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Melisa partiu para sua missão, segurando uma bolsa com quatro runas pré-carregadas e um coração cheio de determinação.
Ela passou de porta em porta, batendo em cada uma com um sorriso confiante.
"Olá, vizinho!" ela cantarolou quando a primeira porta se abriu. "Por acaso você tem alguma runa usada por aí?"
A mulher nim na porta piscou, confusão escrita em seu rosto roxo.
"Runas usadas? Por que eu teria algo assim?"
Melisa deu de ombros, inabalável.
"Ah, sabe, só pensei em perguntar! Mas ei, se por acaso você tiver alguma, estou oferecendo um serviço especial de recarga de runas. Por um preço módico, é claro."
Ela levantou uma das suas runas Iluminar pré-carregadas, deixando-a brilhar tentadoramente.
"Também estou vendendo estas belezinhas, caso você precise de um pouquinho de luz mágica na sua vida!"
A mulher olhou para a runa, depois para Melisa, claramente perplexa.
"Uh... obrigada, garota, mas acho que estou bem. Talvez tente na próxima casa?"
"Certo!"
Melisa seguiu para a próxima casa, e para a próxima, e para a próxima. A maioria dos seus vizinhos deu respostas semelhantes. Um olhar confuso, uma recusa educada e uma sugestão para tentar em outro lugar.
Mas Melisa não estava prestes a desistir. Ela sabia que sua ideia era brilhante e estava determinada a fazer isso funcionar.
Finalmente, após o que pareceram horas batendo em portas, ela encontrou ouro.
"Runas usadas, você disse?" o idoso homem nim disse, acariciando seu queixo pensativamente. "Sabe, acho que tenho um par delas acumulando poeira no quartinho dos fundos."
O coração de Melissa pulou, mas ela manteve a calma, dando ao homem um aceno despreocupado.
"Bem, hoje é o seu dia de sorte, senhor! Pela bagatela de apenas uns 10 sóis por runa, posso ter essas runas recarregadas e prontas em um instante!"
O homem ergueu uma sobrancelha, intrigado.
"É mesmo? E como exatamente você pretende fazer isso, garotinha?"
Melisa sorriu, inclinando-se confidencialmente.
"Segredo comercial, receio. Mas vamos dizer que tenho uma técnica especial que vai revolucionar a forma como os nim usam a magia. Confie em mim, você não ficará decepcionado!"
O homem riu, balançando a cabeça divertido.
"Tudo bem, garota, você me deixou curioso. Traga essas runas de volta carregadas e eu te dou os seus sóis."
Melisa comemorou com um soco no ar, já calculando mentalmente seus lucros.
[Beleza, essa é uma conquista! Só preciso encontrar mais alguns clientes, e terei aqueles 100 sóis sem dificuldades!]
Ela se virou para o homem, dando-lhe seu sorriso mais encantador.
"O senhor não vai se arrepender! Estarei de volta com suas runas antes que perceba."
E com isso, ela saiu saltitante pela rua em busca do próximo cliente.
Claro, ainda havia o pequeno detalhe de realmente recarregar as runas. Mas Melisa tinha um plano para isso também.
[Só preciso coletar mais algumas... "doações afetuosas" da população não-nim e estaremos prontos para partir.]
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{Margaret}
Margaret estava sentada com Lily, saboreando um chá e tentando manter suas preocupações afastadas. Mas enquanto a conversa diminuía, ela não pôde deixar de soltar um suspiro pesado.
"Eu simplesmente não sei o que vamos fazer, Lily," ela confessou. "A dívida, o prazo... Parece que estamos nos afogando e não há sinal de salvação à vista."
Lily estendeu a mão, batendo confortavelmente na de Margaret.
"Eu gostaria de poder ajudar, Maggie. Você sabe que eu te daria o dinheiro se eu tivesse. Mas os tempos estão difíceis para todos nós agora."
Margaret assentiu, bem ciente das lutas que assolavam sua aldeia.
"Eu sei, Lily. Eu não pediria isso de você de qualquer forma. Nós... vamos encontrar uma solução. Temos que encontrar."
Lily hesitou, depois inclinou-se um pouco, abaixando a voz.
