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Chapter 2 - Cap 2 - Queima

As horas passavam e o sol no horizonte começava querer clarear a noite para nascer, Dan que dormiu após parar de gritar, finalmente acordava.-Hmm? Nossa... Por que isso doeu tanto?Ragna respirava profundamente, uma mistura de preguiça de explicar o básico e felicidade por ter que explicar ao invés de se livrar de um cadáver.-O que você fez é o equivalente a enfiar seu dedo numa aranha nervosa e lamber urânio na esperança de virar um herói ao invés de morrer... Normalmente se morre... Doer é o mínimo a se pagar pela burrice.Dan erguia uma sobrancelha, meio que concordando que foi uma burrice, apesar de achar que era necessário, as correntes ainda o prendiam e incomodavam, então ele tentou se esticar para alongar os membros, o que o surpreendeu foi que as correntes simplesmente se estouraram o liberando como se não fossem nada.-Bem vindo, agora você é um perigo para alguns e um monstro para outros, tome cuidado, mesmo um pedaço de metal para você agora é como se fosse vidro se não for temperado com energia, claro...Dan começava a reparar na energia que o recobria e observando a própria mão esquerda, disse:-E essa é a tal energia? Por que vejo a minha e não a sua?-Eu estou reprimindo a minha, a maioria não o faz ou não sabe fazer, cuidado ao deixar isso perto de pessoas sem a marcha, quando comparei o que fez a lamber urânio não foi brincadeira, isso adoece, envenena e mata, nas poucas vezes que não mata, faz a pessoa entrar no processo que você passou, onde ela emite muito disso e como pessoas normais não veem a energia, vão se aproximar e se intoxicar sem nem perceber...-Você fala como se isso fosse uma praga contagiosa... Pragas não nos fazem melhores...O olhar de Dan era quase um olhar feliz para a energia etérea em seu corpo, Ragna por sua vez tinha um ar mais de pena.-Você ainda não entendeu não é?-O que?-Se correntes de metal se quebraram tão fácil, quão fácil seria quebrar ossos? Aquela menina, você poderia a quebrar ao meio em um abraço e mesmo que não a quebrasse, ela ficaria muito doente pela proximidade, se você a beijar seria o mesmo efeito de lamber o sangue, altas chances de morte, você arriscaria a vida dela? Faria ela passar aquela dor? Eu tô vendo a cor da sua aura garoto, você não faria isso, vai ter que a deixar longe.Dan se perdeu em pensamentos, Alicia, amigos, tudo isso estava perdido? Clover vivia perto das pessoas, não querer fazer mal a ninguém realmente o condenaria a solidão?Não parece... Justo... Quanto mais ele pensava, mais compreendia a visão de Ragna sobre o assunto, uma praga contagiosa realmente era bem próxima, mas apenas caso você se importasse com as pessoas, se você não ligasse, não seria um problema, era mais como uma maldição, algo maligno.O garoto se deixava entrar numa espécie de depressão até que uma luz avermelhada o chamou a atenção, por um momento ele achou que fosse o nascer do sol, mas a luz se moveu e isso chamou sua atenção, quando seus olhos se ergueram, o susto fez ele acordar dos pensamentos, eram três escorpiões negros envoltos em auras avermelhadas, cada um tinha duas caudas com o espeto venenoso e babavam muito pelas peças buscais enormes e distorcidas.Ragna parava a moto, observando as criaturas e dizia:-Parece que chegamos tarde.Com a fala do homem, Dan finalmente percebia, o areno-trem parado no meio das criaturas que se alimentavam de corpos caídos.-NÃO, SAÍAM DAÍ... XOOO...Dan saltou da moto e correu para cima das criaturas muito rápido, Ragna não teve tempo nem de falar, sua fala ficava para trás de Dan.