Depois da exaustiva e dolorosa batalha contra a tribo oculta, Kael mal conseguia caminhar enquanto voltava para seu acampamento. O corpo dele estava coberto de ferimentos: o braço esquerdo latejava de dor, a perna direita tinha um corte profundo, e o sangue seco manchava suas roupas e pele. Cada passo parecia um esforço monumental, e com ele vinha o peso da derrota – não apenas física, mas também mental. Ele havia subestimado a força da tribo, que não só dominava um tipo primitivo de Haki, como o utilizava de maneira devastadora.
Chegando ao seu acampamento improvisado na floresta, Kael imediatamente começou a cuidar dos ferimentos. Utilizando o conhecimento que adquiriu em suas viagens, ele aplicou ervas medicinais que havia recolhido da floresta e fez bandagens com tiras de tecido improvisadas. A cada movimento, o cansaço se tornava mais intenso. Ele sabia que precisaria de tempo para se recuperar, mas também entendia que não podia se permitir enfraquecer. A tribo havia mostrado que ele ainda tinha muito a aprender, e seu inimigo mais perigoso, o tempo, não pararia para que ele se curasse.
O Primeiro Dia: Cura e Meditação
Nos primeiros dias, Kael permaneceu quase imóvel. Seu corpo exigia descanso. Ele passou longas horas em silêncio, meditando e tentando absorver o que havia aprendido. Sentado em posição de lótus, com os olhos fechados, Kael começou a se concentrar na energia do Haki dentro de si. Ele já dominava o Haki do Armamento e o da Observação, mas os guerreiros da tribo haviam demonstrado um tipo de força primal e brutal, que ele ainda não conseguia acessar completamente.
O treinamento que fazia em sua mente era tão intenso quanto os treinos físicos que costumava fazer. A dor das feridas era um lembrete constante de suas limitações. Ele usava essa dor para focar e intensificar sua disciplina mental, expandindo o Haki da Observação ao seu redor. Aos poucos, conseguia sentir cada batida de seu coração, cada pequeno movimento das folhas ao vento, cada som da floresta ao seu redor. Ele tentava se conectar com o ambiente da mesma forma que os guerreiros da tribo faziam, buscando a fluidez e o instinto primitivo que eles haviam demonstrado na batalha.
O Meio da Semana: O Encontro com o Passado
Após alguns dias de recuperação, Kael sentiu que seu corpo havia se curado o suficiente para se mover e explorar novamente a ilha. Embora soubesse que ainda não estava pronto para enfrentar a tribo mais uma vez, ele também sabia que ficar parado só lhe traria fraqueza. A floresta densa e misteriosa ainda escondia segredos, e Kael estava determinado a descobrir algo que o ajudasse a virar o jogo.
Numa manhã cinzenta e coberta por névoa, Kael partiu de seu acampamento. Seus passos eram cautelosos, e cada movimento era feito com precisão, fruto da experiência de anos de combate e sobrevivência. Mesmo com as dores persistentes, ele avançava, sua curiosidade o guiando. Em meio à floresta densa, ele avistou uma formação rochosa incomum. Uma grande caverna, coberta por vinhas e musgo, chamou sua atenção.
Empurrando as plantas que bloqueavam a entrada, Kael entrou na caverna escura. A temperatura dentro dela era fria, e o ar estava pesado com o cheiro de umidade e decadência. Ele ativou seu Haki da Observação, estendendo seus sentidos para sentir qualquer presença hostil ou armadilha. No entanto, o que ele encontrou foi algo completamente diferente.
No fundo da caverna, havia um cadáver. O corpo estava em avançado estado de decomposição, mas suas vestes chamaram a atenção de Kael. Eram roupas de pirata – pretas e rasgadas, mas claramente de alta qualidade. Havia um casaco de capitão, ainda intacto, apesar das marcas do tempo. No chão ao lado do corpo, uma espada repousava, reluzente, como se o tempo não tivesse conseguido tocá-la.
