A luta entre os universos continuava. O irmão destemido, Frenizet, socava sem parar o corpo de Human Beast, costelas, abdômen, rosto, costas, qualquer parte era um alvo. Infelizmente para ele, os golpes eram absorvidos ou defendidos e o impacto se transformava em ondas de vibrações tão poderosas que afetavam as Terras ao redor.
Frenizet tentava socar e chutar continuamente mais rápido que uma piscada de olho, porém, Human defendia com seus braços. Seu corpo era musculoso, sua pele era grossa e firme, suas pernas eram grandes e rígidas, e mesmo assim, era tão rápido quanto seu adversário. A velocidade dos golpes crescia a cada segundo, alcançando a velocidade da luz.
Freizen distorcia o espaço e retrocedia apenas alguns segundos no tempo, dando poucas brechas para o seu irmão contra-atacar os golpes sofridos, mas boa parte do plano falhava, pois, aquilo já era "esperado" por Human. Olhares eram trocados no meio da luta. Sangue vazava dos corpos dos três, flutuando antes de serem expelidos pelas ondas de impacto. A batalha intensa não deixava ninguém se aproximar.
— Não é que o bebê indefeso sabe dar uns (tapas)! — Disse Human Beast cuspindo um pouco de sangue e limpando a sua boca. Seu sangue era de uma mistura de cores azul e verde, nunca vista.
— Bem, nós crescemos! — retrucou Frenizet sarcasticamente com um leve sorriso no rosto, simbolizando estar gostando da luta e não esperava a hora de mais.
— Até que para um cara fundido pelo seu universo, não está nada mal seus movimentos. — Freizen gritou um pouco mais longe de seu irmão, sinalizando a sua óbvia presença e desaforo contra o inimigo.
— Bom, suponho que posso dizer o mesmo para vocês. Como está à Terra-01, já foi destruída pela sua raça? — Indagou Human provocantemente para ambos os irmãos, com o ódio elevado a um nível monstruoso.
— Não, ela não foi destruída, e sim readaptada. Entretanto, isso não lhe convém saber. — Freizen respondeu sem intenção de compartilhar informações com Human.
— Então não tenho com o que me preocupar, meus homens já estão a cargo de destruir todas as Terras. Vocês dois não acreditam que eu viria de mãos vazias após anos, achavam?
— Então essa gritaria… são os universos?! — Freizeit indagou para si mesmo ao perceber a tragédia que estava acontecendo enquanto lutava ao lado de Freizen — Mas aqueles três estão as protegendo, espero que consigam sobreviver.
— Você diz os três magos místicos da sua terra? Eles já foram mortos. — disse Human Beast em tom de satisfação por um trabalho bem concluído.
— O-o quê? — Frenizet perguntou perplexo sem conseguir processar a informação que seu cérebro recebeu.
— Quantos anos você pensa que fiquei esperando para atacar? Estudei todos esses universos imundos até conseguir o plano perfeito, e isso incluía matar vocês dois e os mais fortes de cada terra, incluindo aquele trio. Foi relativamente fácil matá-los, meus homens não tiveram problemas.
"Droga! Esse desgraçado pagará até a última gota de sangue derramada do corpo."
— Você não está pensando em me matar, não é? — perguntou sarcasticamente para Frenizet, percebendo que seu rosto e seus olhos já estavam inchados a ponto de explodir com a raiva acumulada.
— Pensa que não consigo? — retrucou de volta em tom de prepotência — Freizen, você não está cansado, está? — perguntou para seu irmão, avaliando seu estado físico.
— Eu te faço essa mesma pergunta, e você?
— Estou em perfeita forma e com poder sobrando para lutar por vários dias. — afirmou Frenizet com o polegar da mão direita levantado, sinalizando estar bem.
— Pois, eu também estou na minha melhor forma e ainda aguento muito tempo, não se preocupe. — concluiu Freizen em seguida também com o polegar levantado, sinalizando seu bem-estar.
— Vingarei aqueles três, nem que eu morra no processo! — Frenizet urrou para Human, que adorou a atitude e começou a dar diversas gargalhadas em seguida.
— Então venham tentar me matar, supostos deuses! — chamou os irmãos para a batalha, o qual acreditou que já estava decidida desde o começo.
— Vamos Freizen, agora! — Frenizet chamou seu irmão que já estava ao seu lado e pronto para atacar.
— Sim! — afirmou ao chamado do seu irmão.