-GAROTO, NÃO...Alcançar Dan para ele seria difícil, eram quase cem metros, Dan cobria isso em um piscar de olhos mesmo na areia, mas Ragna sem estar com nenhuma marcha e com sua moto sem sua bateria, iria demorar, deixando o garoto sozinho com as bestas gigantes.O rapaz pensava em chegar e chegava, normalmente ele se assustaria com sua nova velocidade, mas estava em choque demais para se lembrar disso, ele apenas pensava em socar aquelas coisas e as tirar de perto dos seus amigos.O soco acertava as criaturas na parte superior do casco, o som se assemelhava ao de um trovão ecoando, mas a criatura pareciam nem sentir, ela batia em Dan com as garras de lado o arremessando contra a areia, a porra era enorme, ele se sentia confuso na queda e mal conseguia ver o enorme espeto venenoso que descia certeiro nele, ainda assim ele tinha reflexo o suficiente para rolar para a direita, desviando por pouco dele, que acertava a areia e jogava uma verdadeira explosão de sujeira para cima, enchendo os olhos de Dan com os grãos quentes de sílica, quase cego, ele desviou do segundo ferrão que chegou muito perto de o acertar, até mesmo lhe rasgando a camisa, o que ligava a adrenalina de Dan e o fazia começar a correr da criatura, esperando que sua nova velocidade o levasse para longe do monstro.Correndo com toda sua força, ele aproveitava para limpar os olhos e só então finalmente olhar para trás, as criaturas estavam o acompanhando na corrida como se não fosse nada, ele não conseguia danificar as criaturas, nem fugir delas e a porrada doía muito... O garoto nunca havia estado numa luta de verdade, ele não sabia o que fazer.Mas para sua sorte, ele não estava sozinho, com sua visão melhorada ele podia ver uma forma lenta ao longe, Ragna, ele vinha pulando e falando algo, mas estava muito longe para se entender, mas claro, anos se esgueirando quieto, ensinaram a Dan como ler lábios e os de Ragna diziam... COR-RE-PA-RA-CÁ-SEU-I-DI-O-TA.Imediatamente Dan mudava a direção e corria em direção a Ragna, a súbita mudança de direção fazia os escorpiões se esbarrarem e errarem os ferrões, permitindo ao garoto manter uma distância segura boa parte do caminho, mas ele havia corrido muito longe e era difícil corre na areia, ele estava se cansando e as criaturas se aproximavam cada vez mais, finalmente ele cruzava com Ragna, Dan olhava esperançoso para trás, esperando ver o poder do homem com novos olhos, mas nada, ele parecia uma pessoa normal, nenhuma luz, o escorpião mais a frente mandava seu ferrão e o atravessava bem na barriga, logo antes de o arremessa na boca.Vendo sua última esperança ser devorada, Dan não sabia nem como correr mais, suas energias estavam esgotadas, não sabia o que fazer, seria esse seu fim?A criatura que devorou Ragna começava a babar uma aura roxa-azulada, quase negra, o que mais ela poderia tirar da manga agora? A luz se intensificava e começava a vazar até a cabeça da criatura explodir e um Ragna ferido com a tatuagem acesa em primeira marcha e apenas as mangas até o cotovelo destruídas, caía no chão.Ferido na barriga ele parecia mancar, mas corria agilmente desviando dos ataques com os ferrões das criaturas tentando sempre se manter entre as duas restantes, no momento certo e calculado, ele pulou fazendo com que elas se acertassem uma a outra na cabeça com os ferrões. Os três titãs caíam e Ragna deitava na areia grunhindo.-Tunar...Dan ouvia o homem falar enquanto ele se aproximava envergonhado e arrependido. O corpo de Ragna tentava curar rapidamente a enorme ferida no tronco como fez anteriormente, mas aura avermelhada vazava dele e parecia impedir.O garoto estava com certeza arrependido do que fez, mas algo lhe chamou a atenção, a aura quase negra que viu na criatura, aquela coisa maligna, não era uma nova arma do monstro, mas a aura do Ragna, o próprio havia falado mais cedo algo sobre saber o que ele faria baseado na cor da aura, o que uma aura tão escura e maligna dizia sobre ele? Apesar de tudo, seria ele realmente um salvador?Mas o tempo passava e a ferida continuava se recusando a fechar conforme sangrava.