Após uma longa noite de sono, Darius e Mira despertaram às 8:00 da manhã. O cansaço ainda pesava em seus corpos enquanto caminhavam até a sala. O que esperavam encontrar era Seraphin no sofá, mas, em vez disso, viram uma verdadeira confusão de documentos espalhados por todos os lados, como se uma tempestade tivesse passado pelo lugar.
"O que você tá fazendo com nossas pesquisas?", Darius lançou, irritado, ao ver Seraphin debruçada sobre os papéis.Ela apenas levantou os olhos, com um ar desinteressado. "essas pesquisas São de artefatos pequenos, sem muito valor."Darius avançou, indignado. "Sem muito valor? Não, esses artefatos são perigosos pra."Seraphin ergueu uma sobrancelha, desdenhosa. "Se você soubesse o tipo de coisa que já vi... esses aqui não passam de brinquedos."Antes que Darius pudesse responder, Mira interveio, tentando manter a calma. "Seraphin, me fala mais sobre o artefato que você descobriu. Aquele que fez você ser presa."Darius, ainda resmungando, foi até a cozinha. "Vou preparar um café. Querem alguma coisa?""Um misto quente, por favor," Mira disse, enquanto seus olhos permaneciam fixos em Seraphin, aguardando a resposta."Qualquer coisa serve," respondeu Seraphin, casualmente, ainda com os olhos nos documentos.Darius começou a preparar o café, mas seus ouvidos não estavam totalmente desligados da conversa."O artefato que eu descobri era uma arma." A voz de Seraphin ganhou um tom sombrio. "As balas eram diferentes de tudo que já li. Elas atravessavam qualquer coisa, material ou imaterial, e deixavam um rastro de destruição absoluta. A organização descobriu. Me prenderam logo em seguida."Enquanto Seraphin falava, Darius sentiu um calafrio. Ao olhar pela janela da cozinha, seus olhos captaram um movimento rápido, como sombras passando entre as árvores que cercavam a casa. Suas mãos pararam de mexer na cafeteira, e ele observou com mais atenção. Então viu. Pequenos grupos de homens, armados e se movendo com cautela, aproximavam-se. Ele correu para a sala, o coração batendo acelerado."Droga, estamos sob ataque! Preparem-se!" Ele gritou, enquanto rapidamente pegava a Snipe que ficava pendurada na parede do corredor.Antes que pudessem reagir, a porta da frente foi arrombada com um estrondo ensurdecedor. Dois militares invadiram o local, as janelas foram destroçadas, e outros dois soldados entraram com armas em punho, vasculhando todos os cantos. Mas a sala já estava vazia.Lentamente, os soldados avançaram pelos corredores, atentos a qualquer som. Darius, Mira e Seraphin haviam se separado. Mira e Seraphin aguardavam em silêncio em um quarto à esquerda, enquanto Darius estava no quarto à direita, pronto para agir.Os militares se alinharam, prontos para invadir o quarto de Darius. "Três, dois, um..." O primeiro soldado chutou a porta e entrou, mas antes que o segundo pudesse segui-lo, viu seu companheiro ser atingido na cabeça. Darius estava no canto do quarto apoiando sua Snipe na cama praticamente invisível, disparou novamente e derrubou o segundo soldado, que mal teve tempo de erguer a arma.Dois soldados restantes, ao ouvirem o barulho de tiros, recuaram instintivamente, tentando pedir reforços pelo rádio. Mas o silêncio no outro lado da linha os fez gelar. Eles decidiram bater em retirada, movendo-se em direção à saída da casa.Mas não tiveram sorte. Assim que alcançaram a porta, Mira e Seraphin surgiram da sombra, vindo da janela por onde haviam escapado. Mira avançou primeiro, acertando um chute devastador no rosto do soldado à sua frente, que caiu no chão, desorientado. O segundo Seraphin deu um soco poderoso em seu estômago, seguido de uma joelhada no queixo, derrubando-o.Os corpos dos inimigos estavam no chão, mas o perigo ainda não havia passado."Esses caras... Não são soldados comuns", disse Darius, ofegante, enquanto guardava a sniper.Mira limpou o sangue de suas mãos. "Você acha que eles estão atrás de Seraphin?""Com certeza." Darius lançou um olhar sério para Seraphin, que observava os corpos no chão com uma expressão enigmática. "Esse ataque foi diferente. Eles sabiam exatamente onde nos encontrar. Vieram preparados."Seraphin inclinou-se sobre um dos militares caídos e, ao puxar algo da cintura dele, revelou um pequeno dispositivo com uma luz piscando. "Agora entendi como eles me encontraram." Ela levantou o rastreador para que Darius e Mira vissem.Mira se aproximou rapidamente, os olhos fixos no objeto. "Então é isso. Se tinham um rastreador com eles, provavelmente colocaram um em você também. Deixa-me dar uma olhada." Ela examinou