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The Deceiver's Mask

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Synopsis

Chapter 1 - O desastre chamado Barão da Gula

A primeira vez que a fenda se abriu no mundo foi por volta de outubro de 1730. Naquela época, as pessoas não compreendiam bem o conceito de tempo e espaço. Quando os primeiros monstros invadiram a Terra em grande número, foi uma catástrofe sem precedentes.

A geografia do planeta mudou drasticamente: continentes se despedaçaram, novos surgiram, e os mares e oceanos mudaram de lugar, infestados pelas mais terríveis bestas que jamais haviam sido vistas. A Terra se expandiu quatro ou cinco vezes o seu tamanho.

A humanidade parecia estar à beira do fim, e os novos soberanos do planeta se tornariam os monstros. Porém, um dia, a primeira pessoa despertou seu estigma e ganhou o poder de lutar contra as ameaças que vinham de outro mundo.

Havia estigmas que permitiam a alguém controlar o fogo e o gelo, até mesmo possuir a força para esmagar metal com as próprias mãos.

Anos se passaram e territórios antes perdidos foram reconquistados. Novas cidadelas foram construídas e novos países surgiram.

Os humanos desbravaram as fendas e tomaram para si os recursos que haviam nelas. Com o tempo, novos habitantes surgiram na Terra, não tão monstruosos quanto as bestas, e formaram relações de amizade e cooperação com os humanos.

30 de outubro de 1915

Podia-se ouvir os sons das batalhas, a terra sendo destruída e os mares em uma fúria catastrófica. Uma infinidade de cadáveres humanos e bestiais se espalhavam ao redor do campo de batalha.

Todas as nações do mundo se uniram para combater apenas uma pessoa: um jovem de 29 anos, o infame e cruel Barão da Gula, Héctor Voss.

Os mais poderosos Grão-mestres e Santos lutavam contra a Gula, mas mesmo assim estavam em desvantagem.

Mais de dez dos poderosos Santos, que nunca haviam caído desde que esse nível foi alcançado, jaziam mortos pelo campo de batalha. O número que antes ultrapassava vinte agora se resumia a apenas seis.

Do topo de uma colina semidestruída, Héctor lançava um olhar frio e desdenhoso para os Santos restantes. Seu estado era terrível, com partes do corpo faltando, ossos expostos e sangue jorrando como uma torrente carmesim.

Apesar de parecer que poderia morrer a qualquer momento, seu corpo se curava a uma velocidade visível a olho nu.

"Dessa maneira, vamos todos morrer."

"Mas o que podemos fazer, porra? Esse maldito monstro parece ser imortal!"

"Talvez... haja uma maneira."

"Se houver algo que você possa fazer, fale logo de uma vez, droga!"

"..."

"Abre o bico, caralho!"

"Calma, David. Ficar irritado nessas horas não adiantará de nada... Se você tem algo que gostaria de falar, apenas fale, Marco."

"... se eu sobrecarregar meu núcleo espiritual, poderei extrair o poder total do meu estigma e aniquilar o espaço onde ele existe."

"Mas se você fizer isso, você vai..."

"Isso é suicídio."

"Eu sei disso... mas não é como se houvesse outra escolha. Alguém tem uma ideia melhor?"

"..."

"..."

"..."

"..."

"..."

"Foi o que eu pensei... ganhem tempo enquanto eu me preparo."

"Tudo bem."

"Farei o meu melhor."

"O seu melhor talvez não seja o suficiente."

"De qualquer maneira, farei o que posso."

E então a batalha durou mais 10 minutos, até que o Santo do Vazio, Marco Valken, pudesse usar seu golpe mais poderoso, levando o infame Barão da Gula consigo para a morte.

30 de janeiro de 2054

Essa é a história que é contada a todos nós desde o momento em que nascemos, ressaltando como os cinco Santos que derrotaram o Barão da Gula são incríveis e benevolentes.

Apesar de já terem surgido novos Santos, os cinco que sobreviveram à Gula são os melhores e blá blá blá.

O que importa nessa história não é toda essa lavagem cerebral barata, mas sim o fato de que o estigma da Gula era diferente de tudo que já se viu. Existem estigmas de várias cores e formatos, desde um vermelho opaco ao dourado mais brilhante e belo. Alguns estigmas possuem até duas cores, como se tivessem contornos.

Raramente, quase nunca, nascem pessoas com mais de um estigma, os chamados estigmas gêmeos, apesar de a cor e os formatos serem diferentes um do outro.

Mas aí surge a pergunta: o que o estigma da Gula tinha de tão diferente?!