A luta continuou, mas dessa vez sem paradas nem para respirar, com Frenizet atacando corpo a corpo e Freizen na retaguarda o ajudando dando algumas brechas para ataques mais precisos. Era algo tão rápido que eles mudavam de lugar a todo instante. A cada cenário, era um universo diferente ao fundo com diferentes cores entre eles. Dava para perceber o completo caos em todos que eram vistos.
As terras se deterioraram ou formavam grandes crateras, matando milhares ou talvez milhões de vidas inocentes. Eram corpos decepados com sangue e vísceras apostas, cabeças arrancadas, coração saltando e sendo esmagado com o cérebro, pais sendo mortos na frente de seus filhos e o contrário… os soldados de Human Beast matavam e esquartejavam quaisquer pessoas que entravam em seus campos de visão, uma verdadeira chacina.
Felizmente, todos os exércitos de todas as terras, formados de humanos e não-humanos conseguiram massacrar todos do exército inimigo, mas as consequências eram grandes demais para sequer dar um sorriso ou levantar os lábios. A única reação possível naquele momento era o desespero das famílias que haviam perdido seus entes queridos e bens materiais, bem como empresariais.
Percebendo isso, os dois irmãos se sentiram por um lado mais aliviados que o exército inimigo foi abatido, mas também extremamente furiosos e arrependidos por todo o estrago causado. Human, que percebeu as reações, estava morrendo de gargalhadas, o que levava Frenizet e Freizen a atacá-lo com mais vontade e força.
Foi trinta longos dias de luta contínua sem parar. Os universos ainda não haviam recuperado nem dez por cento de todo o estrago causado. Até que em um momento, os três pararam de batalhar. Suas forças haviam sido totalmente esgotadas. Seus corpos já estavam envergados, seus rostos inchados vermelhos com sangue escorrendo dos olhos, nariz, testa e boca.
— Vocês são duros na queda! — disse Human para os irmãos, que já estavam bastante exaustos, ele igualmente.
— Olha o lado positivo, conseguimos quase te matar! — Frenizet retrucou em tom de deboche.
– Se ainda acreditam que vão conseguir, podem vir tentar! Acredito que não conseguem mais, né?
— Freizen, o que fazemos? Já estamos literalmente acabados e não conseguimos nem matar ele! Precisamos de uma solução. — Disse ao seu irmão em tom de voz baixo, quase sussurrando.
— Eu já tenho uma ideia do que fazer, prepare-se! — respondeu em mesmo tom para Frenizet já com um plano em mente para a ocasião.
— E, nessa altura, o que será? Já posso destruir vocês? A vontade está grande — Human disse com tom de soberania, como se já houvesse possibilidade de conseguir o que tanto desejava.
— Para a sua insatisfação, hoje não, mas a nossa vontade também está grande, grande o suficiente para fazer algo melhor que simplesmente te matar. — Freizen retrucou, com o irmão preparado para realizar o ataque a qualquer momento.
Freizen juntou o resto de poder que ainda possuía e com a imaginação, elaborou uma barreira em volta de Human, mais precisamente um cubo em tom esverdeado meio transparente e bem apertado. Com ele preso, seria questão de tempo até que o mesmo se libertasse, mas os irmãos foram mais velozes.
— Fique tranquilo, vamos te mandar de volta para casa e sem ter como voltar. — falou Freizen com semblante de justiça com ódio e rancor. Era uma mistura de emoções que dificilmente poderiam ser explicadas.
— Vocês até podem me mandar de volta, mas voltarei, e na próxima vez, será para matar todos os universos, incluindo vocês dois, bebês.
— Então tente, isto é, se for capaz!
Como um dos últimos atos, Freizen o mandou de volta para à Terra-51. Logo após, ele separou o último universo do círculo astral, deixando-o afastado o suficiente para que quaisquer acontecimentos ali gerados não interferissem nos outros, e assim gerando outra guerra. Temporariamente, os irmãos haviam vencido a batalha, mas não a guerra.
Logo após retornarem, ficaram em coma pela exaustão por duas semanas, mas recebendo o apoio médico de ambos os universos. Após se recuperarem, foram exaltados pela batalha ganha e nomeados líderes de ambos os universos. Freizen foi o Líder do 2º universo, o nomeando como Realidade Tecnológica, enquanto Frenizet foi o Líder do 3º universo, também o nomeando como Realidade Média.
Os anos foram passando e passando, e com isso, milhares de anos se passaram. O primeiro universo que antes era só povoado por deuses, virou um simples universo, sendo que ninguém daqui despertava poderes nem magia, eram seres humanos normais vivendo vidas "normais", porém, um caso era diferente.
