— Ai, ai...
Neev caiu no chão com um suspiro cansado.
Treinadora: "Concentre-se, garota! Como espera ser digna de ser uma Lunaris se não consegue sequer se defender? Levante-se do chão, agora!"
Com o rosto sujo e ligeiramente machucado, Neev respirou fundo, sua expressão determinada apesar do cansaço, que trazia um toque de fofura à sua feição. Com um movimento firme, ela pegou a espada e avançou novamente. O brilho do sol refletia em seus cabelos de um azul profundo, criando um contraste deslumbrante contra o céu.
Ela tentou uma estocada direta, mas Enid interceptou o golpe com precisão, prendendo a espada de Neev e a arremessando para cima. Neev, porém, não desistiu. Com um movimento rápido, ela recuou alguns passos, impulsionou-se no chão, erguendo uma pequena nuvem de poeira e pedras, e avançou com a mão carregada de energia. Enid, por um momento, pareceu hesitar, surpresa pela ousadia da garota.
Porém, num piscar de olhos, Enid desapareceu e surgiu atrás de Neev, imobilizando-a com a lâmina rente ao pescoço.
Enid: "Muito bem! É isso que eu quero ver. Está longe do ideal, mas já é um começo."
Ela sorriu, soltando Neev e guardando a espada. —"Até amanhã, princesa".
Neev: — Huff... que droga... Ela é rápida demais!
Diz exausta.
Nas proximidades, dois guardas observavam a cena com atenção.
Guarda 1: — Às vezes, Enid pega pesado demais com ela, você não acha?
Guarda 2: — Talvez, mas entende o motivo, certo? Neev é a única filha da família do irmão do Rei, e Enid quer prepará-la para se tornar tão forte quanto ela mesma.
Guarda 1: — Mesmo assim, é curioso... Ela é a única princesa a receber um treinamento tão rígido.
Guarda 2: — Acho que tem a ver com a briga da rainha à mãe dela. Meus pêsames... talvez o Rei queira que as outras princesas sigam papéis mais tradicionais, como alianças para o reino.
Guarda 1: — Mas isso não impede que o mesmo destino caia sobre Neev, não é?
Guarda 2: — Verdade... mas, para a realeza, ela parece ser menos importante do que os outros irmãos.
Avô:"Acorda, garoto! O café já tá na mesa!"
gritou Ryuzen, o avô de Dhruik, com sua voz rouca e firme.
Dhruik acorda, dez dias após os acontecimentos que haviam mudado sua vida. Ele se levantou rapidamente, vestiu uma camisa e saiu do quarto. A casa era pequena, de pedra rústica e com um teto de madeira que rangia levemente ao toque do vento, criando uma sensação de aconchego e simplicidade.
Dhruik:" Já tô indo! — respondeu Dhruik, ainda se espreguiçando.
Ele se sentou na mesa de madeira ao lado do avô, serviu-se um pouco de café da chaleira e colocou uma fatia de queijo no pão.
Avô:" Come logo, garoto, preciso que faça um favor pra mim.
Dhruik:"Mmph... Tá bom.
Ele murmurou com a boca cheia, mastigando devagar".
Ryuzen observou Dhruik por um momento, um brilho nostálgico nos olhos.
Ryuzen: "Aproveitando que estamos aqui... seus pais provavelmente não te contaram muita coisa sobre o mundo, né? Logo, logo, você vai aprender a usar o que chamam de ZOCHI — essa energia que transforma tudo em poder. Quando eu era mais jovem, dominava isso muito bem. Bons tempos... tive muitas aventuras".
Dhruik:" Haha, nem parece, vovô".
Ryuzen:" Tá rindo de quê, moleque? Ryuzen soltou uma risada rouca e grossa. — Ainda vai ver... Eu era uma lenda, sabia?
Dhruik: Acabei!
Disse Dhruik, terminando o café e se levantando.
Ryuzen pegou um pequeno saco de moedas e colocou sobre a mesa antes de se levantar também.
