Os meses seguintes foram marcados por uma rotina intensa e exaustiva para Kael. Ele começou a se ajustar à presença do lobo negro, que, de oponente temido, tornou-se uma espécie de sparring selvagem. A cada novo confronto, o lobo o desafiava de maneiras inesperadas, testando seus reflexos, instintos e, sobretudo, sua capacidade de se adaptar ao ambiente hostil. No entanto, Kael sentia que estava apenas no início de uma transformação mais profunda.
A convivência com o lobo não era fácil. As lutas, muitas vezes travadas nas sombras da floresta, deixavam-no à beira da exaustão. O animal atacava com fúria, sem aviso, obrigando Kael a reagir por instinto. Havia algo mais naqueles combates – uma dança perigosa, em que cada movimento tinha significado, e qualquer erro seria punido com feridas profundas ou até a morte.
O Despertar do Haki da Observação
Kael começou a perceber uma mudança em sua percepção durante essas lutas. Inicialmente, foi apenas uma intuição – uma sensação de que o lobo estava por perto, mesmo quando ele não o via. À medida que os combates avançavam, ele passou a "sentir" a presença do animal antes mesmo de ouvir o farfalhar das folhas sob suas patas. Quando o lobo se esgueirava entre as árvores, Kael sabia sua localização exata, como se uma força invisível o guiasse.
A descoberta desse novo poder ocorreu durante uma das lutas mais intensas. O lobo o atacou ao anoitecer, em um momento em que Kael estava despreparado, de costas para um desfiladeiro. O animal avançou com suas presas à mostra, mas algo dentro de Kael despertou. Seus sentidos se expandiram. Ele sentiu o movimento do ar ao redor, o calor do corpo do lobo, e a intenção por trás do ataque. Desviou por um triz, como se soubesse exatamente quando e onde o ataque viria. Movendo-se com uma precisão sobrenatural, conseguiu esquivar de todos os golpes do lobo, algo que teria sido impossível semanas antes.
Parando, ofegante, ele e o lobo, igualmente cansado, sentiram o peso daquele momento. O Haki da Observação havia despertado completamente. Kael não apenas via o lobo – ele percebia sua presença, seu fluxo de energia e seus desejos. Isso o fez sentir-se invencível, mesmo que soubesse que aquilo era apenas o começo.
O Caminho Para Despertar o Haki do Armamento
Embora o Haki da Observação tenha trazido uma nova vantagem a Kael, ele logo percebeu que os inimigos na ilha estavam se tornando mais desafiadores. Em uma de suas explorações pela floresta, encontrou uma criatura colossal, coberta por uma pele escamosa dura como pedra. Era uma espécie de réptil gigante, com garras afiadas e uma cauda longa que varria o chão com força destrutiva.
Kael tentou atacá-la da forma que sempre fazia: golpeando com força e precisão. Contudo, seus punhos se mostraram inúteis contra a pele da criatura. Mesmo suas armas improvisadas não conseguiam fazer um corte significativo. A cada soco, ele sentia dor reverberar em seus braços, como se estivesse atingindo uma parede de ferro. Tentou de tudo: esquivas, contra-ataques rápidos, mas nada parecia funcionar.
Em meio à frustração, uma nova batalha contra o lobo o levou ao seu limite físico e emocional. Lutando para manter a compostura, enquanto seu corpo clamava por descanso, o lobo não dava trégua. Ele atacava com ferocidade, obrigando Kael a defender-se com as últimas forças. Mas, naquele momento, algo mudou. No ápice do confronto, prestes a ser derrubado, Kael sentiu uma força emergir de dentro de si – uma energia poderosa que parecia envolver seus punhos.
Sua pele brilhou com uma sombra escura, quase metálica. Quando o lobo avançou novamente, Kael desferiu um soco direto, e o impacto foi devastador. O lobo foi lançado para trás, surpreso, enquanto Kael olhava para suas mãos, incrédulo. Ele havia despertado o Haki do Armamento. Seu corpo agora podia ser revestido por uma força invisível, tornando seus golpes incrivelmente poderosos, capazes de romper até as defesas mais impenetráveis.