-Maldito veneno anti-cicatrizante, FILHA DA PUTA...Ragna falava em dor enquanto enfiava a mão em direita em sua ferida aberta e começava a arrancar suas entranhas cobertas em aura vermelha, intestino, fígado... Dan não aguentava ver e se virava para vomitar. Em suas costas, Ragna tirava todos os órgãos infectados que conseguia antes de perder a consciência devido a dor e perda de sangue. Ele entrava em choque e começava a convulsionar, ouvindo os barulhos Dan voltava a observar, agora muito preocupado, as feridas se fechavam, mas a tatuagem se desativava rapidamente, ele não tinha como saber o estado que os órgãos internos estavam.-Ragna??... Oi?O homem estava desacordado e sem respirar em meio as próprias vísceras na areia, era uma cena de morte, sem saber muito o que fazer, Dan se posiciona para fazer uma massagem cardíaca, mas assim que ele ia começar uma voz baixa o fez parar.-Se fizer isso vai me quebrar as costelas e eu vou ficar muito puto contigo moleque...Devagar ele sentava e olhava de forma ríspida ao jovem ao seu lado.-Entende um negócio garoto, se brilha, é mais forte que você ou tem a mesma força e com certeza tem mais experiência com as habilidades, então se brilha, você evita lutar ou vai morrer... ENTENDEU?Dan chacoalha a cabeça assentindo veemente, a raiva e a força nova tomaram conta de sua mente... A raiva... O trem... OS ESCRAVOS.O jovem corria para perto do trem parado e dezenas de corpos estavam espalhados em meio a sangue na areia, ele não conseguia achar seus amigos, mas todos os cadáveres eram conhecidos de True Vegas, estava claro que era o grupo que estava ali, mas não dava para saber se seus amigos ainda estavam vivos ou se os escorpiões haviam comido seus corpos antes de ele chegar ali.Ragna por sua vez olhava o trem e rapidamente percebia algo, o mesmo estava sem energia, sem célula de combustível. Mancando ele saía do trem e seu pé afundava anormalmente na areia, o homem se abaixava e escava um pouco a areia, mostrando uma parte mais funda que estava úmida e emanando uma energia amarela quase alaranjada escura, uma cor de bronze. Dan percebia o homem se aproximar dele e via ele sacar um canivete da bota, ele se enfiava a lâmina por baixo das costelas de um cadáver e Dan ia falar algo, mas ai viu água vazar da ferida e a água emanava aquela energia cor de bronze.-Morreram afogados, toda a área parece que ficou úmida por pouco tempo, também levaram a célula de alimentação do areno-trem para o mesmo não poder se mover... Me parece que um mercenário do deserto com habilidade de água encontrou o grupo e matou todos, pegou a célula de energia como seguro do pagamento e pra ninguém levar o areno para longe... Ele matou todos e chamou o contratante, o dono do trem, temos que sair, não sabemos o tamanho e força do esquadrão que vai vir...O adolescente olhava para cima seu olhar de raiva era visível, mas a mão que Ragna mantinha sobre a barriga o fazia desviar e acalmar o olhar.-Olha, eu não achei ainda meus amigos, preciso os encontrar, pelo menos isso... Somos dois com habilidades, um simples exército não vai nos parar tão fácil, vai?A forma como a expressão de Ragna parecia mudar tão pouco, mas ainda assim a leitura que se tinha dela era tão diferente, chegava ser assustador, sua cara simplesmente expressava raiva quase sem caretas, apenas no olhar.-Olha aqui moleque, eles já estão mortos, todos aqui estão, você entrou num mundo que você não entende PORRA nenhuma, você era o fundo da cadeia alimentar, uma folha de grama achando a vaca o predador supremo... Agora... Com o motor liberado você não é mais uma simples grama, você tem presas e garras visíveis, ninguém vai mais te tratar como algo inofensivo, vão te atacar pra matar, os traficantes de escravos e drogas que você conhece, são fracos que incapazes de lutar por si no mundo em nível de poder, tentam dominar pessoas comuns e ganharem algum poder usando influência... A galera que vai vir atrás de você agora, faz o Clover parecer uma menininha de vestido fofo... Não só isso, você e seus amiguinhos foderam meu veículo de fuga, então AGORA, você vai servir como a bateria da minha moto para eu chegar em casa, depois