A espada tinha um design imponente, com um cabo ornamentado e uma lâmina larga que parecia ter sido forjada para batalhas grandiosas. Seu formato lembrava a lendária espada Ace, a arma que pertencia ao próprio Rei dos Piratas, Gol D. Roger, mas Kael não tinha conhecimento disso. O que ele sabia era que a espada parecia feita para ele. Ao segurá-la, sentiu uma estranha conexão, como se aquela arma estivesse à espera de alguém digno para empunhá-la novamente.
Kael recolheu tudo que o cadáver tinha que poderia ser útil. Além do casaco de capitão, havia uma bolsa de couro com moedas antigas, uma bússola quebrada e um mapa deteriorado, quase ilegível. Ele também encontrou um colar de ouro, que parecia ser um símbolo de algum tipo de aliança ou irmandade. Sem hesitar, Kael pegou tudo que o homem havia deixado para trás, acreditando que aqueles itens poderiam lhe ser úteis de alguma forma.
O Treinamento com a Espada
De volta ao acampamento, Kael começou a treinar com a nova espada. O peso da lâmina era muito diferente de qualquer arma que ele já havia utilizado. Ela era mais pesada e robusta, exigindo mais força e precisão. Nos primeiros dias, Kael se concentrou apenas em dominar os movimentos básicos – golpes retos, cortes diagonais e defesas. No entanto, mesmo com sua habilidade, ele percebeu que a espada exigia mais do que força bruta.
O treino era exaustivo. Kael praticava o dia inteiro, atacando troncos de árvores e rochas, revestindo a lâmina com o Haki do Armamento, fortalecendo-a e sentindo o poder correr por ela. A espada ressoava com cada golpe, como se estivesse respondendo ao Haki que ele infundia nela. Apesar disso, ele sentia que ainda estava longe de dominar a lâmina. Seus movimentos eram poderosos, mas desajeitados. Cada tentativa de criar um estilo próprio era frustrada pela dificuldade de controlar a espada da forma que ele queria.
Durante semanas, Kael tentou criar um estilo único com a espada, mas falhou repetidamente. Ele queria que seus movimentos fossem tão fluidos quanto os dos guerreiros que havia enfrentado, mas a espada era teimosa, exigia mais do que simples técnica. Por vezes, ele sentia a tentação de desistir e voltar às suas antigas armas. Mas Kael não era alguém que se deixava abater facilmente. A espada, com seu mistério e poder oculto, parecia desafiá-lo a continuar tentando.
Nas noites após os treinos, Kael sentava-se à beira da fogueira, exausto, mas determinado. Ele olhava para a espada, suja de terra e lascas de madeira, e prometia a si mesmo que um dia ele dominaria aquela arma. "Eu vou criar um estilo único", dizia para si mesmo. "Um estilo que será inigualável. E quando isso acontecer, nada será capaz de me deter."
A Preparação para o Retorno
Ao final da semana, Kael já estava mais forte. Seus ferimentos haviam cicatrizado quase completamente, e o treinamento com a espada, apesar de difícil, estava começando a render frutos. Ele ainda não tinha criado um estilo único, mas a conexão entre ele e a arma se fortalecia a cada dia.
O casaco negro que ele havia pegado do cadáver agora fazia parte de sua identidade. Com ele, Kael sentia-se não apenas um guerreiro, mas um capitão – um líder de si mesmo em uma jornada solitária. Ele vestia o casaco todas as manhãs, como um lembrete de que estava trilhando seu próprio caminho.
Kael sabia que a tribo oculta não seria facilmente derrotada. O poder primal deles, combinado com o Haki primitivo, era algo que ele precisaria superar. Mas agora, com a espada em mãos, ele sentia que tinha uma chance. O tempo que passara treinando e se recuperando não foi em vão.
Ele estava pronto para enfrentar a tribo novamente, e desta vez, o resultado seria diferente.
.....Continua.....