Havia um garoto nesta terra chamado Jack Park, seu nome era um tanto quanto incomum, pois só ele havia esse nome em todos o planeta. Assim que nasceu, alguns dias depois seus pais o largaram com a avó e fugiram com medo de algo, mas não explicaram exatamente a causa.
Ele foi crescendo ali, sozinho, triste, observando as crianças locais brincando e se divertindo com seus irmãos e pais, e aquilo o fazia passar mal. Toda noite ele tinha insônia, e durante o dia, soluçava frequentemente, não conseguindo se alimentar e nem descansar corretamente, a sua vida era um inferno desde que nasceu.
A sua avó preocupava com o seu bem-estar, o levava frequentemente para médicos e terapeutas, visando fazê-lo recuperar do trauma, mas dentro de si, sabia ser impossível. Entretanto, aos cinco anos sua vida começou a mudar, e para melhor.
Duas crianças, Jhenefer e Michel, ambos com a mesma idade dele começaram a fazer amizade com o garoto e se aproximar, andar juntos, brincar juntos… aquilo foi a porta de entrada para que Jack deixasse de ter a insônia, que sempre o consumia e diminuía as soluções, se alimentando regularmente.
Aos seis anos, ele já estudava melhor, fazia atividades físicas na escola e brincava com outras crianças, porém, aqueles dois já haviam sido inseparáveis em sua vida. Os anos foram passando, Jack conquistava mais méritos, chegando a ser o Líder de classe e aclamado pelos colegas e professores, mas a sua expressão ainda era fechada vez ou outra, e isso demonstrava que ainda havia resquícios do seu trauma, entretanto escondidos dentro de si.
Com os anos passando sem ele nem perceber, logo o seu aniversário de dezesseis já estava batendo na porta, faltando somente alguns meses. Jhenefer e Michel ainda estavam ao lado dele desde a época que se conheceram, o trio era inseparável. O temperamento de Jhenefer, a autoestima de Michel e a inteligência de Jack formava um trio perfeito, com nada a ser tirado.
Em uma certa manhã de um dia da semana, um frio passava pela casa, as folhas das árvores balançavam com mais força e velocidade, os passarinhos cantavam em seus ninhos com os filhotes. Nesta manhã, o telefone tocou, mas quem estava ligando, ele não sabia, mas foi assim mesmo para atender com um sorriso no rosto com empolgação.
— Alô, quem está falando?
— Alô, Jack Park está aí? — perguntou uma voz misteriosa feminina.
— Sou eu mesmo, quem fala?
Logo a mulher do outro lado da linha começou a chorar alto e sem controle com o telefone nas mãos.
— Alô, senhora? Quem é você?
— Eu… sou… a sua mãe, Jack.
No momento em que ele ouviu aquela voz feminina dizendo ser a sua mãe falando, seu cérebro desligou, sua mão amoleceu e o telefone caiu no chão. Ele caiu ao mesmo tempo, se debatendo de tanto pavor e com os olhos esbugalhados avermelhados com lágrimas escorrendo a todo instante. Lentamente, ele pegou novamente o telefone com medo do que poderia acontecer e resolveu falar algo.
— Desculpe, senhora. Deve haver um engano, eu não sou o seu filho! Suponho que foi uma ligação errada.
— Tenho certeza que não foi engano, você é Jack Park né? Eu lhe dei esse nome antes de te deixar com a sua avó.
Lentamente, um ódio tremendo consumiu o seu corpo. Ele começou a apertar suas mãos que se rangiam, causando um som sufocante. Em seguida, seu rosto e seus olhos começaram a ficar mais vermelhos que antes, como se quisessem explodir tudo o que guardava dentro de si.
— Você? Você não é a minha mãe coisa nenhuma! Você é uma desumana sem coração que abandonou seu filho sem nenhum motivo e fugiu de vista! Se você fosse minha mãe, não teria me largado assim que me deu à luz. Uma mãe de verdade cuida do seu filho em todos os momentos, sejam eles momentos felizes ou tristes! É o dever de uma mãe e de um pai também sempre estarem ao lado de seu filho! Pais que não fazem isso com seu próprio filho não merecem ser chamados de pais, nunca!
Depois da sua fala, ele desligou o telefone como se fosse quebrá-lo de tanta força imposta, e começou a chorar freneticamente acanhado no chão enquanto batia tudo à sua volta, à mesa, as cadeiras, tudo no chão. Todo o trauma que ele havia deixado guardado por tanto tempo explodiu novamente, mas da pior forma possível.
Continua…