Seraphin de perto e logo notou algo. "Aqui, no seu ombro." Uma luz discreta piscava sob a pele de Seraphin. "Parece que colocaram isso em você quando foi capturada."Sem perder tempo, Mira correu até a cozinha e voltou com uma faca afiada. "Vou tirar isso agora." Com movimentos precisos e cuidadosos, ela fez uma pequena incisão e retirou o dispositivo implantado. O rastreador caiu em sua mão, e ela o jogou no chão, esmagando-o com o pé."Isso deve dar um pouco de sossego." Mira limpou a faca, enquanto Darius observava o rastreador destruído.Mas Seraphin não parecia convencida. "Esse lugar já está marcado. Eles sabem que estamos aqui. Mesmo sem o rastreador, mais soldados virão. Precisamos sair."Darius franziu a testa. "Pra onde vamos? Se eles rastreiam nossos passos, não temos muitas opções.""Precisamos ir até minha antiga casa." Seraphin falava com urgência, já se levantando. "Lá está a maior parte dos meus artefatos e materiais de pesquisa. Se conseguirmos recuperá-los, podemos ter uma chance. E provavelmente encontraremos algo útil para contra-atacar."Mira cruzou os braços, pensativa. "Isso soa como um risco enorme. Mas, considerando as circunstâncias...""Temos escolha?" Darius perguntou, já resignado. "Eles vão continuar vindo de qualquer jeito."Seraphin deu um sorriso breve, quase irônico. "Exato. E se vão nos caçar, prefiro que seja em um campo onde eu conheça o terreno. Equipem-se. Pode ter certeza, vão nos esperar com uma emboscada."Darius carregou sua sniper, examinando o ambiente ao redor pela janela quebrada. "Dessa vez, a surpresa vai ser nossa." Um brilho determinado cruzou seu olhar, e ele começou a preparar o equipamento."Vamos sair antes que o próximo grupo chegue," sugeriu Seraphin, já preparando o mapa digital de sua casa. "O caminho vai ser difícil, mas se formos rápidos, podemos pegar o que precisamos e nos mover antes que eles reforcem a área."Mira finalizou seu preparo, colocando uma adaga no cinto. "Se você diz que vale o risco, estamos dentro. Mas quero saber de uma coisa... Esse artefato que você mencionou antes, ele é forte o suficiente pra nos dar alguma vantagem?""Se estivermos falando do que eu imagino..." Seraphin respondeu. "Pode virar o jogo. Mas não vai ser fácil chegar até ele."Darius balançou a cabeça. "Nada com a gente é fácil, certo?" Ele sorriu, mas havia uma tensão no ar.Após recolherem tudo o que precisavam, eles pegam a estrada em direção a Bananal, uma pequena cidade no interior de São Paulo. O ar ali era mais leve, as montanhas ao longe contrastavam com a tensão dentro do veículo. Enquanto a paisagem mudava, as perguntas surgiam inevitavelmente."Ei, Seraphin," Mira rompeu o silêncio que pairava. "A gente não sabe quase nada sobre você. Nasceu aqui no interior?"Seraphin olhou pela janela, observando as árvores passarem rapidamente. "Não, sou de um vilarejo em Santa Catarina. Mas... pelo menos é isso que Magnus sempre me disse."Darius e Mira trocaram olhares confusos. "Magnus?" Darius perguntou."Ele é o chefe da organização que me acolheu," respondeu Seraphin, sua voz carregada de memórias."Acolheu como?" Mira perguntou, curiosa.Seraphin soltou um suspiro. "Alguém matou meus pais segundos depois que nasci. Não sei como sobrevivi, mas a Ordo Arcana Noctis me encontrou. Passei toda a minha vida lá."Mira franziu o cenho. "Quer dizer que você nunca teve outra família além dessa organização?"Seraphin assentiu lentamente. "Isso mesmo. Eles eram tudo o que eu conhecia. E vocês? O que são um para o outro?""Somos meio-irmãos," Darius respondeu, olhando para Mira com um sorriso triste. "Nossos pais se conheceram quando éramos pequenos."Seraphin permaneceu em silêncio por um momento, digerindo a revelação. "E onde eles estão agora?""Mortos," disse Darius, a voz dele vacilando por um momento. "Morreram fazendo o que amavam, estudando artefatos."O silêncio que se seguiu foi pesado, até Mira soltar um suspiro nervoso. "Acho que o clima ficou um pouco sombrio.""Talvez," disse Seraphin, quebrando a tensão, "mas eu sei que vocês estão escondendo algo também. Qual é o segredo de vocês?"Darius olhou para Mira, e depois para a estrada à frente. "É melhor a gente te mostrar do que explicar."Mira apenas assentiu, enquanto Seraphin cruzava os braços, visivelmente intrigada."Isso vai ser interessante," Seraphin murmurou, olhando para o céu que começava a escurecer com nuvens carregadas, como se refletisse a tensão crescente da viagem.Ao chegarem perto da casa de Seraphin, o trio sabia que os militares já estavam à espreita, aguardando sua