Ryuzen: " Quero que vá ao ferreiro, naquele lugar que nós fomos uma vez. Não vai muito longe, só fala que é sobre a adaga que ele vai entender.
Dhruik: "Tá bom.
Ele pegou o saco de moedas e abriu a porta, sentindo o ar fresco da manhã.
Ryuzen: "Espera aí, moleque.
Ryuzen segurou-o e entregou-lhe uma capa com capuz. __"É bom você andar com isso por enquanto".
Dhruik olhou para a capa por um momento antes de assentir, compreendendo que, mesmo sem ele entender completamente, o avô sabia o que era melhor.
No castelo, Neev veste uma túnica com capuz e calça suas botas, decidida a sair sem ser vista. Com passos leves e furtivos, ela se esgueira pelas sombras dos corredores até alcançar a saída sem que ninguém a perceba.
Já nas ruas movimentadas da cidade, ela puxa o capuz para cobrir o rosto e observa ao redor, e então avista Dhruik mais à frente. Mesmo escondido pelo capuz, ela reconhece o garoto e começa a segui-lo a uma distância segura, mantendo os olhos atentos em cada movimento dele.
Neev:__É aquele garoto!Onde será que ele tá indo?
Dhruik olha ao redor, fascinado com o tamanho e o movimento das ruas da cidade.
Dhruik:__Acho que vou aproveitar pra conhecer melhor a cidade... Caramba, ela é muito grande.
Ele explora as ruas, passando por lojas, barracas e casas que se estendem até onde sua visão alcança. Neev o segue sem ser notada, com curiosidade crescente. Até que, de repente, Dhruik para e leva a mão à cabeça, como se tivesse lembrado de algo importante.
Dhruik:__Caramba, quase ia me esquecendo! A adaga! Melhor eu ir logo antes que meu avô fique bravo.
Ele muda de direção e começa a correr em direção à ferraria, mas no caminho se distrai ao passar por um dojo, onde alunos treinam golpes rápidos e graciosos. Dhruik para por um instante, admirando as habilidades dos estudantes, enquanto Neev o observa de longe, sem deixar de se esconder.
Finalmente, Dhruik chega à ferraria e cumprimenta o ferreiro com um sorriso confiante.
Dhruik:" Oi, tio! Meu avô mandou eu vir aqui pra pegar uma faca."
O ferreiro sorri e balança a cabeça com um ar de quem já esperava o pedido.
Ferreiro:" Ah! Hehe, você deve estar falando da adaga. Aqui está, garoto. Boa sorte. — Ele entrega a adaga cuidadosamente embainhada".
Dhruik:" Obrigado!"
Dhruik agradece, pegando a adaga com cuidado e examinando-a com curiosidade.
Enquanto Neev continua a espiar, sentindo-se um pouco ansiosa, ela é surpreendida por um toque em seu ombro. Ela se vira assustada e se depara com seus irmãos, Daerion e Arannis, a observando com expressões de diversão.
Daerion:" Neev? Fugindo do castelo de novo? Daerion pergunta, um sorriso travesso se formando em seu rosto."
Neev dá um sorriso sem graça, mas antes que possa responder, Daerion a pega e a coloca nas costas, fazendo com que ela solta uma risadinha surpresa. Conforme ele a leva de volta, Neev percebe que Dhruik está olhando para ela de longe, com uma expressão confusa.
Dhruik:"Acho que a vi em algum lugar... Ou talvez não."
Chegando em casa, Dhruik tira a túnica e a estende cuidadosamente, o corpo cansado da correria pela cidade. O avô o observa com os braços cruzados, uma leve expressão de aprovação no rosto.
Avô:" Muito bem, garoto — comenta o avô com um tom de aprovação."
Dhruik:" Vô..."
Dhruik se aproxima.
Avô:"Fala."
Dhruik:"Me ensina a lutar! — pede Dhruik, os olhos brilhando de determinação."
O avô o encara, como se ponderasse o pedido. Após um momento de silêncio, ele responde com simplicidade:
Avô:"Não."
