Uma manhã em Newark , Nova Jersey, em meados dos anos 2000, estava especialmente quieta. Lucas acordou de um sonho perturbador. Não foi a primeira vez. Nos últimos meses, ele vinha sendo atormentado por pesadelos recorrentes — sempre envolveu um campo de batalha, criaturas sombrias e uma sensação constante de que algo terrível estava prestes a acontecer.
O som distante dos carros nas ruas normalmente o engraçadoia, mas naquele dia, tudo parecia diferente. O silêncio era sufocante, como se algo estivesse errado no ar. Ele se clamou, esfregando o rosto na tentativa de afastar o cansaço. O relógio digital no criado-mudo marcava 7h32. Era hora de enfrentar mais um dia.
Lucas desceu até a cozinha, onde sua avó, Beatriz , já estava preparando o café. A mulher de cabelos grisalhos parecia tão calma como sempre, movendo-se pela cozinha com uma tranquilidade que contrastava com a inquietação de Lucas.
— Bom dia, vó — disse ele, tentando parecer normal.
— Bom dia, Lucas — respondeu ela, sem tirar os olhos do fogão. — Sonhou de novo, não foi?
Ele congelou. Ela sempre sabia. Mesmo quando ele tentou esconder seus pensamentos, Beatriz parecia ter um sexto sentido. Lucas desviou o olhar, mordendo os lábios.
— Sim, mas não foi nada demais — mentiu, tentando afastar a estranha sensação no estômago.
Beatriz não respondeu imediatamente, mas quando se virou para ele, seus olhos azuis estavam cansados, quase preocupados. Lucas notou que sua avó tinha evitado falar sobre esses sonhos recentemente, mas agora ela parecia diferente.
— Há coisas que você ainda não entende, Lucas — disse ela suavemente, antes de voltar a mexer os ovos na frigideira.
O que isso fez? Lucas sentiu um arrepio subir pela espinha. Ele sempre soube que havia algo incomum na família, especialmente com o mistério que cercava seu avô, que desapareceu sem deixar rastros anos atrás. Mas nunca imaginei que isso pudesse ter alguma conexão com seus pesadelos.