"E sobre a Melisa? Quero dizer, apenas uma semana atrás ela estava às portas da morte. E agora... bem, ela parece uma garota completamente diferente."
A testa de Margaret se enrugou, uma mistura de preocupação e confusão passando por seu rosto.
"Eu sei. É... é estranho. À parte a amnésia, desde que ela acordou, ela tem estado tão cheia de energia, tão curiosa sobre tudo. E as perguntas que ela faz... É como se ela tivesse crescido da noite para o dia."
Lily ia responder, mas foi interrompida quando a própria garota se aproximou delas.
"Mãe! Lily! Preciso de mais ajuda!"
Margaret piscou, surpresa com a súbita entrada de sua filha.
"Melisa? O que diabos você está aprontando? E o que tem nessa bolsa?"
Melisa ergueu a bolsa triunfante, seus olhos brilhando de empolgação.
"Estas, minha querida mãe, são a chave para resolver todos os nossos problemas! Eis aqui uma bolsa cheia de runas usadas, cortesia dos nossos adoráveis vizinhos!"
Margaret e Lily trocaram um olhar perplexo.
"Runas usadas? Melisa, do que você está falando?"
Mas Melisa já estava se virando para Lily, estendendo os braços expectante.
"Lily, vou precisar de mais alguns dos seus beijos especiais. Para as runas, é claro. Se prepare!"
Lily riu, sempre encantada com as travessuras de Melisa.
"Bem, como eu posso dizer não para essa carinha?"
Ela pegou Melisa, sentando-a em seu colo e plantando uma série de beijos sonoros e dramáticos em suas bochechas e testa.
Margaret observava, sua confusão apenas aumentando.
"Melisa, querida, o que está acontecendo? O que beijos têm a ver com runas e nossa dívida?"
Melisa desceu do colo de Lily, mexendo em sua bolsa e tirando um pequeno, simples pedaço de pedra.
"Observe e aprenda, mãe. Você está prestes a testemunhar algo especial!"
Com um floreio, ela ergueu a pedra, revelando uma runa intricadamente esculpida em sua superfície.
Ela colocou sua mão sobre a runa, fechou os olhos... e a pedra se iluminou.
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Então, ela disse:
"Ilumina, car ei."
E, o quarto de repente encheu-se de uma luz brilhante e constante.
Margaret e Lily ofegaram, com os olhos arregalados de espanto.
Não foi o fato dela ter invocado magia usando uma runa que as chocou. Foi...
"Como você carregou essa runa?" Lily perguntou.
Melisa deu um sorriso de satisfação, a runa brilhando alegre em sua mão.
"Eu descobri algo." Ela deu de ombros. "Não posso falar muito sobre isso, porque senão todos os nossos queridos vizinhos começarão a fazer isso, mas, confiem em mim, é assim que vamos sair dos apertos! Teremos aqueles 100 sóis rapidinho!"
Virou-se.
"Volto já!" E, como se nada fosse, saiu correndo de novo.
Margaret e Lily se olharam.
[Eu...] Margaret sorriu. [Sinto que acabei de presenciar algo especial.]
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{Melisa}
Melisa pôs-se a trabalhar, com a língua para fora em concentração enquanto cuidadosamente recarregava cada runa com a Essência que tinha acumulado dos beijos de Lily.
[Ok, essa é uma... duas... três... Uau, a Sra. Jameson tinha um monte dessas coisas! Acho que ela estava escondendo a magia da iluminação.]
Uma a uma, as runas começaram a brilhar, sua luz suave enchendo o quarto de Melisa com uma atmosfera quente e encantadora.
[Pronto, isso deve bastar! Hora de fazer umas entregas e coletar meus sóis bem merecidos!]
Ela juntou as runas recarregadas, enfurnando-as em sua bolsa com um sorriso de satisfação.
[Oitenta sóis, aqui vou eu!]
Melisa partiu, retomando seu caminho feito mais cedo no dia. Em cada casa, ela apresentava as runas recarregadas com um floreio, banhando-se nas reações surpresas e encantadas dos vizinhos.
"Aqui está, Sra. Jameson! Quatro runas, todas prontas para iluminar sua vida!"
"Sr. Henrickson, suas Iluminar estão prontas e preparadas para ação!"