disso se tu quiser voltar aqui e se matar, problema seu, o rabo não é meu você mete ele na furada que preferir, mas agora... PRA MOTO...Ragna apontava para moto como um pai brigando com a criança pequena e Dan sabia que não podia discordar, tudo fazia algum sentido em suas falas, apesar de ele ainda não entender a precaução, no entanto o caso dos escorpiões o deixou com um gosto amargo na boca, alguém quase morreu por um erro dele e por mais que ele queira saber o que ocorreu com seus amigos, realmente... Era mais provável que morreram e foram devorados, ser capturado por inimigos e morto ou pior, não seria de ajuda a ninguém.O rapaz caminhava para a moto sentindo um peso como nunca sentiu antes, era um peso emocional, muito mais pesado que qualquer peso físico que já sentiu, conforme montou na moto e se distanciou, era como se parte do seu coração ficasse para trás a cada quilômetro. Lágrimas escorriam de seu rosto conforme o tempo passava, até que com o novo anoitecer, enquanto passavam pelas ruínas de uma cidade antiga, seu estômago roncou.-É... Ragna, não vamos parar pra comer algo? Não comemos nada desde ontem...O mercenário olhou ao redor, era um bom lugar para acampar.-Verdade, comer, esqueci, vamos parar para comer e dormir por hoje...Dan ficava meio pasmo, achou que o homem estava muito apressado na fuga e não queria parar, por isso não tinham comido... Como assim esqueceu de comer??? As vezes ele parece tão atento e logo ele volta com essa atitude irritante como se nada fosse um problema.Ragna parava a moto dentro de uma garagem antiga em um prédio, descia e começava a juntar madeira seca que pegava de móveis velhos caindo aos pedaços e batentes de portas, assim como mato seco crescendo em frestas nas paredes e chão. Ele sacou o canivete multiuso, tirou uma peça de metal de dentro dele e raspou os dois objetos para criar faíscas que incendiaram o pó e grama, a chama se alastrou para as madeiras maiores nas quais ele começou a jogar umas cadeiras e escrivaninhas, até ter uma fogueira que iluminou a escuridão.-Ok, vamos caçar algo pra comer?Ragna sorria perante a fala de Dan.-Vamos? Ha ha, VOCÊ vai... Não tem coisas muito mais poderosas que você por aqui, normalmente... E você precisa se acostumar com essas habilidades, afinal de contas, não serei sua babá eternamente...Dan ficou um tanto confuso e indignado, Ragna não parecia com fome e nem com pressa para comer, o que explicava ele se sentar ao lado da fogueira tranquilamente enquanto mandava Dan caçar algo, mas não era possível, ele estava sem comer no mesmo tempo que Dan, era pra estar faminto.-Não vai nem me dar umas dicas? E se eu não pegar nada?-Ai você não come nada, você é um turbinado, enquanto tiver bastante energia não precisa comer, beber água ou dormir, óbvio, isso significa que não os fazer não te mata, mas não significa que seja confortável...O estômago de Dan roncava e sua cara ficava confusa.-Como assim eu não preciso comer?Ragna ria.Explicação longa, sou péssimo professor, mas quanto mais energia você tem, mais você vive sem essas coisas, mas isso te enfraquece rapidamente.Sem entender muito, Dan saiu andando pela cidade, prédios caídos, desmoronados, pilhas de entulho, concreto e areia eram infinitas, mas ele nada via, se tinha algo ali, estava correndo dele como se o sentissem.Enquanto pensava isso, Dan se lembrou dos escorpiões, como sua aura parecia aquecer o local, de certa forma ele conseguia sentir de longe, ele achou que era o sol nascendo, mas eram apenas as criaturas. Olhando para seu corpo ele tinha a mesma aura abundante e contínua, enquanto Ragna não possuía nada, seria alguma técnica de ocultação e as criaturas fogem dele apenas por o verem de longe?O jovem tentou se concentrar, fazer aquela energia parar de fluir para fora de si, ficar dentro do corpo, ele até conseguia um pouco, mas era tipo tentar tapar com o dedo uma mangueira forte, uma hora a pressão forçava a se abrir e vazar.Conforme