Dhruik:"Ah, vai, vô! Me ensina a lutar! — Dhruik insiste, sem se deixar desanimar."
Avô:" Não tenho tempo pra isso, garoto."
Diz o avô, virando-se para sair.
Dhruik continua insistindo, pedindo várias vezes, quase implorando. Finalmente, o avô suspira, jogando as mãos para o alto.
Avô: "Haaaa! Cacete tá bom!"
ele resmunga." Mas com uma condição! Você vai ter que fazer uma coisa primeiro, senão pode esquecer.
Dhruik sorri, animado: "Tá bom! O que eu preciso fazer?"
Então vamos, moleque!
diz o avô, pegando um saco de ferramentas.
Pra onde?
Dhruik pergunta, um pouco confuso.
Pro meu trabalho.
responde o avô, com um sorriso travesso. __Esse garoto tá lascado.
Pensa ele, mal segurando a risada.
Chegando na floresta, o avô tira dois machados da bolsa e entrega um a Dhruik.
Toma, moleque. Se não cortar cinco árvores, pode esquecer o treino!
Ele dá uma risada antes de se afastar, indo dividir alguns troncos de madeira.
Dhruik:__Caramba, isso vai ser difícil, mas eu quero ficar mais forte... não importa como!
Dhruik ergue o machado, mas ao desferir o primeiro golpe, a lâmina fica presa na madeira. Ele puxa com toda força e o machado se solta de repente, fazendo-o cair para trás. Ao longe, o avô ri, observando o esforço do neto com um olhar de quem já viu essa cena antes. Dhruik continua, determinado, mas a tarefa parece impossível; ele mal tem força para levantar o machado de novo.
Enquanto isso, Neev, seus irmãos, e alguns guardas chegam à antiga fortaleza onde ocorreu o ataque. O cenário é devastador, com montanhas de corpos, crateras no chão e a destruição espalhada por todos os lados.
Neev:__Como é que um garoto fez tanto estrago? Quando o vi pela janela parecia um garoto qualquer, mas... na rua, ele parecia totalmente diferente.
Arannis:"Coitado do garoto... tão novo, e teve sua vida virada de cabeça pra baixo do dia pra noite."
Diz para Daerion.
Daerion:"E ainda por cima, a cidade toda o odeia agora. Onde será que ele está?
Balança a cabeça em concordância.
Arannis:"Dizem que foi visto pela cidade, Eldoria não tem muitos Valaryon, não vai ser difícil encontrar alguém com aquela pele escura.
Comenta, pensativo.
Daerion:"Precisamos achá-lo rápido qualquer um pode tentar matá-lo. Ele é a única pessoa com informações dos invasores."
Arannis faz um gesto afirmativo. Arannis:"Provavelmente foi o Culto do Pecado. Eles são a seita que mais desejava capturar a criança... embora o motivo ainda seja um mistério. Há algo grande que eles estão tentando fazer."
Daerion:"Pode ser... lembro que, perto da invasão, houve uma descarga de magia primordial lá na fronteira. Isso não deve ser coincidência"
Daerion responde, coçando o queixo pensativamente.
Neev ouvia toda a conversa atentamente, embora tivesse apenas sete anos. Ela parecia absorver cada palavra, como se entendesse o peso daquela situação. Com a inspeção terminada, o grupo decide retornar à cidade de Eldoria.
Na floresta, a noite cai, e Dhruik ainda está cortando árvores, exausto mas determinado. Ele chega finalmente à última árvore e, com um último esforço, desfere o golpe final. O avô, que havia tirado um cochilo numa cadeira perto de uma cabana improvisada, acorda com o estrondo da árvore caindo.
Avô:" Haha! Então você conseguiu mesmo..." ele ri, orgulhoso.
"Garoto? Garoto?"
Ele se aproxima, coçando a cabeça ao ver Dhruik desmaiado de cansaço.
"Hii não é que o moleque desmaiou?"