Bryce não teve tempo nem de descansar da viagem. Tendo em vista que a sua presença na empresa era urgente.
Da portaria do edifício da companhia aos escritórios dos demais executivos, o alvoroço era grande.
Todos estavam à espera do bilionário para iniciar aquela que seria a reunião mais importante do grupo.
Antes mesmo de Bryce enfrentar judicialmente os tribunais, ele precisou enfrentar o julgamento dos seus, até então, subordinados.
Mas se engana quem pensa que o CEO da Barton-Grant enfrentou seus acusadores de cabeça baixa.
— Seremos realistas, meus senhores… Apesar dos graves erros cometidos, se não fosse pela minha competência, essa empresa nunca teria se tornado o que ela é hoje — disse num grau de estresse alto.
Apesar de ter rebatido muito bem as acusações contra ele, não teve jeito; Bryce acabou sendo destituído do seu cargo.
O intuito dos acionistas era desvincular a imagem do bilionário da empresa e assim evitar um total colapso.
Entretanto, o estrago já estava feito. Isso porque já no início do dia, o valor das ações de mercado da companhia despencaram.
Tudo o que havia acontecido com Aisha, anos antes, agora estava acontecendo com Bryce - a diferença era que o bilionário permaneceria no país e enfrentaria o que viria pela frente.
Bryce foi afastado da empresa e processado. Sendo que não demoraria para que também fosse julgado.
Entre todos os dirigentes que se diziam amigo do bilionário, Christopher foi o único que permaneceu ao seu lado.
O jovem executivo pediu demissão do seu cargo e declarou publicamente apoio ao amigo.
Apesar da breve "discussão" com Christopher, por conta do seu pedido de demissão, Bryce sentiu-se feliz com a demonstração de lealdade do amigo.
— Não deveria ter tomado essa atitude… Era o cargo que você batalhou por muito tempo para conquistar. Agora, terá que começar tudo de novo, em outro lugar.
— Nossa amizade vem primeiro, amigo! — disse Christopher, pondo a mão sobre o ombro do bilionário. — Sei que cometeu erros graves no passado, mas, agora, está tentando consertar tais erros… Eu não poderia continuar na empresa como se nada tivesse acontecido.
Em sinal da lealdade e da amizade Christopher e Bryce se abraçaram.
Dando-se conta da ruína do marido, Marie repensou sua situação com ele e resolveu desistir da relação que os "unia".
Pelo o que Marie já havia percebido, Stephen, herdeiro de uma inestimável fortuna, encontrava-se disposto a assumir o filho que ele esperava.
Ele foi o primeiro homem que ela olhou com outros olhos depois do Bryce. Sendo assim, nada melhor do que juntar o útil ao agradável.
"Pra que continuar brigando por alguém que não me ama, e que ainda por cima se encontra arruinado?", concluiu a meia-irmã de Aisha.
O comportamento de Marie, após o escândalo da Barton-Grant, serviu para demonstrar que o que ela sentia pelo marido Bryce, não passava de uma enorme obsessão, na verdade.
O dia do julgamento chegou, e como esperado, Bryce acabou sendo condenado.
Embora o bilionário não tenha sido encarcerado, os custos de indenizações e do processo chegaram a valores estratosféricos.
Bryce estava disposto a pagar o que foi determinado em juízo.
Nem Eva, nem Aisha, nem tampouco Marie estiveram presentes durante a audiência do bilionário.
Mas, apesar de não ter comparecido ao julgamento do amado, a executiva não deixou de sentir preocupação por ele.
— Como será que anda o julgamento do Bryce, Eva?
— Só estando lá para sabermos, minha querida!
— Sei que ele foi inescrupuloso comigo, me enganando e me roubando. Mas… o que posso fazer se o amo? Não quero que sua pena seja a prisão, Eva. Não quero!
— Vamos orar para que isso não aconteça, filha! — declarou a mulher, fazendo um gesto para que a enteada se juntasse a ela ao redor da nessa mesa, para que fizessem uma corrente de oração.
A enteada juntou-se à madrasta, entretanto, não conseguiu concentrar-se e acabou deixando-a rezando sozinha.
Aqueles que se diziam verdadeiros amigos do Bryce, também não compareceram ao tribunal, exceto Christopher.
Sem fazer questão de voltar à empresa, que outrora daria o sangue para realizar algum negócio, Bryce decidiu dar um tempo na sua vida agitada de executivo.
Algum tempo depois da conclusão do processo que envolvia a Barton-Grant, Aisha teve seus bens restituídos com juros e correção monetária.
Fora isso, os acionistas chegaram a um consenso e elegeram a executiva como a mais nova CEO do grupo hoteleiro.
Aisha foi contactada sobre a decisão do conselho através de conferência online, entretanto, acabou não aceitando o cargo.
Assim como Bryce, Aisha pretendia dar um tempo no mundo corporativo e dedicar-se a outras áreas.