ele diminuía sua energia ele pode sentir uma segunda se aproximar rapidamente, de forma perigosa e saltou para a frente, isso o permitiu desviar da investida de um ser maior que um cão grande, ele estava em meio a escombros, seja lá o que era sumiu antes dele ver mais do que a silhueta, mas agora assustado e alerta, sua aura estava agitada novamente e ele não conseguia sentir mais o animal.O adolescente respirava fundo, tentava acalmar a sua energia e a recolher para poder sentir, mas incapaz de se acalmar, sua aura permanecia agitada e então completamente fora de sua percepção, um vulto avermelhado o acertou na perna direita, o jogando girando para o alto até cair de costas no chão.Com dor na perna ele rapidamente se levantava, meio manco, ele observava os escombros e restos de prédios ao redor, nada na sua visão, sua energia azul clara circulando em sua pele em mini redemoinhos nervosos como ele estava.O próximo ataque vinha por trás e o acertava nas costas bem na altura das costelas, o jogando de cara no chão, novamente ele se levantava sem ver nada, seja lá o que o estava atacando, se não reduzisse sua aura, não iria conseguir sentir.A adrenalina começava a pulsar em suas veias, assim como no caso dos escorpiões ele sabia que tinha que se acalmar e tomar uma boa decisão, pois as que tomou daquela vez quase matou ele e Ragna. Era como o mercenário disse, ele estava num combate cruel agora entre predadores, ele não era mais gado de abate... Abate... Assim como seus amigos foram abatidos... Enquanto tentava se concentrar, Dan lembrava de Alicia e mordia o lábio, sua aura se agitava e crescia, furiosa como o interior da mente do adolescente.Com esse aumento na violência e tamanho de sua aura ele ouviu algo "parar" repentinamente no chão, como se deslizasse pela areia, ao se virar, era um grilo com aura avermelhada do tamanho de pit bull grande. O inseto observava a aura furiosa e azulada do garoto um tanto surpreso, talvez intimidado, ele parou de atacar por achar que era algum contra ataque. A criatura erguia as pernas traseiras cheias de espinhos que lembravam serras, encostava uma na outra e começava a esfregar elas, o som que saiu de suas patas lotou o lugar como um show de rock no último volume, o concreto tremia, poeira se erguia do chão que vibrava, os tímpanos de Dan doeram tanto que ele se sentiu obrigado a levar as mãos aos ouvidos e ficou zonzo.Aproveitando a debilitação do homem causada pelo som, o grilo se jogou numa cabeçada contra as costelas do adolescente, o derrubando no chão e cravando suas poderosas mandíbulas na carne da barriga de Dan, fazendo ele urrar de dor. As mandíbulas da criatura não conseguiam arrancar pedaços da carne repleta de energia de Dan, mas faziam feridas começando a cortar a carne e causando muita dor, se tivesse tempo, com certeza a criatura o mataria.A tontura dificulta a reação de Dan, mas assim que ela passou e ele conseguiu entender onde o grilo estava, ele balançou a mão tentando acertar murros na criatura, mas seu exoesqueleto era muito resistente, seus socos não faziam a criatura largar, então ele enfiou os dedos nos olhos da criatura que guinchou e se distanciou. O jovem se levantava, pegava uma pedra no chão e no instinto a arremessava no grilo, sua aura se misturava a pedra a desintegrando e uma bola da mesma era arremessada no lugar da pedrinha, como um raio o grilo desviava com velocidade sobrando e a energia azulada de Dan acertava o chão abrindo uma enorme cratera, mas ele não tinha tempo de admirar aquilo, a dor em sua carne o havia lançado totalmente numa situação de vida ou morte e ele não estava mais vendo a criatura que queria o devorar.Dan ficou quieto, olhando ao redor, sua respiração acelerada, ele podia ouvir seu próprio coração, ele precisava achar a criatura e a adrenalina lhe ajudou nos extintos, ele melhorava seus sentidos ao máximo, inclusive sua aura se acalmava e reduzia, sumindo de sua pele, bem a tempo de