Era mais uma manhã como outra qualquer. O despertador do meu celular tocou às 6h30 em ponto, o som irritante me arrancando do que parecia ser o melhor momento do meu sono.
Ainda na cama, pensamentos sobre minha mãe surgiram de repente. Ela sempre acordava cedo, alerta e enérgica, muito diferente de mim. Minha mão, já acostumada com a rotina, silenciou o alarme com um toque rápido.
Essas memórias trouxeram à tona uma sensação de nostalgia. A vida era tão diferente quando minha mãe ainda estava aqui. Suspirei, encarando o teto, tentando reunir coragem para enfrentar mais um dia.
Minha rotina era simples, quase monótona, e isso se refletia em tudo ao meu redor.
Sou apenas um garoto de 16 anos no primeiro ano do ensino médio. Não sou o popular da escola, nem o melhor aluno ou o mais atlético. Se tivesse que definir minha vida em uma palavra, diria... mediana.
Para piorar, alguns colegas da minha sala insistem em me provocar, mas sempre tento não deixar isso me abalar. Meus pais e avós me ensinaram a focar nas coisas boas, por mais que, em alguns dias, seja difícil encontrá-las.
Olhei para o celular e vi que era sexta-feira. Finalmente, uma pequena alegria: o fim de semana estava próximo e eu poderia descansar, sem me preocupar com o trabalho.
No caminho para a escola, coloquei meus fones de ouvido e deixei a música me transportar para outro mundo, longe da realidade. Quando cheguei ao portão da escola, o mesmo sentimento de sempre tomou conta de mim: um aperto no peito, a expectativa desagradável de passar pelo corredor onde os valentões da minha sala costumavam circular. Hoje, no entanto, havia algo diferente no ar, como se algo estivesse prestes a acontecer.
No intervalo, fui até um lugar isolado, uma área proibida onde gostava de ficar em paz. Logo, meus amigos se juntaram a mim. Um deles, o mais inteligente do grupo, chegou acompanhado de duas garotas. Uma delas usava óculos, seus olhos castanhos sempre atentos; a outra tinha cabelos loiros e olhos azuis, com uma aura tranquila.
Conversamos sobre as coisas que gostávamos — música, jogos, quadrinhos, livros. Rimos juntos, especialmente eu e a garota de óculos. Depois do almoço, voltamos para a sala, mas a estranheza que sentia desde cedo parecia crescer.
"Que sensação é essa?", me perguntei. Decidi ignorar, focando na aula de física que estava começando.
Foi então que aconteceu. No meio da explicação, senti algo vibrar no ar, uma perturbação invisível. Meus colegas começaram a se agitar, sussurrando entre si. De repente, uma luz intensa preencheu a sala, tão forte que todos nós cobrimos os olhos, confusos e assustados.
Quando abri os olhos novamente, a sala de aula havia desaparecido.
Em seu lugar, estávamos em um enorme salão, com tetos altos e paredes adornadas como em castelos medievais. Ao meu redor, todos os meus colegas também olhavam ao redor, perplexos. À nossa frente, um homem imponente, usando uma coroa de ouro, nos observava com atenção. Ao lado dele, cavaleiros e magos mantinham expressões solenes.
— O que está acontecendo? — murmurou alguém próximo a mim.
— Isso parece... um mundo de fantasia, não é?— sussurrou outro.
— A questão mais importante é onde estamos — Todo mundo falou isso ao mesmo tempo.
Todos estavam se perguntando onde estávamos e por que tínhamos sido levados para ali. A resposta veio logo em seguida, com a voz do homem coroado ecoando pelo salão.
— Bem-vindos, heróis! Vocês foram escolhidos para salvar o nosso mundo do caos iminente! O rei demônio voltou... ou talvez um novo tenha surgido. —
O silêncio se espalhou entre nós.
...
Até que, finalmente, um dos alunos quebrou o gelo. Era um rapaz atlético, seu físico impressionante se destacando enquanto ele caminhava para frente.
— Heróis? Rei demônio? Não estou entendendo nada —, disse ele, visivelmente confuso.
— Sim, exatamente o que você ouviu —, respondeu o homem com a coroa. — No seu mundo, não existem histórias parecidas? —
— Sim, temos histórias assim... mas são só ficção —, o garoto respondeu, incrédulo.
— Eu entendo que tudo isso é muito confuso. Deixe-me explicar melhor —, o rei disse, sua voz calma e controlada.
Enquanto o rei falava, eu tentava processar suas palavras. "Heróis? Reis demônios? Salvar o mundo?" Isso só podia ser um sonho estranho ou uma brincadeira elaborada. Mas, ao mesmo tempo, uma pequena chama de esperança acendeu dentro de mim. Ser um herói, salvar o mundo? Isso era incrível! Finalmente, algo que me tiraria da mediocridade.
— Cada um de vocês possui uma habilidade especial —, o rei continuou. — Agora, vamos testá-las. —
— Todos vocês devem dizer "Status" para ver suas informações e, depois, vir até a bola de cristal e tocá-la. —
Eu, animado, recitei o encantamento: "Status". De repente, uma janela meio transparente apareceu diante de mim.
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Raça: Humana
Força: 20/20
Destreza: 26/26
Agilidade: 30/30
Inteligência: 19/19
Vida: 10/10
Mana: 1/1
Habilidades: Invocador (Mais...)
Suporte (Mais...)
Gula (Mais...)
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Depois de ver nosso status, cada um de nós foi até o cristal para revelá-los. Para minha surpresa, as pessoas que faziam bullying comigo tinham habilidades boas. O chefe dos valentões tinha a habilidade "Imperador das Chamas", o que surpreendeu a todos. Outra pessoa tinha a habilidade "Guerreiro do Vento", combinada com "Paralisia".
Havia uma santa, um herói sábio e várias outras habilidades poderosas. Conforme a tensão aumentava, eu mal podia esperar pela minha vez.
Quando meu nome foi chamado, meu coração disparou. Fechei os olhos, esperando que uma luz mágica me envolvesse... mas nada aconteceu.
O salão, antes animado, mergulhou em um silêncio constrangedor. Senti o olhar do rei e dos cavaleiros pesando sobre mim, e murmúrios desconfortáveis começaram a se espalhar entre meus colegas.
— O que houve? — perguntei, tentando esboçar um sorriso forçado, mas ninguém respondeu.
— Você e muito fraco —, disse um dos magos, com um olhar de desdém.
Meu coração afundou. Fraco? Isso não podia estar acontecendo.