"Uma runa recarregada fresquinha para você, Sra. Thompson! Aproveite a magia do ambiente!"
E a cada entrega, a bolsa de moedas da Melisa ficava mais pesada, o tilintar satisfatório dos sóis era música para seus ouvidos.
Quando ela fez sua última parada, o sol estava se pondo e Melisa sorria de orelha a orelha.
[Oitenta sóis! Não consigo acreditar! Só mais vinte, e estaremos fora de perigo!]
Enquanto caminhava de volta para casa, Melisa passou pela loja do velho comerciante. Para sua surpresa, ele estava fora, varrendo a entrada.
Levantou os olhos quando ela se aproximou, arqueando as sobrancelhas em reconhecimento.
"Ah, a jovem empreendedora retorna! E o que você andou fazendo hoje, mocinha?"
Melisa estufou o peito, orgulho emanando de cada poro.
"Ah, sabe, apenas revolucionando a indústria das runas! Tenho recarregado runas gastas para os vizinhos. Bem impressionante, certo?"
O velho homem deu uma risada, apoiando-se em sua vassoura.
"Recarregando runas, é? Bem, odeio derrubar seu entusiasmo, garota, mas qualquer mago que se preze sabe fazer esse truque."
Melisa deu um sorriso malicioso, balançando a cabeça.
"Ah, mas é aí que você se engana! Não são os magos que precisam desse serviço. São os nim! Nós não podemos recarregar runas por conta própria, lembra-se?"
O comerciante pausou, um olhar pensativo cruzando seu rosto.
"Hm. Acho que você tem um ponto aí."
Melisa assentiu, mas então um pensamento súbito a atingiu. Ela olhou desconfiada para o homem mais velho, percebendo que talvez tivesse criado um concorrente.
[Opa. Melhor cortar isso pela raiz, antes que ele tenha alguma ideia!]
"Claro, isso foi só uma coisa de uma vez só," ela disse rapidamente, gesticulando com a mão num gesto de desprezo. "Eu só precisava fazer uns vinte sóis a mais. Não farei isso novamente."
O velho homem a estudou por um momento e então assentiu lentamente.
"Entendo. Nesse caso..."
Ele desapareceu em sua loja, deixando Melisa se contorcendo nervosamente de pé.
[Caramba, será que estraguei tudo? Ele vai me passar a perna? Roubar meu modelo de negócio?]
Mas quando o comerciante voltou, ele não carregava uma vassoura ou um saco de runas. Em vez disso, ele colocou um pequeno saco na mão de Melisa, seus olhos brilhando com uma mistura de divertimento e respeito.
"Aqui. Vinte sóis. Considere isso um investimento no seu futuro."
Os olhos de Melisa se arregalaram, sua boca caindo aberta de choque.
"Eu... Você... O quê?"
O velho homem deu uma risada, dando um tapinha no ombro dela.
"Você tem uma mente esperta, garota. E tem um tino para enxergar oportunidades. Mas esse negócio de recarregar runas? Vamos apenas dizer que é melhor deixar para os profissionais."
Melisa piscou, entendendo o que estava acontecendo.
[Ele quer fazer isso ele mesmo. Ele acha que eu estou no caminho certo, e ele não quer que eu entre no território dele.]
Assentiu lentamente, guardando o saco de sóis.
[Isso é egoísmo da parte dele. Mas, por mais que eu não goste, definitivamente não quero fazer inimizade com "o mago da cidade" ou algo do tipo. Tudo bem, posso deixar passar dessa vez.] Ela sorriu. [Ainda estou longe de terminar de inovar.]
"Entendi. Não se preocupe, vou me ater às minhas próprias invenções de agora em diante."
O velho homem sorriu, piscando para ela.
"Isso aí, garota. Agora vá e use bem esses sóis. E lembre-se, se você tiver mais alguma ideia brilhante... minha porta está sempre aberta. Traga-as primeiro para mim e quem sabe, talvez eu possa ajudar a refiná-las."
Melisa deu um sorriso cínico, fazendo uma saudação zombeteira.
[Nem fudendo.]
"Combinado, velhinho!"
E com isso, ela seguiu saltitante, com o coração leve e os bolsos pesados com os frutos de seu trabalho.
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