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Chapter 4 - Capítulo 3 — Lugar Desconhecido

Um novo dia começava na mansão, e, como de costume, Eriel aproveitou a manhã para se dedicar à leitura. Dirigiu-se à vasta biblioteca, um espaço acolhedor com estantes repletas de volumes raros e antigos. Passou uma hora mergulhada em histórias e tratados, deliciando-se com o conhecimento que cada página oferecia. Para sua frustração, no entanto, o tempo voou, e ela não conseguiu ler todos os livros que desejava.

Após encerrar o momento de leitura, Eriel lembrou-se da área que havia chamado sua atenção no dia anterior, quando chegou à mansão. Era um campo aberto, amplo e sereno, que parecia o local ideal para treinar. Decidida a aproveitar ao máximo o dia, ela se dirigiu até lá, ansiosa para começar seu treinamento.

No campo, Eriel iniciou uma série de exercícios, movimentando-se com a graça de uma dançarina e a precisão de uma guerreira. Decidiu colocar em prática alguns dos estilos de luta que havia aprendido com seu irmão. Os movimentos fluíam naturalmente, mas Eriel preferiu concentrar-se nas técnicas que ainda lhe causavam dificuldade, determinada a aperfeiçoá-las.

Embora o campo fosse aberto, o calor do sol não a incomodava, pois algumas árvores estrategicamente posicionadas ofereciam uma sombra refrescante. A brisa suave que soprava ali trazia um alívio bem-vindo, permitindo que ela se concentrasse totalmente em seus movimentos. Assim, seu treinamento transcorreu sem problemas até o horário do almoço.

Sentindo-se suada e um pouco cansada, Eriel decidiu tomar um banho antes de se alimentar. Ao entrar no banheiro da mansão, não pôde deixar de se surpreender. Tendo passado toda a sua vida em uma casa simples no campo, o luxo e a grandiosidade daquele lugar eram quase inimagináveis para ela.

O banheiro era imenso, espaçoso o suficiente para acomodar confortavelmente mais de dez pessoas. Havia três compartimentos principais dispostos lado a lado: o primeiro era o banheiro masculino, seguido pelo misto e, finalmente, o feminino. Cada um desses banheiros estava equipado com uma banheira de água quente, grande o suficiente para ser usada como uma piscina durante os meses frios de inverno. Eriel mergulhou na água quente, permitindo que o calor relaxasse seus músculos cansados.

Após o banho, sentindo-se revigorada, Eriel trocou de roupa e se dirigiu ao jardim. Já estava acostumada com aquele lugar, que havia se tornado um refúgio relaxante para ela. As flores coloridas e os arbustos bem cuidados criavam uma atmosfera de paz e tranquilidade.

Ao chegar ao jardim, notou a presença de três pessoas conversando mais adiante. Reconheceu Noir imediatamente, sentada ao lado de Azrael. Nos poucos dias em que estivera na mansão, Eriel reparou que os dois estavam quase sempre juntos. A proximidade entre eles era evidente. Curiosa, ela se perguntou se Noir seria uma irmã adotiva de Azrael, já que Alice nunca havia mencionado ter uma irmã.

Enquanto observava os três, uma sensação estranha a envolveu. A temperatura ao seu redor caiu repentinamente, e Eriel percebeu, assustada, que conseguia ver sua própria respiração. Uma onda de inquietação a fez considerar sair do local, mas antes que pudesse dar um passo, ouviu uma voz suave e ao mesmo tempo firme atrás de si.

"Você não deveria observar as pessoas enquanto se mantém escondida", disse Azrael, sua presença tão inesperada quanto a mudança de temperatura.

Eriel se virou rapidamente, surpresa ao ver Azrael tão próximo. Seus olhos se moveram nervosamente, tentando entender como ele havia se deslocado de um ponto ao outro tão rapidamente. Ela teria percebido sua aproximação... A distância era grande demais para ter sido coberta em tão pouco tempo. Ela o fitou, perplexa.

"Como?" balbuciou, ainda tentando encontrar uma explicação.

Azrael sorriu enigmaticamente.

"Quem sabe?", respondeu ele, seu tom brincalhão, mas seus olhos brilhando com uma intensidade que Eriel não conseguiu decifrar.

Foi então que Noir se aproximou, sua expressão denotando preocupação. Ela olhou diretamente para Azrael, os olhos estreitados em um misto de raiva e frustração.