chegada. Eles precisavam ser rápidos e precisos. Darius, sempre metódico, posicionou-se do outro lado da rua, usando sua visão ampliada para mapear o perímetro. Mira, com sua agilidade furtiva, deu a volta na casa, posicionando-se nos fundos, próxima a uma janela que parecia ser sua entrada.Seraphin se aproximou da porta da frente. O coração dela batia forte, mas seu rosto mantinha a calma. Ao tocar a maçaneta, percebeu que estava destrancada. "Isso não é um bom sinal", pensou. Lentamente, ela empurrou a porta. O rangido da madeira ecoou pela pequena casa, mas ninguém apareceu. Avançou um passo, apenas para ser surpreendida quando um militar surgiu de repente para capturá-la. Rápida como um relâmpago, Seraphin se abaixou, dando espaço para Darius, que disparou de longe, atingindo o militar em cheio, derrubando-o instantaneamente.Enquanto isso, Mira invadiu silenciosamente pelos fundos, mas se deparou com dois militares armados. Sem hesitar, ela impulsionou uma mão no chão, realizando uma meia-lua com agilidade impressionante, desarmando ambos. O combate se tornou corpo a corpo. Mira, sempre rápida, derrubou o primeiro militar com uma rasteira lateral, o jogando ao chão. Antes que ele pudesse se levantar, ela aplicou um poderoso "martelo do besouro" em sua cabeça, apagando-o.O segundo militar hesitou ao ver seu parceiro cair tão facilmente. O medo estampado em seu rosto era evidente enquanto Mira o encarava com um olhar mortal. Ele tentou se defender quando Mira lançou um chute em direção à sua cabeça, mas sentiu o impacto do golpe como se fosse um aríete. Cambaleando para trás, ele mal teve tempo de reagir antes de receber outro golpe, desta vez um soco direto que o jogou contra a parede, nocauteando-o.Enquanto isso, Seraphin avançava pelo interior da casa, os passos dela ecoando na pequena cozinha e na sala, onde poucos móveis restavam. À esquerda, ficava o quarto. Um último militar emergiu da porta, confuso com os sons de luta. Ao ver Seraphin vindo em sua direção, ele olhou ao redor, percebendo os corpos de seus colegas caídos. O pânico tomou conta de seus olhos. Sabia que era o próximo.Sem hesitar, Seraphin canalizou sua força. As veias em sua mão brilharam levemente, e com uma velocidade inumana, ela acertou um soco no estômago do militar. O impacto foi devastador, e uma pequena fenda na realidade se abriu, atravessando o corpo do soldado, que caiu sem vida, seu corpo inerte e o estômago irreparavelmente danificado.Mira, ao ver aquilo, não esboçou reação."Está limpo," disse Mira, e Darius se aproximou, cruzando a rua rapidamente.Seraphin entrou em seu quarto, o local onde armazenava anos de pesquisas. O choque a atingiu como um soco. Papéis queimados e artefatos desaparecidos. "Droga! Como eu não previ isso? Tentaram apagar a minha existência.""Agora, o que faremos?" perguntou Mira, ainda recuperando o fôlego."Vou ter que recorrer a um velho amigo," disse Seraphin, com um tom misterioso. Ela abriu uma gaveta no guarda-roupa, que por sorte havia sido pouco vasculhada, e tirou de lá um antigo telefone.Darius franziu o cenho, curioso. "Quem é esse amigo, Seraphin?"Seraphin não respondeu de imediato, ligando o aparelho. Após alguns segundos, uma voz firme e calma ecoou do outro lado da linha. "É você, Seraphin?""Sim," ela confirmou, sua voz mais fria do que o normal."Que bom que sobreviveu... Você sabe onde me encontrar."E com isso, a ligação foi encerrada.Darius não pôde mais conter a curiosidade. "Quem era?"Seraphin sorriu de canto. "Lembra daquele senhorzinho do restaurante?""Ele?!" Darius ficou visivelmente surpreso. "Ele é seu velho amigo?"Seraphin assentiu. "Sim. Ele tem muito mais história do que aparenta. E vamos precisar dele. Está perto daqui, então vamos.""Melhor irmos antes que reforços apareçam," disse MiraAo chegarem no ponto de encontro, uma grande casa de madeira escondida nas colinas, Seraphin notou um leve brilho na entrada. "Ele está esperando por nós."Darius franziu a testa. "Eu ainda não acredito que esse cara é mais do que um simples dono de restaurante."Com um olhar determinado, Seraphin deu um passo à frente e bateu na porta com três toques rápidos. A porta rangeu ao abrir, revelando o velho do restaurante. Ele sorriu levemente."Seja bem-vinda de volta, Seraphin. Sabia que esse dia chegaria."Mira, desconfiada, manteve-se à distância, a mão próxima à adaga. "Estamos em segurança aqui?"O velho riu baixo. "Segurança? Aqui, e o local, mas seguro que existe"O grupo entrou, sentindo o peso do que estava por vir.Fim do capítulo 2. CONTINUA...