— "A IGREJA DA LUZ BRANCA ESTÁ AQUI!" — O grito ecoava pela pequena vila, atravessando a noite com uma urgência frenética.
O cenário era um caos. As casas queimavam, e o cheiro de fumaça misturava-se ao de sangue. Candel, com apenas 12 anos, corria desesperado pelas casas, seu coração batendo com força. Em uma tenda escura, ele viu sua mãe, Elena, sendo arrastada por homens encapuzados da Igreja da Luz Branca. Ela lutava com todas as forças, mas era em vão.
— "Não, por favor, não!" — Elena implorava, mas seus gritos eram abafados pelos risos cruéis dos invasores.
Candel estava escondido, mas seus olhos estavam fixos na cena horrível. O terror tomou conta de seu corpo quando um dos homens se virou para ele e o olhou com desprezo. Candel tentou se mover, mas suas pernas pareciam coladas ao chão.
O homem deu um passo em direção a ele, mas o grito de sua mãe a fez voltar a sua atenção. O som do abuso, o desespero em seus olhos, e a cena final em que ela foi brutalmente assassinada—tudo isso estava gravado na mente de Candel como um pesadelo eterno.
Candel acordou abruptamente, o coração acelerado e o corpo coberto de suor. Ele se sentou na cama com um grito, o medo ainda palpitando em seus olhos. Seus colegas de dormitório acordaram com o som, olhando em volta confusos.
— "Candel, o que aconteceu?" — perguntou um dos colegas, sua voz cheia de preocupação.
Candel olhou ao redor, sua respiração ainda descompassada. — "Foi só um pesadelo," ele murmurou, tentando acalmar a si mesmo e aos outros. — "Desculpem."
Enquanto tentava se recompor, um dos colegas leu o jornal recebido pelo conselho estudantil. Candel, ainda agitado, começou a ouvir. Seus olhos se arregalaram ao ver a manchete.
— "A 1ª Divisão de Valtara subjugou uma base importante dos inimigos Hondrianos," leu ele em voz alta. — "Beatriz Rezende foi destaque, dizimando sozinha 30% das forças inimigas!"
Os colegas murmuraram em aprovação e surpresa. A notícia estava em destaque, e a atuação de Beatriz era evidente. Candel sentiu uma mistura de admiração e frustração. Ele se lembrava de Beatriz, e sua própria falta de habilidades o fazia sentir-se inadequado.
...
As aulas estavam se mostrando desafiadoras para Candel. Cada exercício envolvia a manipulação de fótons de alguma forma, e Candel se via lutando para entender e aplicar as técnicas. Seus colegas, que eram mais talentosos, progrediam rapidamente, enquanto Candel se sentia cada vez mais impotente.
— "Você precisa concentrar a luz, Candel. Não é apenas sobre força bruta," explicou um instrutor, frustrado com a falta de progresso de Candel.
— "Eu sei!" Candel respondeu, irritado. — "Mas não consigo fazer isso!"
Os outros cadetes observavam com um misto de curiosidade e simpatia. Alguns tentavam ajudar, mas a frustração de Candel estava crescendo. Ele sentia que estava sempre um passo atrás, e isso só aumentava seu ressentimento.
...
No intervalo, Candel estava andando tranquilamente, afundado em seus pensamentos. Até que cruza olhar com um garoto que não parava de o encarar, Julius Leonhart, um cadete conhecido por seu controle impressionante de frequência e habilidades como atirador. Julius estava conversando com alguns amigos quando Candel, ainda frustrado, esbarrou nele.
— "Ei, tome cuidado onde pisa!" Julius exclamou, olhando para Candel com desdém.
— "Desculpe, não vi você," Candel respondeu, tentando manter a calma.
Julius não parecia satisfeito com a resposta. — "Você realmente acha que pode ficar por aqui sem se destacar em nada? Só porque você não pode usar fótons não significa que pode usar a força para tudo."
A provocação foi o suficiente para que Candel perdesse a paciência. — "Vai se foder, seu merda!"
A briga rapidamente escalou. Os dois começaram a se empurrar. Até que um combate real havia começado. Candel desferiu um soco crítico no estômago de Julius, o deixando caído do outro lado da academia, quebrando várias paredes no processo.
— "Seu merdinha...! Você vai me pagar!!" — Julius estava furioso.
Sem ligar para as consequências, os dois começaram um combate real, sem precendentes. Julius disparava várias rajadas de luz de cor azul escura, mostrando seu alto talento e poder de fogo.
Mas isso não era nada para a velocidade inumana de Candel. Ele desviou de todos os disparos e então estava prestes a acertar um chute mortal em Julius, até que Locus para os dois.
— "Os dois, na diretoria. JÁ!"
...
Candel e Julius foram chamados para a diretoria. Ambos estavam visivelmente irritados e ofegantes, com sujeira e poeira cobrindo suas roupas.
— "O que vocês dois têm a dizer por si mesmos?" — perguntou Locus, o instrutor, com um olhar severo.
— "Ele começou." Candel protestou, apontando para Julius.
— "Ele estava me provocando!" Julius retrucou, tentando se justificar.
Locus suspirou profundamente e cruzou os braços. — "O que aconteceu aqui é inaceitável. Vocês causarão um grande estrago se não aprenderem a trabalhar juntos."
Candel e Julius se entreolharam, ainda com raiva.
— "O que você sugere que façamos?" Julius perguntou, com um tom desafiador.
Locus olhou para ambos e fez uma proposta. — "Vocês terão aulas privadas comigo. É hora de aprender a usar seus estilos de combate opostos para se complementarem. Candel, você é forte, rápido e resistente. Julius, você tem um controle de frequência absurdo. Trabalhar juntos pode mostrar a vocês que a colaboração pode ser tão importante quanto a força."
Ambos olharam para Locus com expressões de desdém, mas sabiam que não tinham escolha.
...
No final do dia, enquanto Candel tentava se ajustar à nova rotina, a porta da sala se abriu. Uma nova garota entrou.
— "Olá, sou Lysandra. Acabei de me transferir para esta turma," ela disse, olhando ao redor com um sorriso tímido.
O olhar de Candel se fixou nela, seus olhos se arregalando com um misto de surpresa e confusão. Lysandra tinha uma aparência semelhante à sua mãe, e a semelhança era suficiente para fazê-lo sentir uma onda de emoções.
— "Lysandra?" Candel murmurou, mais para si mesmo do que para os outros.
Lysandra olhou para Candel, um pouco surpresa pela reação dele. — "Sim, é meu nome. Você... está bem?"
Candel se forçou a recuperar a compostura. — "Sim, estou. Apenas... Bem-vinda à turma."