"Estou de volta"
Rike abriu a porta e anunciou sua chegada. Ela podia ouvir as vozes de sua família da sala de estar e se dirigiu para lá.
Ela quase podia prever sobre o que eles estavam conversando, mesmo antes de ela girar a maçaneta da porta.
"Os feromônios preencheram todo o ambiente. Me senti desconfortável, então saí a tempo."
A voz doce de Suzie chegou ao ouvido de Rika, e ela hesitou em entrar na sala.
Estar na mesma sala que Suzie tinha sido difícil para Rika desde a infância.
'Eu acho que não devo passar muito tempo na sala de estar. Tenho certeza de que meus pais também preferirão isto.'
Rika segurou o pacote de batatas fritas em sua mão, colocou-o em frente à porta da sala de estar e voltou para o seu quarto.
Era agradável e silencioso dentro do quarto dela, e o barulho de fora não chegava lá dentro. Ninguém podia dizer a Rika o quão estranha ela era ou quão desconfortável seu comportamento fazia os outros se sentirem.
Dormir parecia uma excelente ideia, e Rika começou a fechar os olhos quando ouviu um par de passos trovejantes em direção ao seu quarto.
A porta foi aberta com força por seu irmão e seu rosto enfurecido.
"Rika, que diabos você está fazendo? Por que você trouxe este pacote de batatas? Eles cheiram tão mal de feromônios de ômega. Você quer me mandar para um cio prematuro? Deus! Até a Suzie estava lá. E se eu a machucasse?"
A expressão de Mark estava furiosa, e Rika estremeceu.
Ela admitiu que talvez tenha exagerado na brincadeira. Mas em sua defesa, ela não sabia quão mal cheirava aquele saco de batatas quando o comprou.
"Você me pediu para comprar um pacote de batatas. Você tem que se comportar assim comigo?"
Rika reclamou de volta, e ela podia dizer que estava irritando Mark.
"Você está me respondendo? Rika, eu prometo que você não quer me irritar. Por favor, peça desculpas antes que eu perca a cabeça."
Mark advertiu Rika. Estava começando a ficar perigoso ali, e Rika tinha certeza de que seu irmão estava inundando seu quarto com seus feromônios.
Se Rika fosse um ômega, ela já teria se submetido. E se ela fosse um alfa, ela teria desafiado seu irmão.
Mas ela não era nenhum dos dois, e sua resposta neutra desencadeou Mark ainda mais.
"Pedir desculpas? Eu não quero pedir desculpas por algo que não é minha culpa! Se você tinha do que reclamar, então você não deveria ter me pedido para comprar batatas."
Rika falou de volta, mas foi um erro.
Ela não percebeu quando o irmão a atacou.
Mark era muito mais forte que Rika como um alfa. Foi fácil para ele fechar suas grandes mãos em volta do pescoço de Rika e levantá-la.
"Oi! L-largue! V-Você está me machucando."
Rika reclamou enquanto batia nos braços do irmão. Ela estava perdendo oxigênio rapidamente, e o pânico enchia seu coração.
Ela já tinha provocado o irmão antes, mas ele nunca havia se comportado com tanta agressividade. Rika não podia reconhecê-lo.
"Irmão, você está bem? Você correu muito rápido-! O que você está fazendo? M-Mamãe, o Mark está-!"
Rika podia contar nos dedos de uma mão as vezes que se sentiu feliz e aliviada ao ouvir a voz de Suzie, e esta era uma delas.
Seus feromônios de pânico e seus gritos altos fizeram Mark sair do seu estado de irritação.
Os olhos arregalados de Mark olharam para Rika com uma expressão de culpa enquanto ele finalmente a soltava. Rika finalmente podia respirar novamente, mas sua garganta ainda doía.
Ela tinha certeza de que um hematoma cobria seu pescoço no formato da mão de seu irmão.
"O que vocês crianças estão fazendo? Suzie, está tudo bem? O que o Mark fez-"
Rika tentou virar as costas para sua mãe para esconder o que aconteceu. Ela não estava com vontade de lidar com ninguém no momento.
Ela não percebeu como Mark estremeceu quando a mãe deles olhou para ele com severidade.
"Mark, leve a Suzie lá para baixo. Vou falar com você sobre isso mais tarde. Rika, você está se sentindo bem? Precisa de ajuda?"
Rika olhou para o semblante preocupado de sua mãe, mas também podia ver como era constrangedor para sua mãe se aproximar dela.
Sua mãe quase não interagia com Rika desde que ela fez dez anos e não mostrou sinais de manifestar um gênero secundário.
"Tudo bem. Eu vou cuidar do meu machucado. Você deveria ir cuidar do Mark e da Suzie agora."
Rika deu à mãe de Ger a saída que ela estava desesperadamente procurando.
Sua mãe ainda parecia preocupada mas estava ansiosa para escapar dessa situação constrangedora.
Como um alfa, sua mãe não gostava de estar fora de seu elemento, e Rika era muito fora de seu elemento.
"Eu… seu pai vai conversar com ele. Você pode falar com ele e dizer qualquer coisa que não consiga me dizer. Eu prometo que ele vai te ouvir."
Isso foi o que sua mãe prometeu a Rika, mas Rika sabia melhor.
Mark e Suzie exalavam feromônios calmantes para que seu pai não conseguisse se concentrar.
Especialmente se Mark enchesse o quarto de Rika com seus feromônios irritados.
Rika nem esperava que seu pai entrasse no quarto dela.
E foi isso que acabou acontecendo.
"Rika, podemos conversar? Sua mãe me contou o que aconteceu. Eu quero que você saiba que estamos sempre com você e prontos para ouvir qualquer coisa que você disser."
O pai dela olhou para dentro do quarto mas não ousou entrar.
Doía, mas Rika já esperava isso.
Depois de tudo, o cuidado do pai por ela não era suficiente para ele superar seu desconforto físico e procurar Rika.
"Está tudo bem! Você deve ir e ver como estão o Mark e a Suzie. Eu falarei com a Mãe sobre o que aconteceu, certo?"
Rika perguntou com uma voz gentil.
Ela sabia que seu pai tinha um coração mole e não insistiria em saber mais se tivesse a oportunidade.
Aconteceu exatamente como Rika esperava.
Seu pai fez uma cara frustrada antes de sair do quarto. Rika suspirou aliviada, mas sabia que agora era a hora de agir.
'Eu deveria falar com minha mãe a respeito da minha aceitação na universidade enquanto ainda tenho a chance. Não tenho certeza se terei uma oportunidade melhor do que esta.'