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Casamento de fachada

🇧🇷Marise_SM
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Synopsis
Um casamento arranjado une duas pessoas completamente opostas e desconhecidas. Nick Joni é o CEO mais cobiçado da cidade, admirado por sua aparência irresistível e charme inigualável, que atraem a atenção de inúmeras mulheres. No entanto, por trás do glamour e do sucesso, ele vive um casamento de fachada com Estela, uma mulher que, apesar de sua beleza e inteligência, esconde uma paixão profunda e não correspondida por Nick. Enquanto Nick continua a conquistar o mundo dos negócios e a se deixar seduzir por outras mulheres, Estela luta para manter as aparências, vivendo em um relacionamento onde seu amor é constantemente ignorado.
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Chapter 1 - Tão bonita e tão mal-educada

Nick Joni

Acordei no quarto de uma das garotas que levei para a boate Sensação, minha favorita na cidade. Sempre que vou lá, levo alguém diferente, fecho a área VIP e encho a cara. Depois, a noite costuma terminar num motel. Mas essa garota... ela conseguiu me superar. Nunca pensei que alguém fosse mais forte do que eu na bebida. Pior ainda, nunca tinha passado a noite na casa de uma delas. Espero que, ao menos, ela tenha usado preservativo.

Com cuidado, levantei da cama, tentando não acordá-la. Meu olhar caiu sobre as minhas roupas espalhadas pelo chão e, ao lado delas, vi um preservativo usado. Suspirei aliviado. "Bom, pelo menos não tenho que me preocupar com filho", pensei. Vesti-me rapidamente e caminhei até a porta, pronto para sair sem acordá-la.

No entanto, ao bater a mão no bolso, percebi que as chaves do carro não estavam lá.

— Droga! Nick, você passou dos limites dessa vez. — murmurei para mim mesmo, irritado.

Resignado, voltei para o quarto, rezando para não ter que fazer muito barulho. Assim que abri a porta, ouvi a voz dela, ainda com um toque de sono, mas claramente provocativa.

— Que feio, hein? Tentando sair sem se despedir, senhor Nick Joni. — ela disse, balançando as chaves do meu carro no dedo indicador, com um sorriso travesso. — Não vai me dar nem um bom dia?

Forcei um sorriso e me aproximei dela, tentando pegar as chaves.

— Bom dia, gata. — falei, estendendo a mão.

Mas ela puxou as chaves para junto de si, sem tirar os olhos de mim.

— Ah, não tão rápido. — ela respondeu, mordendo o lábio inferior, os olhos brilhando de malícia. — Você acha mesmo que vai sair assim, sem mais nem menos?

Eu suspirei, mantendo a compostura, mas por dentro já estava contando os segundos para ir embora.

— Olha, gata, eu tô atrasado pra um compromisso. — falei, tentando manter a voz calma, mas já sem muita paciência. — Devolve as minhas chaves, por favor.

Ela inclinou a cabeça, fingindo ponderar.

— Só se me prometer que vai me ligar mais tarde.

"Prometer? Nem que o inferno congele", pensei, mas sorri para ela.

— Claro que vou. — menti, sem hesitar.

Ela me olhou por um instante, como se tentasse decidir se acreditava ou não. Finalmente, estendeu as chaves, mas não sem antes pedir:

— Quero um selinho, pelo menos.

Revirei os olhos internamente, mas me inclinei, dando um rápido selinho nela. Ela fez biquinho quando me afastei, mas soltou as chaves.

— Até mais, Nick. — ela murmurou, com um sorriso satisfeito.

— Até mais. — respondi, já saindo pela porta.

Assim que saí de casa, respirei fundo. "Nunca mais eu volto aqui", pensei enquanto girava a chave na ignição e acelerava para longe daquela situação.

Percebi que o marcador de gasolina estava quase no limite, então resolvi parar no posto de gasolina mais próximo. Estacionei o carro perto da bomba e abaixei o vidro, sentindo o cheiro característico de combustível que sempre pairava no ar desses lugares.

— Bom dia, patrão! O que manda? — perguntou o frentista, com um sorriso cordial.