"Você está louco!? Seu corpo não vai aguentar!" exclamou Noir, a voz carregada de emoção. Ela se aproximou ainda mais, quase desafiadora. "Você não deveria forçar tanto, Azrael!" As lágrimas começaram a brotar nos olhos de Noir, traindo a bravura que tentava manter. "Você está sem suas roupas, o dano que seu corpo pode sofrer é... é..."

Azrael suspirou, suavizando sua expressão. Ele se inclinou para acariciar a cabeça de Noir, tentando acalmá-la.

"Me desculpe, Noir. Não pensei que isso causaria problemas..." murmurou ele, sua voz cheia de ternura.

Noir balançou a cabeça, lutando para controlar as lágrimas. Azrael então a segurou gentilmente, puxando-a para perto.

"Vamos, você pode se juntar à conversa", sugeriu ele, começando a caminhar de volta ao local onde estavam antes, murmurando algo para Noir enquanto caminhavam, aparentemente tentando confortá-la.

Eriel os seguiu, intrigada pela dinâmica entre os dois. Ao se aproximarem do local, ela finalmente pôde ver claramente a terceira pessoa com quem eles estavam conversando. Era uma mulher de beleza quase etérea, com longos cabelos brancos como a neve e uma pele pálida que parecia brilhar sob a luz do sol. Seus olhos azuis eram intensos, como dois pedaços de gelo, e fixaram-se em Eriel com um olhar penetrante.

A mulher usava um longo sobretudo de um tom amarelo-alaranjado, com detalhes prateados e um pequeno pingente preso à lapela, onde uma runa dourada estava entalhada. Havia uma aura de poder ao redor dela, algo que fazia o ar ao seu redor parecer mais frio. Por um momento, Eriel sentiu como se todo o seu corpo congelasse, como se estivesse sendo atravessada por mil espadas de gelo. A sensação era sufocante, e ela tremia involuntariamente.

A mulher franziu ligeiramente a testa.

"Minha intenção assassina está vazando...?" comentou, sua voz fria como o próprio inverno.

Eriel lutou para recuperar a compostura, tentando não demonstrar o pânico que começava a tomar conta dela. Antes que pudesse responder, Azrael interveio.

"Naara, calma. Ela não é uma ameaça", disse ele, em um tom conciliador. "Eu sou responsável pelo treinamento de Eriel, mas acredito que não devo ensinar alguém que não pode suportar sua presença."

Noir, agora mais tranquila, sentada ao lado direito de Azrael, acrescentou suavemente:

"Naara é muito intensa, Az... Você sabe disso."

Naara relaxou um pouco, e seus olhos azuis suavizaram enquanto fitavam Azrael e Noir. A tensão no ar diminuiu, e Eriel finalmente sentiu que podia respirar novamente. O ambiente parecia voltar ao normal, embora o desconforto inicial continuasse pairando, uma lembrança sutil de que, mesmo naquele jardim aparentemente tranquilo, o perigo estava sempre à espreita.

Azrael sorriu levemente, inclinando a cabeça.

"São suas palavras, não as minhas."

A cada segundo que passava, a temperatura ao redor se tornava mais insuportável, embora o sol brilhasse alto no céu. Eriel, tentando disfarçar o incômodo, percebeu que Azrael parecia igualmente desconfortável, mas, ao contrário dela, ele não demonstrava nenhum sinal de desconforto. Mesmo com as roupas leves que vestia, Azrael permanecia impassível, seu corpo imune ao frio que a envolvia.

"Isso me lembra..." Naara começou, seus olhos se voltando brevemente para Eriel antes de desviar para Azrael, como se buscasse permissão para continuar. Azrael acenou de leve, e ela prosseguiu. "Ouvi dizer que a Aliança tem se movimentado muito ultimamente."

Azrael franziu ligeiramente a testa, uma mudança quase imperceptível em sua expressão.

"Esse é um assunto que você deve lidar. Pensei ter deixado isso claro."

Eriel sabia o que a Aliança representava. Aquele grupo terrorista era conhecido por suas atrocidades espalhadas por todo o universo, famoso por tentar derrubar os deuses de seus postos. Após a derrota de seu primeiro líder, o grupo, composto por várias raças, desapareceu, e muitos acreditavam que ele havia se desfeito. No entanto, os rumores indicavam que a Aliança estava se reorganizando e ganhando força novamente.

"Claro, mas suas ordens são direcionadas aos outros dois? Não posso cuidar de todo o trabalho sozinha." Naara replicou, seu tom carregado de frustração.

