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Chapter 5 - Capítulo 5: A Guerra das Sombras Internas

O chão debaixo dos pés de Kaia e Dante tremia conforme a entidade se aproximava, uma massa indistinta de caos e escuridão, exalando uma presença opressora. As versões fragmentadas de Dante ao redor deles desapareciam uma a uma, sugadas para dentro da entidade como se fossem meros ecos de um passado esquecido. As memórias e vidas alternativas eram devoradas, deixando o espaço ao redor ainda mais vazio, como um abismo prestes a engoli-los.

Kaia apertou os punhos, sentindo a tensão no ar. Seus olhos estavam fixos na entidade, mas seu coração estava com Dante. Ela podia ouvir a respiração pesada do irmão ao seu lado, como se cada passo que ele desse o drenasse de toda sua energia.

"Dante," Kaia chamou suavemente, sem desviar os olhos da ameaça crescente à frente. "Você consegue sentir isso?"

"É impossível não sentir..." Ele respondeu, a voz cansada. "Ela está me puxando, Kaia. Todas as minhas versões, todos os meus eus... estão sendo atraídos para ela. Eu não sei quanto tempo mais posso resistir."

Kaia sabia que o tempo estava se esgotando. Dante estava sendo puxado para dentro da entidade, e, a cada segundo, perdia mais controle sobre si mesmo. Se ele fosse absorvido por completo, não apenas ele desapareceria, mas todas as realidades conectadas a ele colapsariam. Tudo o que eles conheciam seria apagado.

Mas ela não podia deixar isso acontecer.

"Dante, ouça-me," Kaia disse com firmeza, sua voz cortando o ar denso. "Essa entidade não é maior que você. Ela é uma parte de você — uma manifestação das suas dúvidas, dos seus medos. Mas ela não define quem você é."

Dante olhou para a irmã, suas pupilas dilatadas de incerteza. "E se ela for mais forte do que eu, Kaia? E se ela for quem eu sou de verdade?"

Kaia se virou para ele, segurando seu braço com firmeza. "Você é meu irmão. Você é Dante, aquele que lutou por tudo o que acreditava, aquele que nunca desistiu, não importa o quão difícil fosse. Eu acredito em você."

Um leve brilho surgiu nos olhos de Dante, mas foi ofuscado pelo rugido avassalador da entidade, que finalmente alcançou o centro daquele espaço mental. A criatura se ergueu à sua frente, uma massa de sombras retorcidas, com olhos incandescentes como brasas. Sua voz era uma cacofonia de ecos de todas as versões de Dante, misturadas em uma harmonia macabra.

"Eu sou todas as suas falhas, Dante," a entidade sibilou, sua voz ressoando nas mentes dos dois irmãos. "Eu sou o caos que você teme, o vazio que cresce dentro de você. E agora... eu serei o seu fim."

Sem aviso, a entidade se lançou contra eles. Kaia mal teve tempo de reagir antes que uma onda de energia sombria os atingisse, arremessando-os para trás. Ela rolou no chão, sentindo o impacto reverberar em seus ossos. A criatura era imensamente poderosa, alimentada pelas versões distorcidas de Dante.

"Kaia!" Dante gritou, forçando-se a ficar de pé, apesar do peso que parecia puxá-lo para baixo. A entidade avançava, cada passo rasgando o espaço ao seu redor, como se estivesse devorando a própria realidade.

"Não podemos vencê-la assim!" Kaia gritou de volta, se levantando com dificuldade. "Dante, você precisa se lembrar de quem você é. Ela só tem poder sobre você se você deixar!"

Mas a entidade não lhes deu tempo para respirar. Com um movimento brutal, ela disparou tentáculos de sombra em direção a eles. Kaia girou no último segundo, esquivando-se por pouco, mas Dante foi atingido diretamente no peito. O impacto o derrubou, e ele gritou enquanto sentia sua energia sendo drenada, a entidade se alimentando de sua essência.

"Não!" Kaia correu em direção a ele, seu coração disparado. Ela não perderia seu irmão. Não ali. Não agora.

Em meio à dor, Dante sentiu uma voz distante em sua mente, suave e familiar. A voz de Kaia. Ela estava certa. A entidade era uma parte dele, mas não era a parte que o definia. Ele não era apenas suas falhas, seus medos, suas dúvidas. Ele era mais do que isso.

Com um esforço colossal, Dante agarrou o tentáculo que o prendia e, com um grito de fúria, arrancou-o de seu peito. A entidade recuou momentaneamente, surpresa com a força inesperada. Dante cambaleou, mas conseguiu se levantar.

"Eu... não serei definido pelo medo," ele sussurrou, a voz vacilante, mas carregada de determinação. "Você não me controla."

Kaia sentiu uma onda de alívio ao ver o irmão se reerguer, mas a batalha estava longe de terminar. A entidade rugiu com raiva, sua forma se expandindo, ficando ainda mais distorcida e monstruosa. Ela não desistiria tão facilmente.

"Ela vai atacar novamente," Kaia alertou, seus olhos brilhando com uma nova determinação. "Mas agora, nós sabemos o que fazer."

Dante olhou para a irmã, seus olhos mais claros, mais focados. "Sim. Juntos."

A entidade lançou outra investida, mas desta vez, Dante e Kaia estavam prontos. Eles se moveram em perfeita sintonia, esquivando-se e contra-atacando, suas ações complementando-se como se fossem um só. Kaia usava a precisão e agilidade, enquanto Dante, ainda ferido, invocava sua força interior, repelindo os golpes sombrios com uma ferocidade renovada.

"Você pode ser uma parte de mim," Dante gritou, suas mãos envolvendo-se em energia pura, "mas não vai me consumir!"

Com um último movimento, ele concentrou toda a sua energia e a lançou em direção à entidade. A explosão de luz foi tão intensa que a escuridão ao redor deles recuou, e a criatura foi atingida diretamente no núcleo. A entidade gritou, seu corpo se fragmentando, os ecos de suas múltiplas vozes se desfazendo no ar.

Kaia observou enquanto a entidade se desintegrava, seus olhos brilhando com a vitória. Eles haviam vencido.

Porém, enquanto a escuridão desaparecia, Kaia percebeu algo estranho. O espaço ao redor deles não estava se restaurando. Pelo contrário, as rachaduras na realidade se expandiam, e o caos continuava a se espalhar.

"Dante..." Kaia começou, a voz hesitante. "Algo ainda está errado."

Dante olhou ao redor, sua expressão endurecendo. Ele também sentia. A batalha estava longe de terminar.