— Bom dia! — respondi, com um aceno rápido. — Enche o tanque, por favor.

Enquanto ele fazia o serviço, eu peguei o celular para conferir algumas mensagens e fazer o pagamento pelo aplicativo. Assim que o tanque foi abastecido, finalizei a transação e coloquei o celular no meu colo. Liguei o carro e comecei a sair devagar, distraído com os pensamentos de compromissos que teria mais tarde. Mas, em um movimento repentino, o celular escorregou do meu colo, caindo entre o banco e o console.

— Droga! — murmurei, inclinando-me para tentar alcançá-lo.

Foi nesse momento que ouvi um som seco de impacto. Olhei para frente, o coração disparado, e percebi que havia batido na traseira de uma moto. Tudo aconteceu tão rápido que nem tive tempo de reagir. Parei o carro bruscamente e saí para ver o que tinha acontecido.

Uma garota estava se levantando do chão, sacudindo o capacete ainda preso na cabeça. Ela vinha em minha direção, claramente irritada, e comecei a ouvir os gritos abafados pelo capacete.

— Ei, ei, calma! — tentei dizer, levantando as mãos, mas ela continuava gesticulando e falando coisas que eu mal conseguia entender.

Apontei para o capacete, tentando indicar que ela tirasse aquilo para que pudéssemos conversar. Ela pareceu entender e, com um puxão rápido, o retirou, revelando um rosto bonito, mas furioso.

— Você tá maluco? Não olha por onde anda? — gritou, apontando para a moto caída no chão. — Se eu tivesse me machucado, hein?

— Me desculpa, foi um acidente, eu tava distraído... — comecei, levantando as mãos em um gesto pacífico. — Mas olha, eu vou cobrir qualquer prejuízo que você tenha tido. E, se quiser, posso te dar uma carona para onde estava indo. Eu realmente sinto muito.

Ela cruzou os braços, os olhos estreitando-se em desconfiança.

— Não precisa da sua carona. — respondeu ela, seca, enquanto se virava para a moto, tentando ligá-la.

Eu a observei por alguns segundos enquanto ela tentava, sem sucesso, fazer a moto ligar. A cada giro da chave, a moto emitia um som abafado, como se estivesse a um passo de funcionar, mas logo se calava de novo. A frustração dela era evidente. Seus lábios se apertavam em uma linha fina, e os olhos se estreitavam a cada tentativa fracassada.

Por mais que a situação fosse complicada, não consegui segurar um sorriso. Algo na forma como ela tentava manter o controle, mesmo claramente irritada, era curioso.

— Tá rindo de quê, palhaço? — ela perguntou, girando o rosto na minha direção, o olhar afiado como uma lâmina.

Fui pego de surpresa pelo tom agressivo. Minhas sobrancelhas se levantaram, mas o sorriso permaneceu, desafiador.

— Nossa, calma aí. Tão bonita e tão mal-educada assim? — provoquei, cruzando os braços e me encostando no carro, relaxado.

Ela apertou os punhos e soltou um suspiro pesado, como se tentasse conter a irritação crescente.

— Mal-educada? — respondeu ela, quase rindo de incredulidade. — Você bate na minha moto, atrapalha o meu dia, e ainda tem a audácia de me chamar de mal-educada?

— Olha, foi um acidente. — falei, levantando as mãos em um gesto defensivo, mas sem perder a pose descontraída. — Já disse que vou cobrir qualquer dano. Não precisa fazer essa tempestade toda.

— Tempestade? — ela repetiu, cruzando os braços e me encarando com os olhos brilhando de raiva. — Você bateu na minha moto porque não tava prestando atenção, e agora quer me culpar por estar irritada? Eu devia chamar a polícia, isso sim.

— Polícia? Ah, claro, porque chamar a polícia por uma batida leve faz todo o sentido, né? — rebati, soltando uma risada curta, mais provocativa do que divertida. — Vamos lá, o que você quer? Dinheiro? Conserto? Eu posso resolver isso de um jeito bem mais rápido.

Ela me olhou como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo. Seus olhos, antes irritados, agora exibiam uma mistura de descrença e desafio.