"Naim não está com você?" Azrael perguntou, sua voz calma.

Os olhos de Naara se encheram de fúria ao ouvir o nome.

"Naim, sério? Ele é apenas mais um. Você deveria saber que não se deve confiar assuntos sérios às mãos de incompetentes."

Azrael ergueu uma sobrancelha, sua voz assumindo um tom severo.

"Você se lembra que, assim como você, Naim foi escolhido a dedo por mim?"

Naara deu de ombros, visivelmente irritada.

"Não é o que eu quis dizer... Trabalhamos melhor com você liderando. Deixar os assuntos do reino nas mãos de Naim, enquanto você continua neste planeta... Se estivesse conosco, poderíamos dizimar a Aliança e restaurar a ordem."

Azrael soltou um suspiro profundo, sua expressão marcada pela preocupação.

"Você poderia se acalmar? A temperatura está terrível. Mesmo com as habilidades de Sonne, posso sentir seu frio penetrante."

Gradualmente, a sensação gélida começou a desaparecer, como se as palavras de Azrael tivessem acalmado Naara. Foi nesse momento que Eriel percebeu que era ela quem estava causando a variação de temperatura. A ideia de que Naara possuía tanto poder a surpreendeu, e um calafrio percorreu sua espinha, não causado pelo frio.

"Lembra do dia em que nos conhecemos?" Azrael perguntou, quebrando o silêncio.

Naara olhou para ele, seus olhos azuis suavizando.

"Como se fosse ontem. A sua coragem e determinação me impressionaram desde o primeiro momento."

"Eu nunca duvidei do seu poder e te ajudei com sua vingança. Será que poderia ter um pouco de fé em mim, assim como eu tive em você? Juntos, somos capazes de grandes feitos." Azrael falou com um tom gentil, mas firme.

Naara abaixou a cabeça, pensativa, deixando um momento de silêncio se prolongar. A tensão diminuiu, e o ar ao redor parecia menos pesado. Azrael, ainda olhando para Naara, virou-se lentamente para Eriel, um brilho misterioso nos olhos e um sorriso ligeiramente provocador se formando em seu rosto.

Eriel sentiu um arrepio, não de medo, mas de curiosidade e fascínio. Havia algo mais profundo nos olhos de Azrael, algo que ela não conseguia decifrar completamente, mas que a atraía como uma mariposa para a chama. Naquele jardim tranquilo, sob a sombra das árvores, Eriel percebeu que estava diante de forças muito além de sua compreensão, mas que, de alguma forma, ela estava destinada a entender.

Azrael se virou completamente para ela, sua voz baixa e envolvente.

"Vamos, bela dama, preciso da sua ajuda para realizar algo grandioso."

A forma como ele a chamou fez um arrepio percorrer sua espinha. "Bela dama". Era um apelido curioso, que parecia carregar um significado oculto. Algo dentro dela se remexeu, uma conexão inexplicável.

"Bela dama?", Naara questionou, uma sobrancelha arqueada em confusão.

Azrael deu de ombros, como se as palavras fossem naturais.

"Preciso de um pouco da sua loucura, da sua ousadia e da coragem que desafia as convenções. É isso que nos fará avançar além das limitações impostas."

Sem mais palavras, Azrael começou a caminhar em direção a uma área aberta, uma clareira cercada por árvores majestosas. Eriel e Naara o seguiram, curiosidade e tensão aumentando a cada passo. Ao chegarem, o ar parecia vibrar com uma energia palpável, algo extraordinário pairando sobre eles.

Azrael parou, virando-se para encarar Eriel.

"Prometi a Ethan que iria te treinar, mas não tenho a menor intenção de fazê-lo de forma convencional."

Eriel sentiu seu coração acelerar, a expectativa crescendo dentro dela. O que Azrael poderia estar planejando?

"No entanto," ele continuou, sua voz ganhando um tom mais sério, "se você conseguir suportar a sede assassina de Naara, se conseguir canalizar essa energia sombria para o bem, então eu irei te treinar. E se tudo correr como espero, você se tornará alguém que não precisa mais da minha proteção, alguém capaz de enfrentar os desafios que estão por vir."

Naara interrompeu, sua voz carregada de ceticismo.

"Do que você está falando? Essa humana não..."

Azrael levantou uma mão, silenciando-a.

"Eu sei que ela é humana, Naara. Mas ela possui algo especial dentro dela, algo que ainda não foi totalmente despertado. Acredite em mim, ela pode se tornar uma força poderosa para o nosso lado."