ele perceber a criatura investindo contra ele pelas costas.O jovem rolava para a direita fazendo a criatura errar, sentindo vontade de reagir ele fez o movimento de jogar algo na criatura como fez antes, aura emergiu em suas mãos e se disparou como uma granada de sua mão no alvo, acertando perto do grilo, que pulou para longe, mas Dan não parou, jogou várias bolas de energia que abriam crateras de um a dois metros de raio com as explosões que causavam, o grilo então começava a se distanciar do adolescente que então tinha seu instinto de presa substituído pelo de predador, aquele "almoço" ia fugir dele se deixasse.Correndo atrás de sua presa, o rapaz se colocava numa perseguição disparando suas bolas azuladas de aura atrás da criatura, não acertava nenhuma, o grilo era muito rápido, mas ele parecia precisar usar tudo de si para correr dele assim, pois não tinha tentado um ataque a muito tempo já. Em fuga o grilo passa por uma passagem de seu exato tamanho numa parede de concreto, parecia algo que ele fez para passar, Dan não conseguiria nunca atravessar ali, pelos não naquele tamanho e nossa, como era mais simples as coisas agora, duas bolas azuis e a parede de concreto explodia dando passagem ao jovem com um sorriso no rosto... Que sensação era essa, ele estava em perigo, com fome, caçando um grilo para comer, ainda assim... No fundo ele se sentia bem, ele tinha a capacidade para aquilo, ele era capaz... Ele era livre... pela primeira vez na vida ele cuidava de si mesmo sem ajuda e sem sob ordens, ele tinha sido agredido e estava reagindo, ele queria comer e estava tomando ação... Ele ele ele... Ninguém mais mandava nele.Aprendendo a admirar sua liberdade Dan, começava a refinar cada vez mais os disparos até ue finalmente acertava o grilo, a explosão o arremessava num pilar de concreto que ruía com a pancada do corpo do grilo, mas sem o ferir gravemente, na realidade, algo mais chamou a atenção refinada dele, uma aura rápida, vindo da direita, na altura de seu peito. Se curvando ele saiu da frente do ataque, era como se tudo estivesse em câmera lenta, ele preparava uma bola azulada na mão esquerda e arremessava para cima atingindo um segundo grilo do qual ele havia desviado.Os grilos se erguiam um ao lado do outro e começavam a rodear o humano.-Parece que a senhora grilo quer ser a sobremesa...O garoto se sentia bem o suficiente para brincar, apesar da ferida em seu tronco onde o grilo mordeu e os roxos de pancadas nas pernas e costas. Ainda assim ele se sentia bem, eles teriam gostado disso... O pensamento passava em sua cabeça, fazendo seu sorriso sumir, aquele poder era bom, mas a perda dos amigos era ruim, ambas as coisas em sua mente faziam um gosto agridoce em sua boca e ele não conseguia nem sorrir e nem chorar, sua expressão por um minuto parava numa expressão neutra, como a de Ragna, logo antes dele fazer uma careta e exclamar.-Não, não vou ficar amargo como ele... Vou viver por meus amigos, ter a diversão que ele mereciam ter... E A DIVERSÂO HOJE É CHURRASCO DE GRILO...Se divertindo ele voltava a lançar as esferas de energia e desviar das criaturas que atacavam alternadas, no entanto as criaturas continuavam sempre iguais e ele aprendia algo novo ou refinava mais seus movimentos a cada ataque ou defesa. Ele estava aprendendo e assim iria só melhorar.------------------------------------------Deitado ao lado da fogueira, Ragna observava o céu estrelado pelos buracos no teto enquanto ouvia explosões ao longe, ele pensava no caso do Clover, na fuga dos escravos, em como eles acabaram morrendo, no último deles que ele agora estava viajando junto.Ele poderia usar o moleque como bateria até o deserto de lâminas e depois o largar para morrer por ai, talvez até de fome no deserto ou comido por algo? Não era de seu feitio, não era de seu agrado, mas ele também não é do tipo que pega filhotes de rua e leva pra casa.Conforme ele pensava, o tempo passava e logo Dan entrava no local carregando dois corpos de grilos mortos.