Nos dias seguintes, Kael começou a treinar esse novo poder. Cada golpe tornava-se mais eficiente e preciso. Voltou à floresta e, desta vez, enfrentou novamente o réptil gigante. Usando o Haki do Armamento, seus punhos agora atravessavam a pele escamosa da criatura. O confronto, que antes parecia impossível, foi vencido com um único golpe bem calculado. A criatura caiu, e Kael percebeu que estava mais forte do que nunca.
O Haki do Rei: A Aura de Domínio
No entanto, havia algo mais. Durante suas lutas, Kael percebeu que não era apenas sua força física ou seus novos poderes que estavam se desenvolvendo. Ao enfrentar os animais mais selvagens da ilha, ele notou que, em certos momentos, eles hesitavam. Algumas criaturas o atacavam com ferocidade, mas, de repente, paravam como se uma força invisível as impedisse de continuar. O lobo, em particular, começou a mostrar sinais de respeito profundo, evitando certos ataques e, em algumas situações, recuando completamente.
Kael percebeu que uma força espiritual estava crescendo dentro dele. Em uma noite de lua cheia, à beira de um penhasco, observando o vasto oceano que cercava a ilha, ele sentiu essa energia explodir. Uma onda de poder invisível irradiou de seu corpo, varrendo a floresta ao redor. Ele notou que os animais próximos foram subjugados por sua simples presença.
Kael havia despertado o Haki do Rei, uma habilidade rara que apenas aqueles destinados à liderança ou ao domínio absoluto possuem. Com esse poder, ele podia submeter a vontade dos mais fracos apenas com sua presença, impondo sua força sem precisar lutar.
Ao sentir essa nova força, o lobo recuou e, pela primeira vez, abaixou a cabeça em um gesto de total respeito. Kael percebeu, naquele momento, que não havia se tornado apenas mais forte, mas um verdadeiro líder. Ele carregava o poder de um rei, alguém capaz de comandar e influenciar os outros com sua determinação e força de espírito.
A Tribo Oculta
Com seus poderes recém-desenvolvidos, Kael decidiu explorar mais profundamente a ilha. Foi então que começou a notar sinais de vida humana – pegadas, árvores cortadas de maneira precisa, evidências de que ele não estava sozinho. Em suas explorações, escalou uma encosta íngreme e, do topo, avistou o que parecia ser uma aldeia oculta entre as árvores. Pequenas cabanas de madeira estavam dispostas em um círculo, e o som de risos e conversas flutuava pelo ar.
Mais cauteloso e consciente de suas habilidades, Kael decidiu não se revelar de imediato. Ele observou a tribo de longe, notando que seus membros eram habilidosos e organizados. Realizavam rituais ao redor de uma fogueira central e treinavam diariamente com armas rudimentares, mas eficazes. Cada movimento era calculado, e Kael percebeu que eles, assim como ele, possuíam uma conexão profunda com a ilha.
Havia algo mais naquela tribo – algo que ele ainda não entendia completamente. Não pareciam ameaçadores, mas havia uma sensação de poder emanando deles, como se carregassem segredos antigos e perigosos.
Durante dias, Kael retornou ao mesmo ponto de observação, escondido nas sombras das árvores. Ele viu como caçavam em grupos, realizavam rituais misteriosos e protegiam suas fronteiras com ferocidade. Embora sentisse curiosidade em conhecê-los, algo dentro dele o alertava a esperar o momento certo.
Por enquanto, ele apenas observava, absorvendo o que podia à distância. Sabia que, em algum momento, o destino o levaria até eles – mas ainda não. Fortalecendo ainda mais seus poderes, ele compreendeu o verdadeiro potencial do Haki que havia despertado.
O Caminho à Frente
Agora, com os três Haki despertos e sua conexão com o lobo se tornando mais profunda, Kael estava mais preparado do que nunca para enfrentar o que a ilha reservava para ele. Os desafios se intensificavam, mas ele sabia que a cada passo se aproximava de algo maior. A tribo, a floresta, as criaturas – tudo fazia parte de um destino maior, e Kael estava determinado a descobrir seu verdadeiro papel nesse mundo.
O horizonte estava cheio de promessas, e Kael, com a força de um rei, seguiria em frente, pronto para enfrentar o que viesse.
Fim do capítulo