Naara inclinou a cabeça, seus olhos revelando um turbilhão de emoções — desconfiança, curiosidade e uma tênue ponta de esperança. Ela estava tentando entender o que Azrael via em Eriel.

"Se ela conseguir suportar, significa que meu pacto chegou ao fim. Depois do treinamento, voltarei para casa." Azrael declarou, sua voz soando como um juramento solene.

"E se ela não conseguir?" Naara questionou, seu tom frio e calculista.

Azrael deu de ombros, um meio sorriso dançando em seus lábios.

"Quem sabe?"

Naara deu um passo à frente, seus olhos fixos em Eriel, como se estivesse avaliando sua coragem. O silêncio entre elas era denso, carregado de expectativa. Eriel sentiu a pressão do olhar de Naara, um desafio silencioso.

"Tudo bem, aceito o desafio", Eriel respondeu com firmeza, sua voz clara e decidida. Ela não sabia se era arrogância ou mera confiança, mas estava determinada a mostrar a Azrael que não deveria ser subestimada.

Azrael sorriu amplamente, uma satisfação evidente em seu rosto. Ele se aproximou, sua mão repousando levemente no ombro de Eriel, um gesto de apoio e confiança.

"Muito bem!" ele exclamou, sua voz soando quase como um elogio. "Apenas, por favor, Naara... não tente arrancar os olhos dela."

O comentário fez Naara estreitar os olhos, uma sombra de diversão passando por seu rosto.

"Sem promessas", ela respondeu, seu tom meio brincalhão, meio ameaçador.

Naara apresentou-se imóvel diante de Eriel, seus olhos penetrantes observando cada um dos movimentos da outra. Ela emanava uma aura intensa, uma presença que fazia o corpo de Eriel tremer inteiro. Eriel decidiu se preparar mentalmente para o que estava por vir, sem ter ideia do que a aguardava. Podia sentir que Naara não era uma pessoa comum. Sua mera presença envolve o ambiente em uma atmosfera rica e opressiva.

Eriel respirou fundo, tentando controlar o nervosismo, e então a voz de Azrael ecoou pelo ar.

"Venha!"

Com essas palavras, Naara liberou sua sede de sangue. Uma onda de energia negra percorreu o corpo de Eriel, fazendo-a estremecer. A aura de Naara inundou o local, e o instinto de Eriel gritou que o perigo era real, implorando para que ela se afastasse dali o mais rápido possível. Ignorando os sinais de alerta que seu corpo enviava, Eriel fixou seus olhos em Naara, determinado a enfrentar o desafio de frente.

A aura de Naara então se intensificou ainda mais, como uma maré crescente de escuridão e malícia. A pressão invisível que emanava de Naara parecia empurrar Eriel para baixo, e ela caiu de joelhos no chão, rendendo-se pela imensa força que a pressionava. Uma sensação de peso esmagador se apossou de seu corpo, e ao levar a mão ao nariz, Eriel percebe que estava sangrando. A pressão que estava suportando era avassaladora, e sua energia parecia drenar a cada segundo que passava.

"Az, ela vai morrer! Naara é poderosa demais!" Noir exclamou, desesperada, enquanto o sangue pingava no chão.

No entanto, Azrael não parecia preocupado. Ele observava calmamente, seus olhos fixos na cena.

"Ainda não", respondeu ele, com uma tranquilidade que contrastava com a intensidade do momento.

Naara exibiu um sorriso satisfeito, revelando um vislumbre de sua expressão sádica. Ela parecia estar se deleitando com a aflição de Eriel, e seu poder continuava a crescer, envolvendo o corpo de Eriel em sua aura assassina. A sensação de que o corpo de Eriel percorria era como se milhares de espadas perfurassem sua carne repetidamente. Sabia que aquilo ainda não era o suficiente para impressionar Naara, mas ela não conseguia fazer seu corpo responder aos comandos.

Lutando com todas as suas forças para se manter consciente, Eriel usou uma última reserva de energia que lhe restava para ficar de pé diante de Naara. Ela sabia que ainda não tinha testemunhado o poder máximo de Naara e que, se liberasse ainda mais de sua força, Eriel seria incapaz de suportar. Os danos sofridos apenas por ser alvo da sede de sangue de Naara eram intensos.

Sua respiração se tornava cada vez mais pesada, e em vários momentos Eriel sentia sua consciência se dissipar. Mas ela não poderia simplesmente desistir agora.'