-Legal, as coxas desses ai ficam boas no fogo, só não vamos ter sal...Ragna brincava com Dan e então percebia que a aura em seu corpo estava calma, quase nenhuma energia vazava de seus poros, era um controle muito bom.-Hahaha Você precisou aprender a controlar sua energia para matar dois grilos? Que merda hein moleque...-Ah vai se lascar esses merdas eram rápidos e eu não ia pegar eles se dependesse só de ver...Ragna se recostava e ria por entre dentes.-Eu estava ouvindo as explosões, aprendeu a arremessar energia também?Dan ficou com uma expressão de dúvida.-Como você sabe?-Sua energia é de uma cor azulada bem pura... Você não aprenderia a socar tão forte, tão rápido...Dan ficou com uma expressão ainda mais curiosa e questionou.-É a segunda vez que faz isso, adivinha coisas baseadas na aura, como você faz isso?Ragna resmungava, fungava e se ajeitava no chão.-Eu não sou bom professor garoto...-Ah sim claro, eu vou perguntar ao grilo... Olá senhor grilo pode me explicar sobre isso?Dan ficava chacoalhando a cabeça do grilo perto de sua orelha como se falasse algo, o que tirava um sorriso de Ragna.-Ok ok... Coisa antiga, teoria de cor, psicologia e os caramba... Pensa comigo, essas habilidades usam energia, imagine assim, seu cérebro para viver funciona como um motor, ele tem o combustível, como comida e experiências e ele gera sua vida, a energia é como se fosse... A fumaça, o resíduo dessa máquina...Ragna se sentava e pegava uma perna do grilo para comer direto do fogo.-Existem três cores base e três bases da personalidade, cada traço da personalidade muda como o motor funciona, combustível e fumaça, o vermelho é ligado a personalidades mais instintivas, desejos carnais, gula, raiva, coisas instintivas, tanto que animais tendem a ser de aura vermelha, essa aura avermelhada é mais forte e mais fácil de se usar para melhorar o corpo...O homem apontava pro grilo que realmente tinha aura avermelhada quando vivo e mordia a carne de sua perna para se alimentar.-...Ai temos o amarelo, desejos mais racionalizados, coisas mais racionais, mentiras, manipulações, cobiça, status, medo, desejo de aprendizado e conhecimento... Coisas que exigem mais astúcia... Essa aura é melhor e mais fácil de se usar para gerar efeitos diferenciados e maldições, como o próprio Clover por exemplo...Ragna lambia os dedos e quebrava a casca do grilo para ter acesso a mais carne.-E por fim temos o azul, amizade, amor, senso de honra, moral... E essa aura é melhor e mais fácil para ataques a distância, provavelmente foi mais simples para você compreender como ocultar sua aura, que seria algo de amarelo, do que para arremessar ela, algo que o azul é especializado...O mercenário falava e comia, mas Dan estava confuso.-Não existem apenas energias amarelas, vermelhas e azuis...Ragna lambia um dedo e acenava positivamente com a cabeça.-Uhum e é ai que entra tonalidade e mistura... Quão mais clara a cor, maior a tendência benigna da aura, quão mais escura, maior a tendência maligna e qualquer cor é feita de misturas das três cores primárias, assim como qualquer personalidade é uma variação de prioridade daqueles três pilares... Então você tendo uma cor azul tão pura e clara, sabemos que você é um cara com uma tendência a ser benigno e muito focado em amigos, moral e etc...Dan ficava inquieto, seu cabelo arrepiava, ele lembrava da aura de Ragna, um roxo azulado quase negro, roxo é uma mistura de vermelho e azul e segundo o que ele ensinou de tons, quão mais escuro mais maligno... A cor dele era quase preto total.O garoto ficava tenso, ele sabia que não conseguiria lutar, mas talvez conseguisse correr, porém por que ele ensinaria isso se faria com que o Dan corresse?