Simples, ele era mais complexo. Possuía um formato que lembrava um buraco negro devorando inúmeros mundos e estrelas de diferentes cores e formas.

E por culpa desse maldito, agora eu tenho que viver uma vida sendo constantemente atormentado pelo fato de que, se algum dia alguém descobrir a verdadeira forma do meu estigma, no dia seguinte eu serei caçado e morto. Tudo isso porque, atualmente, todos temem a vinda de um segundo Barão da Gula.

Eu já nasci com meu estigma: uma bela adaga cravada em um coração. Apesar de serem raras as pessoas que já nascem com estigmas, não são algo único.

'O meu estigma me permite copiar o estigma daqueles que eu mato... talvez seja por isso que o formato que estava em meu pulso fosse uma coroa azul cristalina quando eu nasci.'

Dizem que minha mãe morreu durante o parto, já que sua gravidez era de alto risco.

'Que irônico, a minha primeira vítima foi a minha própria mãe.'

Talvez isso seja amor de mãe: dar a vida pelo filho, mesmo inconsciente desse fato.

'Às vezes eu me pergunto o que teria acontecido se, quando eu nascesse, tivessem visto o estigma da Inveja no meu pulso ao invés da coroa cristalina.'

Não é como se eu não soubesse a verdade sobre o estigma que possuo. Desde que soube sobre o funcionamento dos estigmas, sabia que aquele marcado na minha pele não era realmente o meu.

Mas algo dentro de mim insistia que eu deveria manter esse fato escondido, o fato de que possuo um estigma multicolorido, com um formato peculiar e nunca visto antes, chamado estigma da Inveja.

Geralmente, as pessoas só sabem instintivamente como o estigma que possuem funciona e que habilidades podem controlar de maneira geral, mas por algum motivo, o meu tem até um nome.

Agora, apenas alguns meses após ter completado 12 anos, eu me vejo em um dos maiores dilemas da minha vida... como devo fazer amigos?!

Durante toda a minha vida, nunca achei a ideia de ser próximo de alguém muito atraente, mas infelizmente, se eu quiser criar uma fachada de "pessoa comum" para esconder minha verdadeira natureza, terei que fazer amigos.

Meu pai parece já estar suspeitando que talvez eu não seja como as outras crianças da minha idade, mas, por sorte, ele atribui minha estranheza ao fato de eu não ter uma mãe e ele sempre estar no trabalho.

Mas não posso contar com essa sorte para sempre. A partir de hoje, devo arranjar uma maneira de conseguir amigos, ou melhor, esperar até as férias acabarem e as aulas voltarem.

É claro que eu não pretendo ficar ocioso durante esse tempo.

'O meu estigma me permite copiar as habilidades daqueles que eu mato; por que eu deveria deixar de usar essa incrível dádiva?!'

Por isso, passei a procurar um bom alvo em potencial para ser minha primeira vítima proposital. O maior problema não é a minha incapacidade de matar, nem a falta de força de combate, mas sim a Agência Mundial de Controle de Estigmas.

Um local cheio de monstros com habilidades assustadoras e diversas, como a capacidade de discernir verdade de mentiras, hipnose e até mesmo reproduzir eventos passados de maneira holográfica, se certos requisitos forem atendidos.

'Afinal, meu pai trabalha em um esquadrão de elite da Agência, então podemos dizer que eu tenho algumas informações privilegiadas.'

E, pensando em todos esses inconvenientes, escolhi o alvo perfeito: um homem de 34 anos com tendências suicidas chamado Louis, um alcoólatra qualquer que frequenta um bar perto de onde eu costumava estudar.

'Ouvi dizer que ele já foi parar no hospital por tomar altas doses de remédio'

Embora sua habilidade não seja particularmente impressionante — um estigma rosa em formato de cérebro que lhe confere a capacidade de nunca esquecer nada — ela ainda representa um bom começo.

'Dizem que ele começa a beber às nove da noite e só volta pra casa na hora do almoço. Nesse meio tempo, depois de ser expulso do bar, ele fica jogado em algum beco qualquer.'

Estive observando ele enquanto as aulas ainda estavam em andamento e agora, durante as férias, apesar de não poder vê-lo diariamente, às vezes costumo segui-lo pra ver se alguma coisa mudou, e continua o mesmo alcoólatra inútil de sempre.

Meu pai costuma ficar dias fora a trabalho e, este ano, consegui convencê-lo a não contratar uma babá para cuidar de mim.

Podemos deixar o plano de fazer amigos para depois; por enquanto, vou seguir o plano de ficar mais forte antes que descubram que meu estigma é o da Inveja e decidam me matar.

Primeiro passo: mate Louis.