"Foi o suficiente!", diz Azrael calmamente.

Naara cessou sua aura, e imediatamente o peso sobre Eriel desapareceu. Era como se uma dor alucinante tivesse sido interrompida de repente. Mesmo após o fim da aura de Naara, levou alguns segundos para que o corpo de Eriel voltasse a responder.

"Isso foi extremamente perigoso!" Noir expressou sua insatisfação diante das ações de Azrael.

"Perigoso? Eu estava me contendo. Nada poderia acontecer", respondeu Naara, sem parecer preocupado.

Naara, que estava um pouco animada com a situação, não compreendia as palavras de Noir. Ela se mudou de Eriel, colocando uma mão em seu ombro com um sorriso satisfeito.

"Você saiu bem... Gostei de você", disse Naara.

Eriel observou Naara por um momento e teve a sensação de que a presença dela estava crescendo, tornando-se ainda mais imponente. Naara olhou para Azrael, um brilho de compreensão nos olhos.

"Parece que você exagerou, Az", comentou Naara.

Foi então que Eriel percebeu que estava novamente caído no chão. Seu corpo parecia pesado demais, e sua visão começou a ficar turva, acompanhada de uma dor específica na cabeça. Enquanto sua consciência começava a se desvanecer, Eriel tentou com todas as forças permanecer acordada, mas, infelizmente, não foi o suficiente.

Ao recuperar a consciência, Eriel separou-se de um lugar desconhecido. Era um campo aberto, repleto de flores que se estendiam até onde a vista alcançava, suas cores vivas e perfumadas balançando suavemente com a brisa. O aroma doce das flores envolve o ar, criando uma atmosfera de tranquilidade. No entanto, o que mais chamou sua atenção foi a imponente árvore que se erguia majestosa em direção ao céu diante de seus olhos.

Era uma visão deslumbrante. A árvore possuía um tronco grosso e antigo, coberta por uma cascata que parecia pulsar com energia. Seus galhos estendiam-se para cima, como braços erguidos em reverência ao céu, e folhas verdes e estendidas dançavam sob a luz do sol. A árvore emanava uma quantidade intensa de mana, e Eriel sentia que apenas se aproximar dela poderia causar danos devido à imensa pressão que exalava. Era como se a própria árvore fosse uma fonte viva de poder mágico.

Após contemplar a árvore majestosa, quase hipnotizada por sua presença imponente, Eriel sentiu algo gélido tocar suas costas, congelando todo o seu corpo e fazendo-a tremer. Era uma sensação estranhamente familiar, semelhante à que havia emanado de Naara, mas agora em um nível completamente diferente, muito mais intenso e esmagador.

Virando-se lentamente, Eriel encontrou-se encarando um par de grandes olhos verdes que a observavam atentamente. Seus olhos se alargaram de surpresa ao ver uma criatura imponente diante dela. Com um bater suave de asas, revelando sua forma completa, uma criatura se mostrava majestosa. Suas escamas brancas brilhavam como pérolas à luz do sol, e suas asas gigantescas se estendiam, quase tocando os limites do campo. Não havia dúvida; diante de Eriel estava o Dragão Branco.

O ser imenso parecia surpreso, seus olhos verdes brilhando com uma mistura de curiosidade e desconfiança. Sua presença era esmagadora, e Eriel sentia-se pequena e insignificante diante dele.

"Você não deveria estar aqui," a voz do dragão ecoou por todo o lugar, profunda e ressonante, carregada de uma autoridade inegável. Por um momento, Eriel achou que a voz se assemelhava à sua própria, como um eco distante em sua mente.

Os olhos verdes que a fitavam expressavam indignação, como se sua mera presença naquele lugar fosse uma violação. A imensa mão do dragão se movia lentamente, os dedos escamosos se estendiam para tocar sua testa. Eriel não conseguiu se mover, paralisado pela poderosa presença do dragão.

"Ainda não é o momento," sua voz ecoou novamente, mais suave desta vez, quase como um sussurro.

Eriel sentiu sua consciência começar a se dissipar, suas sombras pesando enquanto o mundo ao seu redor começou a desvanecer. No entanto, antes que sua mente se apagasse por completo, ela conseguiu vislumbrar um leve sorriso se formando nos lábios do dragão, um gesto quase imperceptível, mas cheio de significado.

E então, tudo escureceu e Eriel foi engolido pela escuridão, com a imagem do Dragão Branco ainda vívida em sua mente, deixando uma marca profunda em seu ser.