Ano 1303 do Calendário de Murim. Noite tempestuosa.
Nas profundezas das montanhas Shen, o som da chuva ecoava sobre o Templo dos Nove Picos. Raios cortavam o céu, e o vento assobiava como se o próprio destino estivesse sussurrando segredos antigos. Naquela noite, um estranho com o rosto coberto por um capuz negro subiu os degraus do templo, segurando um bebê envolto em panos desgastados. A única luz visível era a marca no peito da criança, uma lua crescente cercada por chamas negras.
O homem misterioso deixou a criança nos degraus do templo, desaparecendo na escuridão sem uma palavra. Momentos depois, Mestre Hwan, líder do pequeno clã Shen, saiu à porta, sentindo uma presença antiga e poderosa.
Mestre Hwan (em pensamento):
— O Demônio Celestial... reencarnado? Depois de tantos séculos... por que agora?
Ele tomou o bebê em seus braços, consciente do fardo que aquela criança carregava.
Mestre Hwan (sussurrando para o bebê):
— Se o destino permitiu seu retorno, então talvez haja uma nova chance.
Cinco anos depois...
O sol brilhava sobre o vilarejo Shen, onde a vida seguia com seu ritmo tranquilo. Baek Jinho, agora com cinco anos, treinava todos os dias sob o olhar atento de Mestre Hwan. Mesmo sendo uma criança, ele demonstrava uma habilidade impressionante para as artes marciais. Seus golpes eram precisos e poderosos, algo incomum para sua idade.
Jinho (ofegante, após um treino intenso):
— Mestre... sinto uma força estranha dentro de mim. Quando treino, às vezes parece que algo quer sair.
Mestre Hwan (com um sorriso sereno, mas olhar preocupado):
— Algumas coisas não podem ser explicadas tão facilmente, Jinho. Continue praticando, e com o tempo, você aprenderá a controlar essa força.
Jinho confiava em seu mestre, mas as palavras enigmáticas de Hwan o deixavam inquieto. Ele sabia que algo estava errado — aquela força que crescia dentro dele parecia diferente, quase sombria.
Certa noite, no vilarejo...
Na escuridão da noite, Jinho acorda de um pesadelo, suando frio. Ele sonhara com uma figura sombria, cercada por chamas negras, que observava um exército de guerreiros ajoelhados diante de si. O rosto daquela figura era o seu próprio.
Jinho (em voz baixa, ainda abalado pelo sonho):
— O que está acontecendo comigo?
No dia seguinte, durante o treino matinal, ele compartilha seu sonho com Mestre Hwan.
Jinho (nervoso):
— Mestre, eu tive um sonho estranho... havia um exército, e todos se ajoelhavam diante de mim. Mas eu... eu não era eu.
Mestre Hwan (com um olhar sério):
— Jinho, há sonhos que são reflexos de nosso coração, e outros que são ecos de vidas passadas. Você ainda é jovem para compreender, mas há coisas que você não está preparado para enfrentar. Confie em mim, e o tempo mostrará o caminho.
Dias depois, no mercado do vilarejo...
Jinho e Yura, uma jovem guerreira do clã Shen, caminhavam pelas barracas, procurando suprimentos. Yura, sempre enérgica e confiante, era uma das melhores discípulas do clã, e constantemente tentava animar Jinho, que ultimamente parecia mais distraído.
Yura (brincando):
— Jinho, você tem andado com a cabeça nas nuvens. Cuidado, senão vai acabar tropeçando em uma raiz qualquer por aí!
Jinho (sorrindo de leve):
— Só... pensando em algumas coisas.
Yura (com um olhar mais sério):
— Pensando? Sobre o que? Tem a ver com aqueles pesadelos de novo?
Jinho (desviando o olhar):
— Talvez... mas não quero te preocupar com isso.
Yura (suspirando):
— Você é sempre tão reservado. Já pensou que compartilhar o que está dentro de você pode ser a chave para entender melhor o que está acontecendo?
Jinho sabia que ela estava certa, mas não conseguia afastar a sensação de que aquelas visões estavam conectadas a algo maior do que ele. Algo que ele não sabia como explicar, nem ao menos entender.