O olhar do gato se tornara sério, seus olhos brilhando com um misto de preocupação e urgência.
"Ei, precisamos ser rápidos. Não temos muito tempo. Ela está chegando."
Jun Lin hesitou, a mente agitada com as últimas palavras que ecoavam em seus pensamentos. "Você realmente não se preocupa com o que aconteceu com sua vida? Beber não pode ser a única saída."
O gato soltou uma risada rouca, um som que transparecia cansaço e desilusão. "E o que você sugere, pequeno rato? Viver na realidade é uma prisão. O passado é um peso que muitos de nós não conseguimos carregar."
Jun Lin se lembrava de como sua vida havia sido antes da transformação, cheia de momentos felizes e escolhas que agora pareciam distantes. Aqueles tempos eram um eco do que ele havia perdido, e a dor dessa perda o seguia como uma sombra. "Mas e as histórias? As memórias? Você não sente falta do que era?"
"Saudade é um veneno doce", o gato respondeu, sua voz agora mais baixa e reflexiva, "mas isso não muda a verdade."
Jun Lin pensou e disse: "Por que você disse anteriormente que não temos muito tempo?"
O gato inclinou a cabeça, seus olhos penetrantes fixos em Jun Lin. "Não há apenas eu nesta casa. Há uma gata, muito mais forte e cruel do que eu. Meu conselho é que você pegue duas ou três ratas e fuja dessa casa."
O coração de Jun Lin disparou. "Mas e o que eu faço depois?"
"Neste mundo, há magia, entre outras coisas. Estude isso. Você pode descobrir habilidades que nunca imaginou ter."
O gato se aproximou, olhando nos olhos de Jun Lin com um brilho intenso. "Suma daqui, pequeno rato. Antes que eu me esqueça, qual seria o seu nome?"
"Farei como você disse. E o meu nome é Jun Lin, lembre-se, e qual seria o seu?"
A resposta do gato veio como um golpe. "Você não é digno de saber o meu nome. Agora suma da minha frente!"
Com essas palavras ecoando em sua mente, uma mistura de determinação e receio tomou conta de Jun Lin. Ele correu até o ninho de ratos e, após um momento de hesitação, agarrou três filhotes, ainda sem pelo, mas a ideia de dar-lhes nomes formou-se em sua mente. O impulso de seguir o conselho do gato era mais forte que qualquer outro sentimento.
Depois de deixar a casa de Zhao Li, ele procurou um lugar afastado, onde pudesse passar a noite em paz. Ao chegar ao local, a escuridão ao seu redor parecia envolver seus pensamentos.
Sentou-se em um canto isolado, rodeado pelas pequenas criaturas que agora segurava em seus braços. Ele precisava de um tempo para pensar, para entender o que estava prestes a fazer. "No meu planeta", refletiu, "um homem pegar três crianças e levar seria crime. Mas, neste caso, não tenho nenhum rato com quem possa comunicar. Talvez seja mais fácil educar essas ratas e, a partir delas, criar uma grande vila de ratos."
Enquanto a brisa suave soprava ao seu redor, Jun Lin sabia que seu destino estava prestes a mudar. O futuro, antes nebuloso, começava a se desenhar diante dele como uma nova oportunidade, uma chance de reescrever sua história.
Ele olhou para os filhotes que segurava e, mesmo sem pelo, decidiu nomeá-los. A pequena que ele achou mais delicada seria chamada de Rose, a um pouco maior que ela seria chamada de Fengzi, e a mais curiosa, que parecia explorar tudo ao seu redor, receberia o nome de Elen.