência de reações: surpresa, confusão e, finalmente, pura incredulidade.
— Um balão? — Solaris repetiu, incrédulo. — Sério? Você está brincando comigo...
Nimbus riu da expressão de Solaris. — Mas não vai ser um balão de festa, é claro. Vai ser um balão gigante de gás hélio.
Solaris abriu a boca para dizer algo, mas fechou novamente. Ele massageou as têmporas, claramente tentando conter a frustração.
— Pelo amor dos deuses, Nimbus, como você vai fazer um balão de gás hélio... sem o gás hélio?!
Nimbus bateu no ombro de Solaris com exagerada confiança, piscando para ele. — Apenas observe e aprenda, meu pequeno gafanhoto.
O alquimista voltou à sua bolsa, puxando uma sequência de itens inusitados. Ele começou a empilhar tudo diante de Solaris, como se estivesse montando um quebra-cabeça bizarro.
— Primeiro, vamos precisar disso. — Nimbus segurou uma garrafa com um líquido borbulhante e verde. — Esse é meu Elixir de Transmutação Gasosa. Quando misturado, ele transforma qualquer elemento básico em um gás leve como o hélio.
Solaris inclinou a cabeça, intrigado, mas ainda com um toque de ceticismo.
— Certo... Mas o que exatamente você vai misturar com isso?
Nimbus estalou os dedos e retirou um pequeno saco com algo que parecia pó dourado. — Ah, aqui está a mágica: o Pó de Cristais do Sol. Esse material reage com o elixir e libera uma quantidade absurda de energia, criando o gás!
— Ok, parece interessante. Mas e o balão em si? — Solaris apontou para os itens com um olhar desconfiado.
Nimbus puxou uma grande folha de algo que parecia um tecido metálico extremamente fino e maleável.
— Isso aqui é Véu de Aeroflux, uma invenção minha. Extremamente leve, resistente e, o mais importante, impermeável ao gás! Vai ser o nosso balão.
Solaris ergueu as sobrancelhas, agora mais curioso do que cético.
— Tudo bem, admito que isso é impressionante. Mas quanto tempo vai levar?
— Nada que um pouco de alquimia rápida não resolva! — Nimbus respondeu, já misturando o elixir com o pó dourado em uma tigela de metal. A mistura começou a brilhar intensamente, e uma fumaça leve começou a subir.
Solaris recuou um pouco, franzindo o nariz. — Isso cheira... estranho.
Nimbus riu. — Ah, é só o processo químico acontecendo. O cheiro é um bônus.
Depois de alguns minutos de trabalho, Nimbus havia enchido o tecido metálico com o gás improvisado. Ele amarrou o balão gigante com cordas finas e resistentes, prendendo-o a uma âncora improvisada no chão.
— Pronto! — Nimbus anunciou com um sorriso vitorioso. — Agora é só soltar esse bebê no ar, e qualquer um na região vai conseguir nos localizar.
Solaris olhou para o balão gigante flutuando suavemente acima deles e, pela primeira vez, abriu um sorriso genuíno.
— Bem... Você realmente conseguiu, Nimbus.
— Sempre consigo, pequeno gafanhoto. Agora vamos torcer para que os nossos aliados sejam rápidos. — Nimbus respondeu com um tom brincalhão, mas seus olhos revelavam uma determinação escondida.
Na floresta.
— Eu… estou… — Sua voz falhou, e seus olhos selvagens oscilaram entre a ferocidade da fera e a vulnerabilidade da menina que um dia foi.
O corpo de Lyanna tremeu, e sua respiração ficou pesada. A transformação começava a regredir, os pelos sumindo lentamente, as garras se retraindo. Mas o processo era doloroso, e ela soltou um grito sufocado.
Silvestre não a soltou nem por um segundo. Ele a segurou com firmeza, ignorando a dor pulsante no ombro ferido.
— Respira, Lyanna. Você consegue. Você é mais forte do que isso.
As palavras de Silvestre pareciam atravessar a névoa da maldição. Lyanna agarrou os braços do irmão, os olhos cheios de lágrimas.
— Me… ajude… — sussurrou ela, enquanto seu corpo finalmente cedia, a forma humana tomando o lugar da fera.
Ivone, ainda no chão, observava a cena com um olhar cansado, mas aliviado.
— O laço entre vocês… é forte o suficiente para resistir à lua cheia — murmurou ela.
Silvestre suspirou, segurando Lyanna contra si enquanto ela desabava de exaustão.
— É claro que é — respondeu ele, um sorriso cansado no rosto. — Eu nunca a deixaria sozinha.
A floresta voltou a mergulhar no silêncio, com apenas o som da respiração ofegante dos três. Mas, pela primeira vez em muito tempo, havia esperança.
Agora, restava levá-la até Solaris e Nimbus… e completar o ritual.
Continua.