-Calma garoto... É a base da personalidade, não uma leitura de mentes, um super guloso que comeria doces por prazer até seu sangue virar mel e ele morrer, teria uma aura vermelha escuríssima, pois é uma tendência maligna, auto depreciativa... Se você julgar alguém pela aura, vai se dar mal... Mas claro... É sempre um aviso... Não sou santo, eu matei alguém e você viu, por raiva e um senso distorcido de moral... Azul e vermelho maligno, roxo escuro...Dan se aliviava um pouco, mas ainda assim era um choque, Ragna apesar de o salvar, ainda era humano, tinha defeitos, falhas... Não era nenhum herói... Não era como se ele tivesse tentado ser em qualquer momento, mas ainda assim, era um baque.-Beleza então, Tunar, Turbo, Marcha, o que são?Dan questionava para se acalmar.O outro homem parecia incomodado.-Poxa, você quer uma aula do nada? Que curiosidade, rapaz... Os nomes não são muito criativos, pense num motor e transfira... Marcha, quão maior mais "forte" é o nivelamento que fazemos, você é de primeira marcha, vai até a sexta, o poder dobra a cada marcha.Dan engasgava ao ouvir o termo "dobrar" se referindo a cada marcha, se o poder de primeira era todo aquele que ele conhece e já viu... E ele dobra a cada marcha... Qual o poder de uma sexta?-...Tunar é bem isso, normalmente sua energia se distribui igualmente, multiplicando seus atributos corporais igualmente, tunar é aprender a focar sua energia para melhorar mais algo ao invés de outra coisa de forma personalizada...Era menos absurda essa expressão, talvez fosse o choque do poder das marchas, mas tunar parecia menos problemático agora e Dan apenas resmungava como que para Ragna continuar.-...Por fim turbo... Mesma coisa de um turbo, você reutiliza sua "fumaça" para ter um motor mais forte, basicamente é uma forma de usar suas habilidades de forma mais efetiva, extraindo o máximo de energia que seu motor produz e usando pra lutar, mas isso faz você morrer mais rápido...-Mas hein?Dan ficou confuso, como assim morrer...-Lembra que esse "motor" tem como função te manter vivo? A energia é o que seu corpo usa para ficar vivo, normalmente o corpo produz pouca energia para não forçar o motor e com pouca produção dessa energia, você precisa comer, beber e dormir muito rotineiramente. Quando você destrava seu cérebro totalmente ele libera mais energia, mas ela não vai toda pro seu corpo, a maioria escapa, igual você estava quando chegou... Agora que você aprendeu a conter a energia, pode ficar dias sem comer, sem morrer ou definhar igual uma pessoa normal, mas sentirá fome por costume... Seu corpo ainda usa a energia para viver, no turbo, você redireciona a energia que seu corpo usa para viver totalmente pro seu poder... Seria como prender a respiração pra lutar, caso isso te fizesse mais forte... Você é mais poderoso, mas se não parar de usar logo, morre...Falando isso, Ragna fechava os olhos e como que tentando forçar o rapaz a dormir, o ignorava.-Tá e tem mais coisas que podem ser feitas? Como que eu tuno?Apenas o silêncio respondia Dan.-EI EU SEI QUE VOCÊ NÃO TÁ DORMINDO AI, VOCÊ MESMO ME DISSE QUE NÃO PRECISA DORMIR NORMALMENTE...Resmungando, Dan ia dormir xingando Ragnar em pensamento.Realmente, ele não sentia que precisava dormia, mas se sentia bem em o fazer, logo dormiu e acordou com Ragna cutucando ele com o pé.-Vamos lá, princesa, soninho de beleza já acabou...O sol estava nascendo, mas Ragna já queria sair dali, mas uma das dúvidas da noite passada que Ragna ignorou, ele não poderia ignorar agora de forma tão fácil. Conforme subiam na moto, Dan disse:-Esses grilos, os escorpiões, como eles tem energia e são tão grandes e mutantes? Eu não sofri mutação nem nenhum outro...Ragna respirou fundo e se sentou na moto, deu partida e voltou a estrada, só então, quase que como após uma reflexão, ele disse:-Eles não ganharam a marcha, eles nasceram com elas, seus corpos foram moldados para aguentar a ela desde o nascimento, isso ocorre raramente de forma natural e ocorreu muito antigamente de forma artificial até pararem com essa maluquice... Tudo que nasce assim é um monstro, uma aberração...E zarparam rumo ao horizonte leste com o sol nascendo a sua frente.